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DISTINTIVOS DE QUALIFICAÇÃO PÁRA-QUEDISTA DA REPÚBLICA CHECA

Por • 1 Nov , 2009 • Categoria: 10. DISTINTIVOS, INSÍGNIAS E CONDECORAÇÕES Print Print

INTRODUÇÃO

Nenhum historiador militar poderá ficar indiferente ao mérito operacional demonstrado pelas unidades pára-quedistas checoslovacas durante a 2ª Guerra Mundial.

O núcleo principal desta “nova força militar checoslovaca” nasceu quando, cento e vinte e um (121) militares checoslovacos foram treinados para desenvolverem acções de sabotagem e reconhecimento na retaguarda das forças alemãs do 3º Reich, fazendo uso da terceira-dimensão: o envolvimento vertical.

Quem não se recorda da histórica “OPERAÇÃO ANTROPOID“, cujo objectivo era atentar contra a vida do “Reichsprotektor” da Boémia e Morávia, Reinhard Tristan Eugen Heydrich, oficial-general das temíveis SS e da Polícia, Chefe dos Serviços Secretos e terceira figura na hierarquia nazi?

E dos pára-quedistas executores desta missão especial, com particular destaque para o Sargento JOSEPH GABCIK que infiltrado por pára-quedas (28 de Dezembro de 1941), a cerca de duas dezenas de quilómetros da cidade de Praga, entra em contacto com a resistência, planeia e, posteriormente, participa no atentado, a 27 de Maio de 1942?

Em 1 de Janeiro de 1993, a República Socialista da Checoslováquia divide-se em duas repúblicas: uma checa e outra eslovaca (porém, desta vez, sem a interferência germânica a impor protectorados ou estados associados, como foi o Estado da Eslováquia com um governo pró-nazi). E com esta divisão territorial, política, militar, social, material e cultural nasce, também, a necessidade da “divisão” de todo o património histórico envolvente.

Pára-quedistas checoslovacos durante um exercício nos anos 60. (Foto de arquivo MDCheco)

Pára-quedistas checoslovacos durante um exercício nos anos 60. (Foto de arquivo MDCheco)

O DISTINTIVO DE QUALIFICAÇÃO PÁRA-QUEDISTA CHECOSLOVACO: EVOLUÇÃO HERÁLDICA(1)

As primeiras unidades (orgânicas) pára-quedistas checoslovacas foram activadas em 1949, reflectindo as influências técnicas da época. Porém, um pormenor fixado nos uniformes dos seus integrantes conseguiu, sempre, aglutinar o “espírito de corpo” destas unidades especiais emprestando-lhe um elevado grau de disciplina e coesão: o “pormenor” a que me refiro é, nada mais, nada menos do que o distintivo de qualificação pára-quedista, vulgarmente conhecido por “brevê pára-quedista”.

O primeiro brevê pára-quedista checoslovaco foi oficialmente aprovado em 1949 e manteve-se em uso até 1951. Era uma calote aberta de um pára-quedas circular em formato oval, construção metálica sólida (a calote era em prata) e de grandes dimensões. No reverso era inscrito um número que correspondia ao número de “pára-quedista militar”.

Em 1951 as Forças Armadas checoslovacas empreenderam uma reforma geral nos uniformes militares, e com ela, o desenho heráldico do brevê pára-quedista é alterado para um modelo em forma de uma calote aberta de um pára-quedas circular, mas com dimensões mais reduzidas. Este modelo vigorou até 1962. Os elementos gráficos que o compunham não dispensaram a tradicional “foice” e o “martelo” na base; ao centro exibia uma estrela vermelha de cinco pontas e, centrado sobre a estrela, um leão galopante. Este modelo apresentava três categorias: BÁSICO, INSTRUCTOR e MISTR (MESTRE). A numeração no reverso correspondente ao número de “pára-quedista militar” continuou a ser inscrita, e a sua construção metálica continuou a apresentar grande solidez.

Em 1962, e já como membro do PACTO DE VARSÓVIA (a aliança militar oficialmente criada em 28 de Maio de 1955 que englobou os países socialistas do Leste Europeu e a URSS) o distintivo de pára-quedista sofreu nova alteração na composição dos elementos gráficos do seu desenho heráldico: na base a “foice” e o “martelo” são substituídos por uma “estrela vermelha de cinco pontas”. Ao centro, a estrela com o leão galopante sobreposto é substituída pelos números 1, 2 e 3 e, pelos títulos INSTRUCTOR e MISTR (MESTRE) fixados permanentemente no distintivo, e indicativos do grau de evolução técnica atingido pelo seu detentor.

Os cordões do pára-quedas são ladeados por asas estilizadas em posição de aterragem. Este modelo vigorou até 1965.

Em 1965, o mesmo modelo do distintivo de pára-quedista é redesenhado. Contudo a única alteração significativa foi introduzida nas asas que apresentaram um formato mais estilizado. Outra alteração significativa deu-se nos materiais empregues no seu fabrico: de uma construção sólida, passaram a ser fabricados numa liga metálica ultra-leve (latão branco). Este modelo vigorou até 1992.

Pára-quedistas checos preparando-se para a execução de um salto de manutenção e treino. (Foto 102BatRec via autor)

Pára-quedistas checos preparando-se para a execução de um salto de manutenção e treino. (Foto 102BatRec via autor)

PERÍODO DE TRANSIÇÃO POLÍTICA

Nos primeiros meses de 1992 têm inicio alterações profundas na generalidade dos símbolos nacionais. Estas alterações traduziam, de forma inequívoca, as alterações políticas que se desenrolavam na generalidade dos países do Leste Europeu. Os símbolos militares não escaparam a estas mutações.

Assim, neste período foi posto em circulação um modelo de distintivo pára-quedista com um desenho heráldico totalmente diferente: as asas retomaram o seu formato mais tradicional (totalmente abertas), mantendo-se, no entanto a calote do pára-quedas e respectivos cordões ligados na base. Tudo isto num formato muito estilizado e rectilíneo.

Este modelo foi ainda adoptado pelos dois novos países (República Checa e República Eslovaca), muito embora com ligeiros elementos de diferenciação nas cores das asas e da calote do pára-quedas.

Em 1993, ambos os países adoptam, definitivamente, modelos singulares e totalmente autónomos.

Neste artigo vamos abordar exclusivamente o modelo e as suas quatro categorias técnicas em vigor nas Forças Armadas da República Checa, completando a informação disponibilizada no artigo que pode ser visualizado em: http://www.operacional.pt/102%c2%ba-batalhao-de-reconhecimento-%e2%80%9cgeneral-karel-palecek%e2%80%9d/

2008: pára-quedistas checos numa cerimónia oficial. Note-se o posicionamento do distintivo de qualificação pára-quedista no uniforme. (Foto MDCheco via autor)

2008: pára-quedistas checos numa cerimónia oficial. Note-se o posicionamento do distintivo de qualificação pára-quedista no uniforme. (Foto MDCheco via autor)

O DISTINTIVO DE QUALIFICAÇÃO PÁRA-QUEDISTA CHECO

Introduzido oficialmente em 1993, o distintivo de qualificação pára-quedista em vigor é atribuído pelas Forças Armadas checas aos militares que concluem, com aproveitamento, o Curso de Pára-quedismo Militar que culmina com a realização de 5 saltos.

Este modelo em vigor (o primeiro da “nova era”) é fabricado numa liga de alumínio, fixado nos uniformes por um parafuso com anilha larga (dispõe de uma protecção circular em plástico de cores variadas entre o parafuso e a anilha para se ajustar ao uniforme), e apresenta as seguintes medidas: 5 cm X 3,6 cm. É fixado no lado direito do peito, 1 cm acima da costura da portinhola do bolso e centrado com o eixo desse bolso quando usado individualmente.

Nos primeiros anos só o modelo metálico era usado nos uniformes. Contudo, com o emprego destas unidades especiais em diversificados Teatros de Operações (Bósnia; Iraque; Afeganistão, etc.), outros modelos em pano bordados e em tela plastificados foram tolerados e introduzidos nos uniformes camuflados ou de combate. Em geral estes modelos seguem as medidas oficiais estipuladas no Regulamento de Uniformes para os distintivos (3) em metal.

Versão do distintivo pára-quedista para uso no uniforme camuflado - padrão desértico. (Col. do autor)

Versão do distintivo pára-quedista em pano bordado para uso no uniforme camuflado - padrão desértico. (Col. do autor)

REGRAS DE ATRIBUIÇÃO DO DISTINTIVO

Este modelo do distintivo de qualificação pára-quedista das Forças Armadas da República Checa comporta quatro categorias com as seguintes regras de atribuição (tanto para saltos de abertura automática como para saltos de abertura manual):

Fig.1 – BÁSICO/prateado: cinco saltos em pára-quedas (1 nocturno e 1 com todo o equipamento orgânico).

Fig.2 – 1º NÍVEL/dourado: cinquenta saltos em pára-quedas (10 nocturnos e 10 com equipamento orgânico).

Fig.3 – 2º NÍVEL/dourado: cem saltos em pára-quedas (15 nocturnos; 15 com todo o equipamento orgânico; 10 em Zonas de Lançamento (ZL) desconhecidas e 5 a cerca de 1000 metros com aterragem a uma distância de, no máximo, 20 metros do ponto de impacto.

Fig.4 – 3º NÍVEL/dourado: duzentos saltos em pára-quedas (40 nocturnos; 25 com todo o equipamento orgânico; 20 em ZL desconhecidas; 10 saltos para superfícies aquáticas (rios; ribeiros; lagoas; mar); 5 saltos a cerca de 1000 metros com aterragem a uma distância de, no máximo, 10 metros do ponto de impacto.

Fig.1 - BÁSICO/prateado. (Col. do autor)

Fig.1 - BÁSICO/prateado. (Col. do autor)

Fig.2 - 1º NÍVEL/dourado. (Col. do autor)

Fig.2 - 1º NÍVEL/dourado. (Col. do autor)

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Fig.3 - 2º NÍVEL/dourado. (Col. do autor)

Fig.3 - 2º NÍVEL/dourado. (Col. do autor)

Fig.4 - 3º NÍVEL/dourado. (Col. do autor)

Fig.4 - 3º NÍVEL/dourado. (Col. do autor)

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Reverso do distintivo onde se pode observar o tipo de fecho para fixação nos uniformes. (Col. do autor)

Reverso do distintivo onde se pode observar o tipo de fecho para fixação nos uniformes. (Col. do autor)

NOTAS:

(1) Os distintivos de qualificação pára-quedista que vigoraram nas Forças Armadas da República Socialista da Checoslováquia serão objecto de um artigo específico a publicar, oportunamente, no «operacional.pt».

(2) Todos os distintivos são da colecção privada de António E. S. Carmo.

(3) Como curiosidade destaco que muito recentemente (2008) a Força Aérea da República Checa introduziu novos modelos de distintivos para pilotos, passando a distinguir os pilotos de aeronaves de asa fixa e de asa rotativa (PILOT URTULNIKU e PILOT ACR).

SUPORTE DOCUMENTAL

– VÝSADKÁRI – 60 LET V CELE ARMÁDY. Vydalo Ministerstvo obrany Ceské republiky, Praha, 2007, ISBN 978-80-7278-407-3.

– REGULAMENTO DE UNIFORMES DO EXÉRCITO da República Checa.

– Arquivo privado de António E. S. Carmo.

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