Nos dias de hoje o título deste artigo até pode parecer estranho. A última guerra que Portugal travou em África é tema de centenas de livros, artigos e reportagens em jornais e televisões, e, sinal dos tempos, objecto de uma enorme divulgação em vários suportes na internet, dos blogues ao facebook. Acontece que isto foi publicado no Reino Unido já lá vão 20 anos!
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Em 1991 um investigador americano que gostava destes assuntos ligados à luta anti-subversiva em várias partes do globo, mas especialmente na América do Sul, David E. Spencer, entrou em contacto comigo e levantou a possibilidade de escrever-mos sobre a guerra em África. Assim nasceu esta cooperação que da minha parte tinha como objectivo divulgar o que os militares portugueses haviam feito nos anos 60 e 70 desse século e que era na realidade muito pouco conhecido, mesmo por cá e ainda menos no estrangeiro. Sendo eu pára-quedista e tendo acesso a pessoas que nesses anos ainda estavam ao serviço e haviam feito a guerra, fui fazendo umas entrevistas, recolhendo fotos (em papel, não havia o digital nem scanners!), e assim cheguei a um texto base que, seria depois trabalhado por David Spencer para publicação. Os desenhos são da autoria de Paul Hannon.
Eram tempos em que não havia internet nem computadores à disposição, as coisas foram-se fazendo à mão e com máquina de escrever, carta para lá, carta para cá, revisões demoradas. também alguma (muita!) dificuldade de David Spencer (que tinha os contactos) para sensibilizar a revista britânica do interesse do assunto – como bem sabe quem anda nestas coisas, a imprensa especializada internacional tem pouco interesse pelo que foge ao circuito anglo-saxónico e francófono – e, por fim, em 1992 os artigos foram publicados. A revista “Military Ilustrated, past & present”, que acolheu os artigos, entretanto mudou de editores,donos, formato e fechou portas na versão papel.
Assim sendo publicam-se hoje cópias deste artigo, exactamente a sua versão original, para se tentar novamente chegar a quem menos conhece esta época da nossa história militar – as audiências de língua inglesa – mas também como mais um contributo que se junta ao muito que vai sendo publicado em Portugal sobre esta guerra.
Miguel Silva Machado
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