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CORAGEM, FORMAÇÃO, TREINO E EQUIPAMENTO

Por • 12 Mai , 2011 • Categoria: 03. REPORTAGEM Print Print

O impacto do disparo a curtíssima distância foi brutal. Bruno Quintão, ferido, consegue manter o escudo balístico que transporta em posição de proteger os restantes militares da Secção de Intervenção Táctica e identifica o atirador a recarregar a caçadeira. Numa fracção de segundos vai buscar forças e motivação sabe-se lá onde e lança-se sobre o alvo, derrubando-o e impedindo novo disparo. A Secção neutraliza o criminoso sem o alvejar…mesmo que o merecesse!

Foto de arquivo mostrando um exercicio das Operações Especiais da GNR. O escudo protege mas várias áreas do corpo ainda ficam expostas.

Foto de arquivo , já com uns anos, mostrando um exercício das Operações Especiais da GNR. O escudo protege mas várias áreas do corpo ainda ficam expostas.

O Soldado Bruno Ricardo Ferreira Quintão, da 1.ª Companhia do Grupo de Intervenção de Operações Especiais da Unidade de Intervenção da Guarda Nacional Republicana, teve uma acção heróica – não devemos ter vergonha das palavras – que permitiu concluir com sucesso uma arriscada missão que estava atribuída à sua unidade. O facto que também não deve ser esquecido, de ter sido treinado e estar equipado para isso não diminui em nada o seu feito. Foi ele que o fez e não outro. Muitos outros certamente o fariam, na GNR como em outras forças militares ou de segurança, em Portugal ou no estrangeiro. Mas ainda mais cidadãos por nada deste mundo ali estariam naquela madrugada de 3 de Dezembro de 2009, segurando o escudo balístico, à espera de ser o primeiro a encarar um “doido” armado que já havia demonstrado claramente estar disposto a matar e a morrer.
A história conta-se rapidamente, na localidade de Vila Fresquinha de São Pedro, Concelho de Barcelos, um individuo profere ameaças e efectua disparos de caçadeira sobre vizinhos além de ameaçar matar a mulher, que no entanto expulsa, ficando barricado em casa. A GNR chamada ao local tenta negociar e mesmo abordar o indivíduo em casa, mas as várias divisões da habitação, todas trancadas tornam impossível a missão. O indivíduo na posse de grandes quantidades de cartuchos efectua disparos sobre a GNR e está atento ao cerco. É chamada a 1.ª Companhia do Grupo de Intervenção de Operações Especiais da Unidade de Intervenção da GNR e as horas passam sem se conseguir qualquer negociação. Decidida a intervenção, ela inicia-se e o facto de todas as portas terem que ser arrombadas dificulta a missão, torna-a menos “instantânea” (nos filmes isto é sempre mais fácil!) e, perdendo-se o efeito surpresa, arrisca-se mais a cada divisão que se ultrapassa. Coube a Bruno Quintão na posição de “brecha” da sua Secção, ser emboscado e…o resto já acima está descrito.

Foto de arquivo já com uns anos mostrando uma Secção de Intervenção Tácica pronta para avançar.

Foto de arquivo já com uns anos mostrando uma Secção de Intervenção Táctica pronta para avançar.

Neste mesmo exercicio pode-se ver que lateralmente, como foi o caso em Barcelos, a protecção dos militares pelo escudo é nula.

Neste mesmo exercício pode-se ver que lateralmente, como foi o caso em Barcelos, a protecção dos militares pelo escudo é nula.

A GNR reconheceu e bem a acção do seu militar e o texto do louvor que tivemos oportunidade de ler, honra o comportamento do Soldado Bruno Quintão, e mostra bem a fibra destes homens.
Há no entanto mais um factor que hoje a aqui trazemos – o equipamento – e que por vezes passa despercebido. Os profissionais, aqueles que enfrentam o crime quer nas áreas rurais como esta quer nas problemáticas áreas urbanas onde a violência com armas não abranda, esses de um modo geral têm consciência do valor do equipamento. Mesmo assim há quem pense que nunca é demais sensibilizar profissionais e público para esse factor “material” que salva vidas.

O colete AR.0046 que o militar usava tem protecção pélvica (não visivel aqui), biceps e garganta nuca.

O colete AR.0046 que o militar usava tem protecção pélvica (não visível aqui), biceps e garganta/nuca.

O local do impacto depois de cicatrizado. Sem a protecção dos biceps ou ter sido atigido um pouco mais abaixo e as consequências teriam sido muito diferentes.

O local do impacto depois de cicatrizado. Sem a protecção dos biceps ou ter sido atingido um pouco mais abaixo e as consequências teriam sido muito diferentes.

Arnt Myhre fala-nos do colete e da sua "campanha" para sensibilizar os profissionais a usarem sempre os equipamentos de protecção correctamente. "Recentemente na Alemanha, 3 policias foram baleados e tinham os coletes na mala do carro", diz.

Arnt Myhre fala-nos do colete e da sua "campanha" para sensibilizar os profissionais a usarem sempre os equipamentos de protecção correctamente. "Recentemente na Alemanha, 3 policias foram baleados e tinham os coletes na mala do carro", diz.

Diz-nos Arnt Myhre do grupo americano “Safariland”, que há anos se juntou a outras firmas do sector e lançaram um registo global de “vidas salvas” pelos equipamentos de protecção, à margem de uma cerimónia de homenagem ao Soldado Bruno Quintão que teve lugar em 9 de Maio de 2011 em Gaia, na sede da firma “Milícia”: “A nossa firma fornece equipamento de protecção e levamos muito a sério a sua eficácia e os resultados que esses materiais têm na vida dos utilizadores, têm a salvar vidas. Nesse sentido quando nos reportam que alguém foi salvo graças a um dos nossos produtos, a Associação “Saves Club”, investiga o que se passou e no caso de se provar que mais uma vida foi salva, atribuímos um número de registo de incidente e efectuamos uma cerimónia como esta“. Neste tipo de eventos em que tanto podem ser distinguidos indivíduos que envergavam um colete de protecção – como foi este caso português – ou um capacete, ou mesmo quem se encontrava no interior de um veículo acidentado dotado de protecção destas firmas, as famílias costumam ser convidadas a participar. Percebe-se bem porquê, uma vez que se está perante uma homenagem a pessoas que foram salvas, a famílias que graças a estes equipamentos não ficaram destruídas. Continua Arnt Myhre, “Sabemos bem que muitas vezes olham estas cerimónias como meras acções publicitárias o que achamos injusto. Sabemos por experiência própria que em muitos países europeus, há quem prefira não falar de polícias baleados para não assustar a opinião pública e não dar destaque a estes casos, mas nós achamos que com estas cerimónias e com estas placas que oferecemos para colocarem nos seus locais de trabalho se quiserem, motivamos os profissionais a usar o equipamento de protecção. Há vários casos reportados de polícias mortos por não usarem equipamento ou por o usarem mal. É muito importante o uso e o uso correcto. Dar publicidade a estes casos é um aviso sério a quem arrisca a vida. Isto acontece“.

A placa pretende incentivar a divulgação do sucedido, alertando os profissionais para o uso dos equipamentos de protecção.

A placa pretende incentivar a divulgação do sucedido, alertando os profissionais para o uso dos equipamentos de protecção.

Carina Andrade, companheira de Bruno Quintão e a Rita recebem de Arnt Myhre da "Safariland" e de António Amaro da "Milicia", o medalhão do "Salves Club".

Carina Andrade e Rita, mulher e filha de Bruno Quintão, recebem de Arnt Myhre da "Safariland" e de António Amaro da "Milícia", o medalhão do "Saves Club".

"Toghether, We Save Lives", o medalhão do "Saves Club".

"Toghether, We Save Lives", o medalhão do "Saves Club".

Bruno Quintão foi gravemente ferido no braço, tendo os projécteis embatido na “protecção bíceps” de um colete AR.0046 da “Safariland” que a firma “Milícia” concebeu para o Exército Português usar nas missões exteriores e que também forneceu ao Ministério da Administração Interna. Sem esta protecção é bem provável que o braço atingido tivesse sido decepado o que provocaria uma hemorragia dificilmente controlada. Mesmo com o colete o ferimento foi grave mas não muito profundo. As imagens do ferimento com poucas horas que não publicamos por poderem ferir algumas sensibilidades, são prova disso, mas mesmo a do local já cicatrizado dão uma ideia a área afectada e da concentração de “zagalotes” num espaço reduzido. Lembra-se que foi um disparo a muito curta distância.

O Soldado GNR Bruno Quintão está hoje em Timor-Leste e aqui, junto ao Presidente Ramos Horta, cumpre mais umas missões para que foi treinado.

O Soldado GNR Bruno Quintão está hoje em Timor-Leste e aqui, junto ao Presidente Ramos Horta, cumpre mais umas missões para que foi treinado.

Uma vida foi salva, em 2010 foram mais de 60 no mundo inteiro pelos materiais dos associados do “Saves Club”. Bruno Quintão passa a constar com o n.º 1.768 em cerca de duas décadas de registos. Os dois seguintes foram polícias australianos…a contabilidade não pára.

Na cerimónia de Gaia no passado dia 9 de Maio, Bruno Quintão não esteve presente pois está em Timor-Leste integrado no Sub-Agrupamento Bravo da GNR, mas receberam em seu nome o medalhão e a placa de reconhecimento, a sua mulher, Carina Andrade e a filha de ambos, Rita Quintão.

O Operacional e a Milícia

Esta cerimónia, por coincidência, teve lugar no momento em que se cumprem dois anos de apoio  da firma “Milícia” ao “Operacional” e em que esta  inaugurou novas instalações em Gaia. Decidimos assim assinalar esse facto aqui.

Viveríamos sem a “Milícia”, mas que seria mais difícil ainda, lá isso seria!

Independentemente do que o futuro reservar a esta parceria,  ficamos satisfeitos por ver a evolução da “Milícia” desde 1994 e o seu contributo para o reequipamento das Forças Armadas e das Forças de Segurança portuguesas. Tendo iniciado a actividade com um pequeno espaço na Praça da Batalha no Porto, desenvolveu-se, conseguiu fornecer equipamentos e acessórios  adaptados às novas necessidades militares decorrentes das missões de paz  – alguns mesmo de concepção própria, passou vender também materiais às Forças de Segurança e conquistou o seu lugar no panorama nacional desta área de actividade. As instalações entretanto tinham passado para a Rua de Entreparedes e passou em 2008 a poder vender  “bens e tecnologias militares” (vulgo, armamento),  além de alargar as suas vendas a áreas como a emergência médica. comunicações, material forense, fardamento e ainda outras. Facturou mais de 5 milhões de euros em 2009, tem hoje 19 funcionários a tempo inteiro e alargou as suas actividades para Espanha, Angola e Cabo Verde, mercados responsáveis por cerca de metade dos proventos da firma.

A sede do Grupo Milicia, em Gaia. O "Operacional" como é público e já o referimos nos balanços regulares que publicamos, recebe algum apoio desta firma. Ficamos assim satisfeitos por ver a sua evolução e que na sua área de actividade tem contribuido para o reequipamento das Forças Armadas e de Segurança e que já estende a sua actividade a Espanha, Angola e Cabo Verde. Dá emprego directo a 19 pessoas e facturou em 2009 mais de 5 milhões de euros.

A sede do Grupo Milícia, em Gaia. O "Operacional" como é público e já o referimos nos balanços regulares que publicamos, recebe algum apoio desta firma portuguesa que também já está lançada no mercado espanhol e em África.

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