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SALTOS DE ABERTURA AUTOMÁTICA EM TANCOS

Por • 16 Fev , 2013 • Categoria: 03. REPORTAGEM, EM DESTAQUE Print Print

Aproveitando a participação do 1.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista no exercício “Real Thaw 2013” da Força Aérea, apresentamos hoje uma detalhada e didáctica reportagem de Alfredo Serrano Rosa sobre uma sessão de saltos de abertura automática, utilizando um avião C-295M da Esquadra 502 e a zona de lançamento do Arripiado, tendo como base de partida o Aeródromo Militar de Tancos da Brigada de Reacção Rápida.

Salto de abertura automática a partir de aeronave C-295M. Nesta missão os saltos efectuaram-se pela rampa, o que tem particularidades diferentes dsa saida pelas portas laterais, ou apenas por uams das destas portas, seja neste tipo de avião seja no C-130. Cada caso é um caso e todos têm que ser treinados.

Salto de abertura automática a partir de aeronave C-295M. Nesta missão os saltos efectuaram-se pela rampa, o que tem particularidades diferentes da saída pelas portas laterais, ou apenas por uma destas portas, seja neste tipo de avião seja no C-130. Cada caso é um caso e todos têm que ser treinados.

RT 13: Real Thaw 2013
O exercício em curso desde o passado dia 11 e que terminará no próximo dia 22 de Fevereiro de 2013, envolve um grande número de meios aéreos, entre as quais várias para transporte táctico de pessoal e material., terrestres e navais. Só para dar uma ideia, no “Real Thaw 2013” (RT 13) participam, da Força Aérea: Esquadras 201 e 301 (F-16), 501 (C-130), 502 (C-295M), 552 (Al III), 601 (P3C), 751 (EH-101), o Centro de Relato e Controlo de Monsanto, Controladores Aéreos Avançados, Unidade de Proteção da Força; da Marinha: Destacamento de Acções Especiais (Corpo de Fuzileiros), duas fragatas, o reabastecedor “Bérrio”, o Batalhão Ligeiro de Desembarque (Corpo de Fuzileiros); do Exército: unidades da Brigada Mecanizada (Agrupamento Mecanizado, o Grupo de Artilharia de Campanha, a Bateria de Artilharia Antiaérea e o Batalhão de Apoio de Serviços) e unidades da Brigada de Reacção Rápida (Batalhão de Comandos, Forças de Operações Especiais, Grupo de Artilharia de Campanha, Batalhão Operacional Aeroterrestre, Bateria de Artilharia Anti-Aérea).
Participam ainda unidades estrangeiras, nomeadamente dos EUA (A-10 e C-130 e controladores aéreos avançados) do Reino Unido (Cobham/Falcon 20 de guerra electrónica), NATO (E3A AWACS, avião radar) e Holanda (controladores aéreos avançados).
Pretende-se neste exercício, em linhas muito gerais, treinar as unidades envolvidas num ambiente o mais real possível, para levar a cabo operações num suposto conjunto de países em que a situação politica e militar se havia degradado e obrigado ao emprego de um força multinacional composta por unidades aéreas, navais e terrestres.
As acções deste RT 2013 decorerram um pouco por todo o país, sobretudo em Monte Real, Seia, Penamacor, Tancos, Santa Margarida, Viseu, Lamego e Meixedo.

Tancos / Arripiado
Parte das missões do RT 13 decorreram a partir do Aeródromo Militar de Tancos (antiga Base Aérea n.º 3) e foi exactamente uma dessas missões, que o Alfredo Serrano Rosa acompanhou. Tratou-se do lançamento em pára-quedas de abertura automática, a partir de aeronave C-295M de carga e pessoal do 1.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista. Como facilmente se percebe o emprego típico deste tipo de tropas exige treino regular com as Esquadras que operam as aeronaves de transporte táctico (a 501 para o C-130 e a 502 para o C-295M. Não só as tripulações têm que ser qualificadas para as várias “modalidades” de lançamento em pára-quedas de pessoal e material, como, por outro lado, os pára-quedistas têm que efectuar um treino periódico que inclui um determinado número de saltos em pára-quedas, obrigatório para manterem essa qualificação.
Assim, componente aérea e componente aeroterrestre, mais uma vez juntas para efectuar saltos em pára-quedas, inserindo-se isto para ambos nos seus ciclos de treino anuais.
No perímetro do Aeródromo Militar de Tancos, o local onde tradicionalmente se iniciam as missões de lançamento de pára-quedistas, designa-se “Base de Partida Coronel Pára-quedista Luís de Noronha Krug”, e é ali que começa a reportagem com a chegada do pessoal do 1BIPara, desde o Regimento de Infantaria n.º 15 de Tomar e do pessoal do Batalhão Operacional Aeroterrestre da Escola de Tropas Pára-quedistas (ali “em frente”), responsável pela organização técnica da sessão de saltos, e respectivo armamento e materiais, nomeadamente os pára-quedas (vindos do BOAT).

O salto em pára-quedas envolve detalhes que vamos apresentar nas legendas que se seguem e que são sempre seguidos, quer se trate de um salto do curso de pára-quedismo, quer num exercício como este, quer seja numa situação de guerra, como ainda bem recentemente aconteceu no Mali onde os franceses efectuaram saltos em pára-quedas, quer automáticos para efectivos de escalão companhia, quer manuais para forças especiais, tendo também lançado viaturas e outras cargas em pára-quedas.

Aqui, no salto em pára-quedas automático a partir de um avião em voo, não há simuladores, é sempre a sério e as falhas podem pagar-se com lesões corporais de gravidade variável ou mesmo com a vida.

O sargento do BOAT conduz os militares do 1.ºBIPara, já carregando os conjuntos de pára-quedas (principal e reserva), para o local de equipar. O comandante do batalhão segue na frente, salta com o seu batalhão.

O sargento do BOAT conduz os militares do 1.ºBIPara, já carregando os conjuntos de pára-quedas (principal e reserva), para o local de equipar. O tenente-coronel comandante do batalhão segue na frente, salta com o seu batalhão.

Da da ordem de "equipar" coloca-se o capacete e depois o pára-quedas dorsal e ajusta-se ao corpo do pára-quedista.

Dada ordem de "equipar" coloca-se o capacete e depois o pára-quedas dorsal e ajusta-se ao corpo do pára-quedista.

Uma primeira inspecção é feita para verificar se o pára-quedas principal e o equipamento (arma, mochila) estão correctamente colocados. O pára-quedista coloca as mãos na cabeça para permitir a visão correcta dos pontos de inspecção que devem ser verificados.

Uma primeira inspecção é feita para verificar se o pára-quedas principal e o equipamento (arma, mochila) estão correctamente colocados. O pára-quedista coloca as mãos na cabeça para permitir a visão correcta dos pontos de inspecção que devem ser verificados.

Para a segunda inspecção os pára-quedistas já colocaram o pára-quedas de reserva. isto não é rotina, é feito com cuidado e atenção, corrigindo algo que esteja mal.

Para a segunda inspecção os pára-quedistas já colocaram o pára-quedas de reserva. Isto não é rotina, é feito com cuidado e atenção, corrigindo algo que esteja mal.

O saco de arma (com a espingarda Galil) está acoplado à mochila. Antes da aterragem este conjunto é largado, ficando pendurado por um cabo de modo a não prejudicar a aterragem do militar.

O saco de arma (com a espingarda Galil) está acoplado à mochila. Antes da aterragem este conjunto é largado, ficando pendurado por um cabo de modo a não prejudicar a aterragem do militar.

Depois da inspecção e de tudo pronto (o pára-quedista já tem o "fecho de enganchar" na mão ou, como no caso do "chefe" do batalhão (sargento-ajudante Hermes Mateus), nos elásticos do reserva.

Tudo pronto, o pára-quedista já tem o "fecho de enganchar" na mão ou, nos elásticos do reserva. "Costas com costas", é outra rotina destas missões, por vezes, horas! Note-se ainda o "talão" que cada militar preenche antes do salto e que fica em terra. O controlo dos saltos é muito rigoroso, há um departamento próprio para tratar estes documentos e cada militar tem ali uma "caderneta individual" de saltos.

O C-295M da Esquadra 502 chega a Tancos. A Força Aérea dispõe de 12 destas aeronaves (7 de transporte táctico e 5 de patrulha marítima).

O C-295M da Esquadra 502 chega a Tancos. A Força Aérea dispõe de 12 destas aeronaves (7 de transporte táctico e 5 de patrulha marítima).

O C-295M pode transportar 44 pára-quedistas equipados para saltar

"Em direcção ao avião, embarcar!" Os militares embarcam pela ordem inversa de lançamento, os primeiros a saltar são os últimos a entrar. Em lançamentos tácticos é levada em linha de conta a organização da força, para facilitar a reorganização da unidade e o inicio da missão no terreno.

O C-295M pode transportar 44 pára-quedistas completamente equipados. O largador conta os militares e estes sabem a sua ordem de saída da aeronave, a qual é dada pela numeração feita ainda na placa de embarque após o equipar.

O C-295M pode transportar 44 pára-quedistas completamente equipados. O largador conta os militares e estes sabem a sua ordem de saída da aeronave, a qual é dada pela numeração feita ainda na placa de embarque após o equipar.

Load-masters e largadores tem que acertar os detalhes do lançamento, como por exemplo, número de pára-quedistas em cada passagem do avião pela zona, tempo de luz verde, altitude, procedimentos em caso de incidentes, e outros.

Embora haja um grande conhecimento mutuo( "são sempre os mesmos"), "load-masters"e largadores têm que acertar os detalhes do lançamento, como por exemplo, número de pára-quedistas em cada passagem do avião pela zona, tempo de luz verde, altitude, procedimentos em caso de incidentes, e outros.

"Rodas no ar" em Tancos, dentro de minutos o avião estará a passar por cima da zona de lançamento do Arripiado, junto ao Tejo, onde desta vez será o lançamento.

"Rodas no ar" em Tancos, dentro de poucos minutos o avião estará a passar por cima da zona de lançamento do Arripiado, junto ao Tejo, onde desta vez será o lançamento.

Na aproximação à ZL o largador informa qual o "cabo de ancoragem" que os pára-quedistas devem utilizar (onde ele tem a mão). Segue-se a sequência de ordens que colocarão os militares  prontos para o salto: preparar, levantar, enganchar, verificar equipamento, verificar tira extractora...

Na aproximação à ZL o largador informa qual o "cabo de ancoragem" que os pára-quedistas devem utilizar (onde ele tem a mão). Segue-se a sequência de ordens que colocarão os militares prontos para o salto: preparar, levantar, enganchar, verificar equipamento, verificar tira extractora...

...e numerar (cada ordem tem um gesto por causa do barulho, este é o gesto para esta voz, a mão colocada junto à orelha). os páras que vão saltar numeram, de trás para a frente e quando o 1.º, o que está frente ao largador diz "um", ele sabe que tudo está bem. Se a contagem for interrompoda é porque algio não está bem com algum militar e teria que se verificar o sucedido.

...e numerar (cada ordem tem um gesto, este é a mão colocada junto à orelha). Os páras que vão saltar numeram, de trás para a frente e quando o 1.º, o que está frente ao largador diz "um", ele sabe que tudo está bem. Se a contagem for interrompida é porque algo não está bem com algum militar e teria que se verificar o sucedido.

Nesta passagem foram lançadas cargas de acompanhamento da força. Podem ser armas colectivas (por exemplo "Carl Gustav" ou morteiros) que pela sua dimensão e peso não podem saltar "agarradas" ao pára-quedista.

Nesta passagem foram lançadas cargas de acompanhamento da força. Podem ser armas colectivas (por exemplo "Carl Gustav" ou morteiros) que pela sua dimensão e peso não podem saltar "agarradas" ao pára-quedista.

Só depois de ver o lançamento e funcionamento dos pára-quedas (coloridos para no solo se distinguirem dos restantes), saltam os pára-quedistas. Note-se, na rampa, aqui a "luz verde" já ligada enquanto na foto anterior ainda a luz estava vermelha, logo ainda se estava fora da ZL.

Só depois de ver o lançamento e funcionamento dos pára-quedas (coloridos para no solo se distinguirem dos restantes), saltam os pára-quedistas. Note-se, na rampa, a "luz verde" já ligada enquanto na foto anterior ainda a luz estava vermelha, logo ainda se estava fora da ZL.

O tenente-coronel Neves, comandante do 1.º BIPara antes da saída. Uma mão na tira extractora, outra por cima do reserva de modo a proteger o manipulo do reserva.

O tenente-coronel José Neves, comandante do 1.º BIPara, seguido do sargento-ajudante Hermes Mateus, (o "chefe" do batalhão) instantes antes do salto pela rampa.

Já! e os pára-quedistas saem pela rampa, pouco habitual entre nós para saltos de abertura automática.

"Já!" e os pára-quedistas saem pela rampa, pouco habitual entre nós para saltos de abertura automática.

Terminada uma passagem e como a ZL é pequena a aeronave tem que fazer várias passagens para lançar todos os pára-quedistas, o largador aguarda o momento de colocar o militar na rampa. A mão direita do pára-quedistas está sobre o punho do reserva  para evitar aberturas inopinadas.

A ZL é pequena, poucos segundos de "luz verde", a aeronave tem que fazer várias passagens para lançar todos os pára-quedistas. O largador aguarda o momento de colocar o militar na rampa. A mão direita do pára-quedista está (bem) sobre o punho do reserva para evitar aberturas inopinadas.

Nova "patrulha de salto" sai da aeronave. As saídas pela rampa exigem cuidado e espaço entre pára-quedistas superiores à saida pela porta. Note-se aqui que a tira (amarela) de um militar está a roçar no seguinte. Pode provocar um incidente.

O risco está sempre presente e por vezes em detalhes. As saídas pela rampa exigem cuidado e espaço entre pára-quedistas superiores à saída pela porta. Note-se aqui que a tira (amarela) de um militar está a roçar no seguinte. Pode provocar um incidente.

Todas as colotes abertas, segue-se a descida e a preparação da aterragem, a altura do salto onde mais lesões acontecem. Nesta patrulha, um reserva foi aberto (sem querer?).

Descida e a preparação da aterragem. É no momento do contacto com o solo onde mais lesões acontecem. Nesta patrulha um reserva foi accionado (sem querer?), o militar deve tentar recolhe-lo, se o principal não tiver problemas, mas pode aterrar com os dois abertos.

Mais uma aterragem na pista de Tancos, o C-295M irá embarcar mais pára-quedistas e repetir o lançamento sobre o Arripiado.

Aproximação à pista de Tancos. O C-295M irá embarcar mais pára-quedistas e repetir o lançamento sobre o Arripiado.

Alfredo Serrano Rosa, por umas horas voltou a envergar um "rapa" desta vez não para voltar a largar captar as imagens que tornam possiveis estas reportagens!

Alfredo Serrano Rosa, por umas horas voltou a envergar um "rapa" (na gíria o pára-quedas do largador, sem reserva), desta vez não para voltar a largar mas para captar as imagens que tornam possível esta reportagem!

rt13aniversario

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