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RELATÓRIO “CHILCOT” SOBRE O IRAQUE, LIÇÕES PARA PORTUGAL

Por • 7 Jul , 2016 • Categoria: 01. NOTÍCIAS Print Print

Alguém imagina em Portugal que uma comissão realmente independente – dirigida por um reformado da função pública – pudesse avaliar e tirar ilações do empenhamento nacional em missões militares? Abordamos uma pequena mas importante parte do The Report of the Iraq Inquiry, que podia (devia!) ajudar Portugal a melhorar o seu envolvimento mas missões expedicionárias.

Capa Iraq Inquiry

The Report of the Iraq Inquiry apresentado no Parlamento britânico por Sir John Chilcot, em 6 de Junho de 2016, é mais uma lição de democracia impossível de ver na generalidade dos países democráticos. Tem muito que se lhe diga do ponto de vista político e é nessa medida que está a ter um forte impacto na opinião pública britânica, e de outros países envolvidos no conflito. Portugal é aliás citado por causa da cimeira nos Açores. Vários líderes mundiais de então já vieram a público dar explicações, algumas bem penosas de ouvir. Familiares de militares mortos em campanha – bem assim como algumas organizações da sociedade civil, e não só no Reino Unido – querem que se passe à fase da justiça, o que em boa verdade parece mais difícil.

Agora a leitura de alguns aspectos estritamente militares, devia dar que pensar por cá sempre que se decide o empenhamento de forças em operações expedicionárias e, a montante, quando se atribuem (ou cortam) recursos às Forças Armadas.

Pensando nas nossas missões, as que já se realizaram mas muito em especial nas que se aproximam, olhamos para as lacunas que as forças armadas britânicas apresentavam nas vésperas da intervenção no Iraque. Sendo conhecidas, ainda assim, não impediram a decisão governamental de empenhar os militares. Depois, no decurso da guerra, perante a evidência muitas vezes paga com sangue, as decisões de melhorar os equipamentos foram sendo tomadas, segundo o relatório, com lentidão muito superior ao que seria expectável.

O relatório é muito extenso (ver em baixo o índice geral e o dos capítulos aqui tratados), mas escrito e explicado de modo muito acessível, detalhando variadíssimos aspectos, das operações aos equipamentos, da organização operacional aos processos de decisão, e inclui um Executive Summary, do qual em tradução livre, se retiram algumas das conclusões:

«…De 2003 e 2009 as Forças Armadas do Reino Unido combateram no Iraque, com limitações importantes em áreas como a “protecção dos veículos”, “informações”, “vigilância do campo de batalha”, “aquisição de objectivos” e “apoio de helicópteros”;

(…)

Os atrasos em fornecer viaturas blindadas de transporte de pessoal com protecção adequada e a impossibilidade de fornecer às unidades britânicas capacidade ISTAR (Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and Reconnaissance) e apoio de helicópteros, não deveria ter sido tolerada;

O Ministério da Defesa foi lento em responder ao aumento da ameaça dos “explosivos improvisados” (IED), as capacidades de mobilidade para as unidades britânicas eram limitadas. Embora os estudos decorressem desde 2002, a aquisição de veículos adequados só se efectivou em 2006 depois de intervenção ministerial;

(…)

A decisão de empenhar forças no Afeganistão – em simultâneo com o Iraque – teve um real impacto material em algumas capacidades muito importantes para as unidades no Iraque, especialmente helicópteros e ISTAR…»

Ficamos ainda a saber, entre muitas outras coisas sobre a operação ao longo destas mais de 300 páginas dos três capítulos que aqui tratamos (assinalados a amarelo), todo o processo que vai da identificação dos materiais necessários – quer os previstos para o Sistema de Forças britânico, quer os que foram comprados como urgentes devido à evolução das operações no Iraque – à sua selecção, posterior aquisição e entrada ao serviço. É aliás muito bem explicada a situação dessas necessidades que se deparam no decurso das operações e que dão origem a aquisições com carácter de urgência. 

No inicio da operação, em 2003, o Reino Unido enviou para o Iraque uma força de 46,150 militares, número que foi reduzido para menos de 30.000 após os primeiros meses, tendo continuado sempre neste sentido decrescente, por exemplo em 2006, já andaria nos 7.000.

Até 2009, 178 militares britânicos e 1 civil do Ministério da Defesa, perderam a vida no Iraque.

Índice:

The Report of the Iraq Inquiry

Volume 1

Introduction

1.1  UK strategy 1990 to 2000

1.2  Development of UK strategy and options, September 2000 to September 2001

  1. Decision-making within government

3.1  Development of UK strategy and options, 9/11 to early January 2002

3.2  Development of UK strategy and options, January to April 2002 – “axis of evil” to Crawford

Volume 2

3.3  Development of UK strategy and options, April to July 2002

3.4  Development of UK strategy and options, late July to 14 September 2002

3.5  Development of UK strategy and options, September to November 2002 – the negotiation of resolution 1441

Volume 3

3.6  Development of UK strategy and options, November 2002 to January 2003

3.7  Development of UK strategy and options, 1 February to 7 March 2003

3.8  Development of UK strategy and options, 8 to 20 March 2003

Volume 4

  1. Iraq’s weapons of mass destruction

4.1  Iraq’s WMD assessments, pre-July 2002

4.2  Iraq’s WMD assessments, July to September 2002

4.3  Iraq’s WMD assessments, October 2002 to March 2003

4.4  The search for WMD

Volume 5

  1. Advice on the legal basis for military action, November 2002 to March 2003

6.1  Development of the military options for an invasion of Iraq

6.2  Military planning for the invasion, January to March 2003

Volume 6

6.3  Military equipment (pre-conflict)

6.4  Planning and preparation for a post-Saddam Hussein Iraq, mid-2001 to January 2003

6.5  Planning and preparation for a post-Saddam Hussein Iraq, January to March 2003

  1. Conclusions: pre-conflict strategy and planning

Volume 7

  1. The invasion

9.1  March to May 2003

9.2  May 2003 to June 2004

9.3  July 2004 to May 2005

9.4  June 2005 to May 2006

Volume 8

9.5  June 2006 to 27 June 2007

9.6  28 June 2007 to April 2008

9.7  May 2008 to October 2009

9.8  Conclusions: the post-conflict period

Volume 9

10.1 Reconstruction: March 2003 to July 2004

10.2 Reconstruction: July 2004 to July 2009

10.3 Reconstruction: oil, commercial issues, debt relief, asylum and stabilisation policy

10.4 Conclusions: Reconstruction

Volume 10

11.1 De-Ba’athification

11.2 Conclusions: De-Ba’athification

12.1 Security Sector Reform

12.2 Conclusions: Security Sector Reform

13.1 Resources

13.2 Conclusions: Resources

Volume 11

14.1 Military equipment (post-conflict)

14.2 Conclusions: Military equipment (post-conflict)

15.1 Civilian personnel

15.2 Conclusions: Civilian personnel

Volume 12

16.1 The welfare of Service Personnel

16.2 Support for injured Service Personnel and veterans

16.3 Military fatalities and the bereaved

16.4 Conclusions: Service Personnel

  1. Civilian casualties

Annex 1: Iraq 1583 to 1960

Annex 2: Glossary

Annex 3: Names and posts

Annex 4: Maps

Annex 5: How to read and navigate the Report

………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..

SECTION 6.3
MILITARY EQUIPMENT (PRE-CONFLICT)

Contents

Introduction and key findings 

Planning and readiness for expeditionary operations

Testing the UK’s expeditionary capability: lessons learned? 

The UK’s expeditionary capability by 2002 

Equipment preparations for the invasion (2002 to 2003)

Planning begins

Detailed planning for UORs begins 

The decision to deploy ground forces to the South and its implications 

Concerns about Combat ID 

Progress on UORs 

The situation in the week before the invasion 

Issues that emerged post-invasion

Desert uniforms

Enhanced Combat Body Armour 

Biological and chemical warfare protection 

Ammunition 

Combat ID 

Asset tracking 

MOD reflections on equipping the forces deployed for the conflict 

Conclusions

………………………………………………………………………………………………………………………………………………..

SECTION 14.1

MILITARY EQUIPMENT (POST‑CONFLICT)

Contents

Introduction

Background

The procurement process

Addressing equipment capability gaps

The need for an expeditionary capability

Preparing for the post‑conflict phase

Improvement in the MOD’s procurement process during Op TELIC

Protected mobility and the developing threat to UK troops

Initial deployment of Protected Patrol Vehicles (PPVs) in Iraq

Deploying PPVs to Iraq

The appearance of Explosively Formed Projectiles (EFPs) and the UK’s response

Project DUCKBOARD evolves

The impact of the 2004 Spending Review on FRES

A “Type B” vehicle

The threat in mid‑2004

A PPV for Afghanistan

Response to the increase in the threat

The impact on wider civilian operations

Decisions on the wider protected mobility capability for the Army

Project Vector

The decision to procure additional vehicles for Iraq

The introduction of Mastiff .

Changes to the arrangements for identifying and funding UORs

Protected mobility between late 2006 and mid‑2009

Introduction of a new process to determine the acceptable level of risk in operations

The requirement for an “urban” PPV

FRES as a distinct requirement

Call for a public inquiry into the use of Snatch

Snatch after Iraq

The impact of Afghanistan on the equipment available in Iraq

Existing capability gaps before 2006

ISTAR

Support helicopters

The availability of ISTAR and support helicopters from 2006 onwards

The DOC’s third report, 4 April 2006

Re-aligning assets and understanding the shortfalls

Mr Browne’s concern

The increasing threat of indirect fire attacks

Considering whether to deploy Reaper to Iraq

The drawdown of UK forces

The remaining levels of helicopter and ISTAR support in MND(SE)

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SECTION 14.2

CONCLUSIONS: MILITARY EQUIPMENT

(POST‑CONFLICT)

Contents

Introduction

Addressing post‑invasion capability gaps

Countering the IED threat

Requirement for a medium weight PPV

A failure to articulate the requirement

Attempts to improve the process for identifying requirements

Funding and the Future Rapid Effect System (FRES)

Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and Reconnaissance (ISTAR)

The pressure of running two medium scale operations concurrently

Support helicopters

Lessons

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Descarregue aqui o Relatório: http://www.iraqinquiry.org.uk/the-report/

Veja quem o produziu: http://www.iraqinquiry.org.uk/the-inquiry/the-committee/

Quem o mandou fazer e porquê? http://www.iraqinquiry.org.uk/the-inquiry/

Quanto custou e porquê? http://www.iraqinquiry.org.uk/the-inquiry/inquiry-costs/

Leia no Operacional artigos sobre a participação portuguesa no conflito no Iraque

A GNR NO IRAQUE, 2003-2005

PORTUGUESES EM KIRKUK : A ÚLTIMA MISSÃO

GUERRA É GUERRA

E sobre a actual guerra no Iraque e Síria:

SEGUNDO ANO DE MISSÃO NO IRAQUE: FORMAÇÃO E TREINO

3.º CONTINGENTE NACIONAL DE PARTIDA PARA O IRAQUE

MISSÃO NO IRAQUE & MAIS UM NATAL LONGE DA PÁTRIA

IRAQUE: NOVO CICLO DE FORMAÇÃO

NOTÍCIAS DAS FORÇAS PORTUGUESAS NO IRAQUE

BANDEIRA PORTUGUESA DE NOVO HASTEADA NO IRAQUE

MISSÃO DAS FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS NO IRAQUE – 2015/16

COMANDANTE  DA COLIGAÇÃO INTERNACIONAL VISITA ESPANHÓIS E PORTUGUESES

EXÉRCITO PORTUGUÊS NO IRAQUE: A MISSÃO CONTINUA!

 

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