A Guarda Nacional Republicana vai receber novas espingardas automáticas, um reforço significativo da sua capacidade para enfrentar situações de terrorismo e criminalidade violenta. A escolha recaiu nas Heckler & Koch calibres 5,56mm e 7,62mm em várias versões. Neste início de 2019 será recebido um primeiro lote das armas que seleccionou para fazer frente, com maior segurança e eficácia, às situações mais violentas que os seus militares podem ter que enfrentar.
As novas espingardas
Foi um processo muito rápido – para os nossos padrões – que decorreu da Lei de Programação de Infraestruturas e Equipamentos das Forças e Serviços de Segurança do Ministério da Administração Interna, elaborada no final de 2016 e publicada em Diário da República no início de 2017, estando em vigor por cinco anos, até 2021.
As espingardas de assalto adquiridas são as HK 416 A5, calibre 5,56mm e as HK 417 A2, calibre 7,62mm. No mesmo lote inicial deste programa de rearmamento serão também entregues espingardas de precisão HK G-28, calibre 7,62mm, lança-granadas HK 269 que podem ser acoplados nas espingardas ou usados como arma individual e utilizam munições 40mm letais e não-letais e ainda pistolas-metralhadoras HK MP 5 N e HK MP 5 A5 calibre 9mm, estas últimas bem conhecidas das diversas forças e serviços de segurança em Portugal. As espingardas de precisão HK G-28, por vezes também designadas “sniper”, vão ser equipadas com alças telescópicas Schmidt & Bender.
Este novo armamento é igual ao que está em uso no Centro de Treino de Operações Especiais/Força de Operações Especiais, da Brigada de Reacção Rápida do Exército Português, que o começou a receber em 2013 e que em breve – previsivelmente este ano – conclui esta componente do armamento individual o seu Plano de Implementação das Forças de Operações Especiais (PIFOE), o que aliás foi por nós abordado no artigo EM LAMEGO COM AS OPERAÇÕES ESPECIAIS DO EXÉRCITO (I) [3]. As Operações Especiais do Exército usam actualmente este seu armamento no Afeganistão onde mantêm uma Special Operations Land Task Unit no âmbito da participação portuguesa na Resolute Support Mission da OTAN.
E a “nova arma ligeira” para o Exército?
Este processo de aquisição da nova arma é longo e cheio de peripécias como tem sido público. Depois de concursos anulados ou adiados que previam a compra de armas para os três ramos das Forças Armadas, agora o que parece estar para breve (?) é a decisão sobre a compra de 10.000 “espingardas de assalto” calibre 5,56mm, 600 “espingardas de assalto” calibre 7,62mm e 450 “espingardas de precisão” calibre 7,62mm, todas para o Ramo terrestre.
Não vamos neste artigo abordar este tema, mas apenas lembrar alguns casos que julgamos merecem atenção. Em Portugal já nos referimos às Operações Especiais do Exército e agora à Guarda Nacional Republicana que em pouco tempo seleccionaram e adquiriram o armamento que necessitavam. Olhando para fora, vemos situações de países que optaram por comprar armas de fabrico estrangeiro, em números de largos milhares, como França, Holanda e Noruega, tudo países da NATO, e cujos processos decorreram de forma transparente e rápida, sem recurso à NATO Support and Procurement Agency (NSPA), que foi opção politica portuguesa. Nestes três casos foram feitos concursos públicos internacionais, testaram as armas e escolheram!
A Noruega adquiriu a partir de 2008 a HK 416 calibre 5,56mm [9] e a HK 417 calibre 7,62mm como arma “sniper” [10] para os três ramos das Forças Armadas.
França optou, depois de exaustivos testes e reprovação dos concorrentes, pela “HK 416 F” calibre 5,56mm [11]. As primeiras armas foram distribuídas em Junho 2017, 3 anos apenas depois de iniciado o concurso público internacional e no total serão distribuídas 93.080 HK 416 entre 2017 e 2028 para os três ramos das Forças Armadas.
A Holanda não divulgou números mas foi já em 2018 que se soube iria equipar com a HK 416 A5 calibre 5,56mm e algumas HK 417 calibre 7,62mm [12] o Corpo de Tropas Comandos – Korps Commandotroepen (KCS) a Força de Operações Especiais do Corpo de Fuzileiros (Korps Mariniers) e na Real Marechaussee (tipo GNR, mas depende do Ministério da Defesa) a Brigade Speciale Beveiligingsopdrachten (BSB), num contrato de 17 milhões de US dólares o que equivale a dizer que são uns milhares de armas.
Concluindo
Na realidade a HK 416 e a HK 417, cada uma no seu calibre, são espingardas de assalto escolhidas por muitas forças em todo o mundo (uma simples busca no Google mostra isso!). Portugal já as tem nas Operações Especiais do Exército – que as usa no Afeganistão – e em números mais reduzidos na Força Aérea – os FAC usam-nas hoje na República Centro Africana – e no Grupo de Ações Tácticas da Policia Marítima.
A Guarda Nacional Republicana optou também por esta “família de armas” com provas dadas em combate e adoptadas por vários países da NATO não só em forças militares como policiais. Depois de em 2003 com a emergência do Iraque a Guarda ter sido confrontada com a falta de algum armamento e equipamento, agora, atempadamente, estão a ser equipados para fazer frente ao terrorismo – dentro das nossas fronteiras mas também no exterior se necessário – e à alta violência organizada.
Sobre esta temática leia também no Operacional:
NOVAS ARMAS E MIRAS ÓPTICAS APRESENTADAS EM PORTUGAL [17]
G-28 & MG-5 NA UNIDADE DE PROTEÇÃO DA FORÇA (I) [18]
G-28 & MG-5 NA UNIDADE DE PROTEÇÃO DA FORÇA (II) [19]
H&K 417 CALIBRE 7,62x51mm NATO [20]
Calibre 7,62mm versus 5,56mm [21]
A TP9/MP9 À EXPERIÊNCIA NO AFEGANISTÃO [22]
A “ARME INDIVIDUELLE FUTURE” SERÁ A H&K 416? TUDO INDICA QUE SIM, MAS… [11]
HOLANDA EQUIPA FORÇAS ESPECIAIS COM A HK-416 A5 5,56mm [12]
EM LAMEGO COM AS OPERAÇÕES ESPECIAIS DO EXÉRCITO (I) [3]
EM LAMEGO COM AS OPERAÇÕES ESPECIAIS DO EXÉRCITO (II) [23]