O 1º Batalhão de Infantaria Pára-quedista (1ºBIPara) inicia esta semana o deslocamento para o Kosovo onde vai permanecer por seis meses integrado na Kosovo Force, a força da NATO que ali actua. O “Operacional” apresenta a sua organização e, pela objectiva do Alfredo Serrano Rosa, mostra a cerimónia de entrega do Estandarte Nacional no Regimento de Infantaria n.º 15.

O Major-General Raul Cunha, comandante da Brigada de Reacção Rápida entrega o Estandarte Nacional ao Tenente-Coronel Paulo Abreu, comandante do 1º BIPara.

Aproveitando esta última cerimónia militar em território nacional, momento que se reveste sempre de elevado simbolismo (ver a este propósito: NOVOS CONTINGENTES PARA KOSOVO E AFEGANISTÃO), aqui fica a reportagem fotográfica e ainda alguns apontamentos sobre a organização , missão e o rico passado histórico do batalhão nestas novas missões das Forças Armadas Portuguesas.
O 1º BIPara em “ordem de batalha” tem outro efectivo e organização, com 4 companhias (3 de pára-quedistas e 1 de comando e apoio) e um efectivo bem acima dos 500 militares. É uma unidade operacional que está “desenhada” para combater em diversos tipos de operações e em enários de alta, média ou baixa intensidade. A doutrina diz que além de chegar ao campo de batalha através de um assalto aéreo por salto em pára-quedas ou aterragem de assalto, pode (utilizando uma expressão  habitual hoje em dia no meio militar) “actuar em todo o espectro de missões” da infantaria.
A organização agora adoptada, para missão no Kosovo, é naturalmente diferente do que seria para emprego no Afeganistão nos dias de hoje, numa operação “tipo Iraque” ou uma intervenção de emergência em África.
Para esta missão expedicionária no Kosovo os batalhões portugueses (independentemente da brigada a que pertencem: BrigInt, BrigMec ou BrigRR) têm a organização adaptada à missão – Reserva Táctica do Comando da KFOR ou em inglês KTM / KFOR Tactical Reserve Manoeuvre Battalion -, bem assim como o equipamento e efectivo. A composição do batalhão, este como os anteriores, obedece por vezes a algumas “nuances” nacionais, como a integração de militares vindos das Regiões Autónomas e um destacamento de operações especiais. Não só mas também por tudo isto, estas unidades costumam usar não a sua designação de origem, digamos “pura” por facilidade de expressão, mas uma sigla do género: 1BIPara/FND/KFOR. Ou seja, o 1º Batalhão de Infantaria Pára-quedista / Força Nacional Destacada / Kosovo Force.

Este Estandarte Nacional já acompanhou o 1ºBIPara por Timor, Bósnia, Kosovo, Afeganistão e foi condecorado pelo Presidente da República em 2009 com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos.

O MGen Raul Cunha cumprimenta o Sargento-Mor Farinha na presença do Comandante do RI 15, Coronel César Fonseca

O Sargento-Ajudante José Carlos Major, 46 anos de idade, 25 anos de serviço, é um bom exemplo da experiência em missões internacionais que muitos quadros das Forças Armadas Portuguesas têm hoje. Será que este esforço se reflecte nas carreiras dos Quadros Permanentes?

Os batalhões expedicionários no Kosovo incluem um Destacamento de Operações Especiais do Centro de Tropas de Operações Especiais da Brigada de Reacção Rápida.

Depois de receber o Estandarte Nacional das mãos do comandante da BrigRR, o TCor Paulo Abreu procede à sua entrega ao Porta-Estandarte do 1ºBIPara.

Organização
Para esta missão, o 1ºBIPara reorganizou-se com um efectivo de cerca de 300 militares. Além de pessoal proveniente de outras unidades para funções de Estado-Maior e áreas técnicas do apoio de serviços, o 1ºBIPara recebeu de reforço o Esquadrão de Reconhecimento da BrigRR, o Destacamento de Operações Especiais 16 do Centro de Tropas de Operações Especiais e um Pelotão do Regimento de Guarnição nº 3 da Zona Militar da Madeira que se constitui no Pelotão de Reconhecimento da Companhia ALFA.
A estrutura do 1º BIPara/FND/KFOR apresenta um comando e estado-maior; elementos de ligação à força multinacional; um destacamento de operações especiais no módulo de apoio; uma companhia de comando e apoio e duas companhias de manobra. A Companhia de Comando e Apoio (ALFA) tem valências de Reconhecimento, Transmissões, Engenharia, Apoio Sanitário, Manutenção, Reabastecimento e Serviços; a Companhia de Pára-quedistas 11 (BRAVO) é integralmente oriunda do 1º BIPara e a Companhia de Atiradores (CHARLIE) tem pessoal oriundo da Companhia de Pára-quedistas 12 do 1º BIPara e do Esquadrão de Reconhecimento da Brigada de Reacção Rápida.

Para muitos dos militares do 1º BIPara será mais uma missão, mais um Natal longe das Famílias. Para outros será uma estreia, quem sabe a primeira de muitas.

Na KFOR o 1º BIPara vai actuar em todo o território do Kosovo e, se necessário, na Bósnia-Herzegovina

Missão
O 1º BIPara/FND/KFOR sob o comando do Tenente-coronel de Infantaria Pára-quedista Paulo Abreu parte em Setembro, “passa o Natal” no Kosovo e regressará em Fevereiro de 2011. É composto por 29 oficiais (28 do Quadro Permanente e 1 Contratado), 56 sargentos (47 do QP e 9 RC) e 209 cabos e soldados, todos RV/RC.
No Kosovo o contingente português está baseado junto a Pristina actuando como força de reserva permanente e de primeira intervenção do Comandante da KFOR (COMKFOR), preparado para conduzir operações militares destinadas a garantir à manutenção de um ambiente seguro em toda a Área de Operações do Kosovo, com prioridade de emprego na região de Mitrovica e na Área de Responsabilidade do Multi-National Battle Group-North, podendo ainda, se necessário, ser empregue na Bósnia-Herzegovina.

A Companhia "BRAVO" sob o comando do Capitão Carvalho é integralmente composta por militares pára-quedistas.

O 1º BIPara recebeu pessoal de outras armas e serviços do Exército para esta missão expedicionária.

De Bissalanca a Cabul
O 1º BIPara, aquartelado em Tomar no Regimento de Infantaria n.º 15, já é um veterano nestas missões “de Paz”. Cumpriu sete missões no âmbito das Forças Nacionais Destacadas (FND), e enviou um Pelotão da 11ªCompanhia de Pára-quedistas participar numa operação de evacuação de cidadãos nacionais, em que foram repatriados, em avião C-130 Hércules, cerca de 5 dezenas de portugueses, a partir do aeroporto de Bissalanca (Guiné-Bissau), em 10 de Fevereiro de 1999.
As missões como FND que cumpriu, foram realizadas nos Teatros de Operações (TO) dos Balcãs, em Timor – Leste, e no Afeganistão.
No 1º semestre de 1998 participou, com um efectivo de 327 militares, na missão da NATO na Bósnia-Herzegovina (SFOR), como parte da Brigada Multinacional Norte, sediada em Sarajevo, sob liderança Italiana.
No 1º semestre de 2000, destacou 707 militares para Timor-Lorosae, integrando a missão das Nações Unidas nesse Território (UNTAET), tendo-lhe sido atribuída uma área de responsabilidade no Sector Central, que incluía a capital Díli. O Batalhão foi a primeira Força Portuguesa, após a intervenção da ONU se ter iniciado, a cumprir missão neste TO da Oceânia.
No 2º semestre de 2001, participou com um efectivo de 352 militares, na missão de Reserva Operacional Terrestre do COMSFOR, no TO da Bósnia-Herzegovina.
No 1º semestre de 2003, participou com um efectivo de 290 militares, na Operação “JOINT FORGE” na Bósnia-Herzegovina, como elemento de manobra do “Multinational Battle Group”. Recebeu para o efeito uma Companhia da Eslovénia sob controlo operacional.
Em 2005, decorrente dos compromissos assumidos por Portugal na conferência de geração de forças para a NATO Responses Force 6 (NRF 6), o 1BIPara treinou tarefas específicas para cumprir a missão de “entry force”, inserido na 19 Light Brigade (UK), que se constituiu como “Land Component Comand” da NRF6.
Durante o 1º semestre de 2006, o 1BIPara ficou em prontidão operacional de 5 dias de NTM (Notice to move), para cumprir missões no âmbito da NRF 6, em qualquer local do mundo.
Em virtude de o efectivo do Batalhão para a NRF 6 ser de 637 militares, permitiu que no 2º semestre de 2006, o Batalhão gerasse duas FND’s. Uma destinada ao Kosovo com 290 militares, como Reserva Táctica do Comandante do TO, e outra com 149 militares para o TO do Afeganistão, como Força de Reacção Rápida.
No rescaldo da autoproclamada independência do Kosovo, em início de 2008, o 1BIPara voltou novamente a assumir a missão de Reserva Táctica do Comandante da KFOR.
No 1ºSemestre de 2009, o Batalhão atribuiu de reforço a 11ª Companhia de Pára-quedistas ao 2BIPara – aquartelado em Aveiro – por este estar a cumprir missão de prontidão no âmbito da NRF 13.

O Regimento de Infantaria n.º 15, unidade com um rico passado histórico que remonta ao inicio o século XIX, é hoje, no quartel inaugurado em 1964, a casa do 1º Batalhão de Infantaria Pára-quedista da Brigada de Reacção Rápida.

A partir de 7 de Setembro de 2010 o 1ºBIPara/FND/KFOR parte para o Kosovo onde vai render outro batalhão de pára-quedistas da Brigada de Reacção Rápida, o 2º BIPara que agora vê os seus 6 meses de missão terminados.

Bom regresso à Pátria ao 2º BIPara e Boa Missão ao 1º BIPara, são os desejos do “Operacional”.