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O “BUFFEL”

Por • 27 Nov , 2011 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 07. TECNOLOGIA, 14.TURISMO MILITAR Print Print

Visitamos o Zijner Majesteits “Buffel” antigo navio de guerra da Real Marinha Holandesa posteriormente transformado em camarata para marinheiros e fuzileiros, é hoje peça museológica visitável no Maritiem Museum “Prins Hendrik” em Roterdão.

O "Buffel" está visitável em Roterdão / Holanda e através dele parte da história dos navios a vapor do final do século XIX e das condições de vida dos marinheiros dessa época.

O "Buffel" está visitável em Roterdão / Holanda e através dele parte da história dos navios a vapor do final do século XIX e as condições de vida dos marinheiros dessa época.

150 anos de história
O ZMS “Buffel” (Navio de Sua Majestade, “Búfalo”) esteve ao serviço da marinha de guerra (RMH) mais de um século, entre 1868 e 1974, sendo finalmente transformado em museu no ano de 1979, continuando, agora integrado no Museu Marítimo de Roterdão, que não depende da RMH, a ser útil ao país que o comprou. Construído em Glasgow (Robert Napier & Sons) na Escócia, rumou à Holanda em 1868 tendo-lhe sido atribuídas missões de defesa e vigilância costeira. Esta sua viagem inaugural foi também a maior que fez na sua vida operacional. Durante 28 anos participou em missões na costa dos Países Baixos mas nunca entrou em combate. Neste período o país esteve em paz. Desenvolvimentos tecnológicos acabaram por o tornar obsoleto e por ditar a sua retirada do serviço no mar. Mas o investimento feito haveria de ser rentabilizado: foi modificado – retiraram-lhe o armamento e motores entre outros elementos – e passou a servir de camarata para marinheiros e fuzileiros durante 78 anos! Seguiu-se a partir de 1975 um período de reconstituição do seu aspecto inicial, tendo a “Liga dos Amigos do Buffel”, o Museu Marítimo “Príncipe Henrique” de Roterdão, empresas privadas e indivíduos particulares, levado a bom termo um meticuloso trabalho de adaptação à nova finalidade. O navio foi colocado com um aspecto muito semelhante ao original mas com muitas adaptações interiores para o tomar num museu apelativo e com muitos elementos interactivos. Nota-se a preocupação, também bem patente no Museu Marítimo, de adaptar certos sectores e equipamentos para despertar o interesse dos mais novos.
O navio está muito bem situado, no Museu Marítimo, junto ao célebre monumento de Ossip Zadkine “De verwoeste stad” (cidade destruída), alusivo aos bombardeamentos que destruíram quase completamente a cidade durante a 2ª Guerra Mundial e que é um dos pontos de passagem obrigatórios para quem visita Roterdão.

O formato da proa, a lembrar os antigos navios gregos e romanos, destinava-se a provocar danos nos navios inimigos, abaixo da linha de água, em caso de embate.

O formato da proa, a lembrar os antigos navios gregos e romanos, destinava-se a provocar danos nos navios inimigos, abaixo da linha de água, em caso de embate.

A torre era rotativa o que permitia fazer fogo em várias direcções sem ter que alterar o rumo do navio.

A torre era rotativa o que permitia fazer fogo em várias direcções sem ter que alterar o rumo do navio.

Artilheiros e armas tinham uma protecção razoavel dentro da torre.

Artilheiros, munições e armas tinham uma protecção razoável dentro da torre.

Inicialmente dispunha de dois Amstrong de 23cm e mais tarde de um Krupp de 28cm.

Inicialmente dispunha de dois Amstrong de 23cm e mais tarde de um Krupp de 28cm.

Junto ao "refeitório dos marinheiros" também se situavam algumas das redes que estes usavam para dormir.

Junto ao "refeitório dos marinheiros" também se situavam algumas das redes que estes usavam para dormir. Quando serviu de "navio camarata" chegou a alojar 350 instruendos marinheiros ou fuzileiros.

As redes apenas eram usadas para dormir e durante o dia estavam recolhidas. Nesta época não havia exactamente camaratas a bordo as redes estavam em vários locais.

As redes apenas eram usadas para dormir e durante o dia estavam recolhidas. Nesta época não havia exactamente camaratas a bordo as redes estavam em vários locais.

A bordo não só a higiene pessoal como a das instalações era muito imporante a bordo. A sua falta dava origem a punições.

A bordo não só a higiene pessoal como a das instalações era muito importante a bordo. A sua falta dava origem a punições.

nesta época como hoje os navios são um pequeno mundo auto-suficiente. A bordo tem que haver (quase) tudo!

Nesta época como hoje os navios são um pequeno mundo auto-suficiente. A bordo tem que haver (quase) tudo!

Os aposentos e sala de trabalho do oficial navegador.

Os aposentos e sala de trabalho do oficial navegador.

A sala de oficiais

A sala de oficiais onde estes trabalhavam durante o dia e passavam o tempo de lazer fora do serviço.

A messe de oficiais, onde estes tomavam as refeições, ocupa o mesmo espaço da sala (foto anterior)

A messe de oficiais, onde estes tomavam as refeições, ocupa o mesmo espaço da sala (foto anterior).

O "sector" do comandante inclui esta sala de estar/trabalho, uma casa de banho (com a única banheira a bordo) e um WC (o único também a bordo!)

O "sector" do comandante inclui esta sala de estar/trabalho, um quarto de dormir com a única banheira a bordo e um WC, também único a bordo.

O que se pode ver?
O armamento principal do “Buffel” que está exposto são dois canhões Amstrong de 23cm instalados na enorme torre central rotativa do navio. Tratavam-se de canhões de “carregar pela boca” que em 1887 foram substituídos por um único Krupp de 28 cm de carregamento mais rápido. A finalidade principal deste navio era servir de plataforma para este armamento. Dispunha de outro, mas de muito menor calibre e para defesa próxima.
O navio tem disponíveis para visita as suas diferentes áreas, tanto quanto possível equipadas com peças de origem, réplicas, peças de outros navios (neste caso identificadas) e alguns manequins a simular elementos da guarnição. Um navio é um pequeno mundo que desenvolve todas as actividades necessárias para a sua operação, no fundo a sua finalidade primeira, mas onde também vivem pessoas. Neste caso além do comandante, 6 oficiais, 15 sargentos e 80 marinheiros cujas diferentes condições de vida a bordo estão bem visíveis. Mesmo que hoje ainda haja diferenças, nada que se compare com estes tempos dos finais do século XIX.
Este navio tem algumas curiosidades mas talvez uma das mais significativas seja o facto de ter sido dos primeiros do seu tipo. Isto é, trata-se de um navio com motor a vapor e sem velas. Até aqui os navios usavam uma “propulsão mista”, vapor e vento, mas o “Buffel” apenas contava com os seus potentes motores alimentados por carvão (e óleo ou madeira) para se mover. Só no início do século XX os motores diesel substituíram estas máquinas.
Com um deslocamento de 2.198 toneladas, 62,70m de comprimento, 12,25m de largura, atingia a velocidade de 12 nós.

As antigas peças de 30 libras, hoje adaptadas para "jogos de guerra" que os mais novos aproveitam.

As antigas peças de 30 libras, hoje adaptadas para "jogos de guerra" que os mais novos aproveitam.

As caldeiras para produzir vapor que funcionavam a carvão, óleo ou madeira. nesta foto uma que está cortada para se verem os diferentes componentes.

As caldeiras para produzir vapor que funcionavam a carvão, óleo ou madeira. Nesta foto está uma cortada para se verem os seus diferentes componentes.

Muitos dos componenets do navio estão acompanhados de fotos, desenhos, videos,que explicam o funcionamento.

Muitos dos equipamentos expostos estão acompanhados de fotos, desenhos, vídeos, que explicam o funcionamento.

Mais um sector adapatado para permitir através de jogos, a interacção com o visitante.

Mais um sector adaptado para permitir através de jogos, a interacção com o visitante.

É fácil perceber que muitos trabalhos a bordo tinham a sua dureza.

É fácil perceber que muitos trabalhos a bordo tinham a sua dureza.

Estes motores a vapor não eram do "Buffel" vieram de outro navio mais moderno mas servem para explicar aos visitantes o seu funcionamento e vantagens (à época).

Estes motores a vapor não eram do "Buffel" vieram de outro navio mais moderno mas servem para explicar aos visitantes o seu funcionamento e vantagens (à época).

falhas disciplinares eram punidas com prisão. Este é um local, frio, humido, bastante desconfortável, no ponto "mais fundo" do navio.

Falhas disciplinares eram punidas com prisão. Este é um local, frio, húmido, bastante desconfortável, no ponto "mais fundo" do navio.

Ao fundo, à direita da roda do leme, note-se o monumento "Cidade Destruída", um dos símbolos desta cidade portuária.

Ao fundo, à direita da roda do leme, note-se o monumento "Cidade Destruída", um dos símbolos desta cidade portuária.

Numas das muitas docas com acesso aos canais que ligam a cidade ao mar, o "Buffel" é um dos pontos de atração de Roterdão.

Numas das muitas docas com acesso aos canais que ligam a cidade ao mar, o "Buffel" é um dos pontos de atracção de Roterdão para nacionais e estrangeiros.

O Museu Maritimo de Roterdão preserva hoje este que foi um dos primeiros navios militares exclusivamente movido a vapor.

O Museu Marítimo de Roterdão preserva hoje este que foi um dos primeiros navios militares exclusivamente movidos a vapor. A sua vida operacional foi discreta mas hoje presta relevantes serviços à Holanda, contribuindo para a divulgação da sua história militar, para fortalecer a sua identidade nacional e atrair turistas.

Todas as áreas do navio estão identificadas com legendas em holandês e apenas os títulos estão também em língua inglesa. Há contudo um catálogo plastificado no navio em inglês que quem quiser pode transportar na visita (e depois devolver). A visita ao Museu, incluindo o “Buffel”, custa 7.50€ para adultos mas há descontos para grupos e para quem tenha um “passe” turístico para vários museus e transportes públicos. Quem quiser visitar apenas o navio sem passar pelo museu pode fazê-lo, o navio tem entrada independente.

Em tradução livre, "você está a ver o navio nesta época".

Em tradução livre, "você está a ver o navio nesta época".

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