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REPÚBLICA CENTRO AFRICANA: APOIO “DE RETAGUARDA” AOS PÁRAS

Por • 9 Jul , 2018 • Categoria: 04 . PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XXI, EM DESTAQUE Print Print

Os paraquedistas portugueses na República Centro Africana têm sido repetidamente notícia e por boas razões! As operações de combate contra grupos armados, a protecção de comunidades atacadas, os elogios recebidos quer na RCA pela hierarquia das Força das Nações Unidas – a MINUSCA – quer em Portugal pelo poder político e chefias militares, aparecem na imprensa nacional e mesmo internacional.

Pode parecer estranha esta foto para abrir um artigo, mas hoje o Operacional mostra o “pessoal do apoio”, aqueles que permitem aos que estão na linha da frente ter as melhores condições possíveis, com os meios disponíveis, para combater e cumprir a missão atribuída.

Esta realidade tem várias explicações que vão da formação ao treino dos militares envolvidos, do seu comando e qualidade “dos quadros” à generosidade e espírito de sacrifício “da tropa”. Mas muitas vezes passa despercebida uma outra realidade, a que vamos abordar hoje! Como sempre nas operações militares, alguém tem que criar condições para que os operacionais combatam. Quem são então na RCA os homens e mulheres que raramente são falados mas que garantem o funcionamento da Força Nacional Destacada?

Desde logo o Comando e o Estado-Maior, com o Comando a fazer o acompanhamento directo de todas as actividades operacionais, logísticas e seu planeamento, e o Estado-Maior, ali articulado nas áreas de Informações, Recursos, Operações, Finanças e Ligação. As Informações e as Operações desenvolvem um trabalho meticuloso na preparação e condução das operações; na área dos Recursos a “logística” e o “pessoal” encontram-se fundidos, cabendo-lhe a colocação de recursos, na quantidade necessária, em tempo e no local designado e em condições da componente operacional – os três pelotões de paraquedistas que enfrentam os inimigos de armas nas mãos – cumprir as missões atribuídas.

O comandante da FND coordena com o Controlador Aéreo Avançado da Força Aérea (Forward Air Controller/Joint Terminal Attack Controller), mais uma missão …algures na RCA.

O 2.º Comandante (em pé) e o Oficial de Recursos no Estado-Maior da FND em Bangui.

Bambari, a 400 km de Bangui. A manutenção permanente do armamento é uma necessidade absoluta, aqui a relativa aos utilizadores (1.º escalão).

A área das Finanças é fulcral num país onde os recursos são escassos e constantemente é feito um esforço adicional para aquisição de bens no mercado local, com todos os constrangimentos associados à situação que ali se vive – segurança, corrupção, etc. – bem como lidar com o levantamento de elevadas quantias em dinheiro em bancos com condições muito precárias.

A Ligação, através do seu “oficial de ligação” é de extrema importância, para os contactos com o escalão superior e vice-versa, sendo os ouvidos e a voz do Comandante da Força em todos os momentos que este não esteja presente, actuando por exemplo no Centro de Operações Tácticas da Força Multinacional.

O Módulo Sanitário, acompanha as missões tácticas, tem as suas rotinas diárias, nomeadamente as tarefas inerentes ao tratamento e prevenção de todo o tipo de riscos epidemiológicos associados às limitadas condições sanitárias naquele Teatro de Operações e que poderão com facilidade ser a causa de militares indisponíveis para o cumprimento da missão, estando constantemente a implementar planos preventivos para a força.

Acção real da 3.ª FND / MINUSCA, incluindo o seu Módulo Sanitário, no apoio a populares feridos num acidente de viação.

O Módulo de Transmissões que mantém em permanência o funcionamento das comunicações (H24), com o comando da MINUSCA, para Portugal e com as forças no terreno. Garante a manutenção de todos os equipamentos rádios, satélite, informáticos etc. e ainda providencia dentro do possível um serviço de internet para a área do moral e bem-estar da força, a ligação ao mundo – sobretudo às Famílias – dos militares em missão.

A Equipa EOD – simplificando, quem procede à neutralização de explosivos e armadilhas – além de acompanhar as missões tácticas, mantém em simultâneo a sua valência na área de engenharia (construções) reforçando a área de manutenção do campo com diversas tarefas de manutenção e mesmo da sua melhoria.

A Equipa EOD faz a manutenção do seus equipamentos, aqui o canhão disruptor RE-70.

Mas também se aplica na área das construções.

E…aqui, todos ajudam, trata-se de melhorar as instalações.

Reforço da protecção no perímetro de Bambari.

O Destacamento de Controlo Aéreo Táctico da Força Aérea, denominado oficialmente por Tactical Air Control Party que além do empenhamento operacional, coordena e treina as suas capacidades para dar apoio às evacuações aeromédicas com helicópteros MI-17 e helicópteros de combate da MINUSCA. Executam reconhecimentos aéreos de elevada importância no planeamento de operações futuras com estreita ligação aos meios aéreos disponíveis na força multinacional.

O Módulo de Alimentação, que além do seu trabalho “como num quartel” tem que se adaptar em permanência à por vezes bem complexa manobra de fazer chegar alimentação a toda a força onde ela actua. Naturalmente a prioridade é o empenhamento táctico e os horários nestes casos são em sua função o que exige grande flexibilidade de todos e espírito de bem-servir os outros. Quem já andou em missões sabe bem a importância critica que tem a alimentação! Além do seu trabalho normal e deste apoio directo às operações, são mais e variadas as suas actividades, algumas senão mesmo todas, com enorme importância no moral da força. Dias festivos com ementa melhorada e a disponibilidade que existe H24 de ter permanentemente a messe à disposição para os militares fazerem pequenas refeições intervaladas, são dois desses aspectos. Este Módulo também apoia a Secção Financeira aquando dos movimentos para aquisição e levantamento de bens alimentares no mercado local e na Base logística da MINUSCA. Não param!

O Módulo de Alimentação opera quer na Base em Bagui quer nas projecções para o interior onde acompanha os pelotões operacionais.

O Módulo de Alimentação projectado para Bambari em acção.

O Módulo de Manutenção sempre em permanente prontidão para adaptar, manter e reparar as cerca de 56 viaturas de várias tipologias, bem como todo o armamento da força, que em primeiro escalão é feito pelos utilizadores, mas em caso de avaria será na área da manutenção através dos mecânicos de armamento. Não é nada fácil garantir a manutenção e reparação das viaturas quer devido ao desgaste, pela permanência de tempo em TO quer pelo desgaste operacional, como foi o caso recente da última operação de combate na cidade de Bangui em que várias viaturas ficaram danificadas tanto pelos projécteis disparados contra elas, como pela ultrapassagem de obstáculos no terreno. As operações na RCA são de extrema exigência para as pessoas mas também para o material!

A mobilidade da força assenta na disponibilidade diária dos meios auto. Sem este trabalho continuo..não há operações.

A FND actua com as viaturas disponíveis no teatro de operações e tem que garantir com os seus meios a sua operacionalidade, ali não há facilidade de receber apoio rápido vindo de Portugal ou do exterior.

As viaturas blindadas não só não são novas como já foram usadas pelos anteriores contingentes na RCA que é um TO muito exigente também para o material, como algumas já foram alvejadas e tiveram que derrubar obstáculos no decurso de confrontos.

O Módulo de Reabastecimento e Serviços tem responsabilidades em toda a área do campo M’ POKO (a base portuguesa junto ao aeroporto internacional com o mesmo nome), nomeadamente nas suas instalações, controla todo o material à carga, é responsável pelo reabastecimento das viaturas e todo material necessário para a vivência de 159 militares. Como já foi referido conta com o apoio dos elementos de engenharia (EOD) para executarem várias tarefas de manutenção e melhoria do campo. Em coordenação com a área dos Recursos do Estado-Maior desenvolvem todas as operações logísticas associadas, nomeadamente quando chega material vindo de Portugal. Prepara e acompanha todas as projecções da força operacional para fora de Bangui, o que acontece com alguma frequência.

O C-130 na parede não engana, chegar à RCA só por via área, mas claro que desde Portugal isso só em caso de emergência ou algum apoio muito especifico programado. A força é apoiada pelo “canal Nações Unidas”, pelo “mercado local” e por meios fretados em caso de necessidade. Esta é uma operação das Nações Unidas que tem essa responsabilidade mas também é verdade que Portugal não tem capacidade para apoiar regularmente com meios militares uma Força Nacional Destacada a esta distância.

É este conjunto de 63 homens e 6 mulheres que contribui discretamente mas com muito trabalho e competência para o sucesso de toda a 3.ª Força Nacional Destacada (Conjunta) e o bom nome de Portugal naquelas paragens.

 

Sobre a actividade das tropas portuguesas na RCA, clique e leia também no Operacional:

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