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REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 10, O Espaço e a Memória

A unidade militar que actualmente está aquartelada na península de S. Jacinto, concelho de Aveiro, tem características que tornam a sua história, entre muitas outras coisas como se verá nesta obra, um bom exemplo do que é a capacidade de adaptação da Instituição Militar e a sua permanente subordinação ao interesse nacional. Embora, como nos tempos que correm e alguns com elevada responsabilidade, gostem de denegrir por acções ou omissões a Instituição Militar, o exame factual da história mostra bem que afinal, “os militares”, cumprem as directivas do poder politico e executam aquilo que em cada momento este determina ser o que o país necessita.

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O percurso pela história do Regimento de Infantaria n.º 10 do Exército Português, nas suas diferentes localizações e organização, desde 1806 até 2013, bem assim como aquilo que foi a vida das unidades militares da Marinha e da Força Aérea que construíram e desenvolveram as instalações militares de S. Jacinto, entre 1918 e 1993, é, talvez, uma das maiores evidências de que no essencial, contra ventos e marés, na monarquia como na república, na ditadura como na democracia, a “força militar” mesmo tendo as armas nas mãos, não resiste à mudança e, certamente como nenhum outro sector do Estado, adapta a sua organização às necessidades definidas pelo poder político, pareçam-lhe elas, ajustadas ou não. Ou seja, estão realmente ao serviço de Portugal.

Esta longa introdução, da nossa exclusiva responsabilidade, surgiu-nos na sequência da leitura de mais um excelente livro “regimental”, o qual foi apresentado em Aveiro no passado dia 12 de Dezembro de 2013 [2].

Estamos perante uma obra muito interessante não só pela singular história da unidade, a qual “engloba” os três ramos das Forças Armadas, o que se não for único no panorama militar nacional é no mínimo muito raro, como pelo manancial de informação que inclui – sobre várias épocas importantes da história de Portugal nas quais a unidade interveio – e ainda, o modo como graficamente a obra está apresentada. Mesmo que a nível da qualidade da impressão, aqui e ali haja um aspecto ou outro que merecia estar melhor, a iconografia do livro é muito boa e o seu design bem ajustado ao conteúdo. E não são apenas as fotografias bem significativas de diversos períodos, mas também – o que já não é tão vulgar – a inclusão de sínteses cronológicas (ilustradas, com factos nacionais e internacionais), representações dos símbolos heráldicos (estandartes e insígnias, muito bem desenhados) e excelentes perfis de aeronaves (que serviram em S. Jacinto na Aviação Naval e Força Aérea).

Como bem referiu o coronel Américo Henriques na apresentação da obra, trata-se de uma história que tem como que duas “asas”: a “terrestre”, inicial, que começa em 1806 no período das invasões francesas, percorre vários pontos do país com as diferentes localizações do regimento – e intervenções para “manutenção da ordem pública” – e também vários países e colónias com as suas campanhas e combates, alguns – gloriosos – esquecidos do senso comum mas aqui lembrados sem ceder ao politicamente correcto, o que não é muito frequente neste tipo de obras, e termina em 1977 com a extinção do Regimento na cidade de Aveiro; a do “ar” que começa em 1916 com a chegada da aviação naval francesa a S. Jacinto e se vai desenvolvendo com a Aviação Naval da Armada Portuguesa, depois a Força Aérea Portuguesa e a formação de pilotos para empenhamento operacional nas guerras de África, as Tropas Pára-quedistas desta mesma Força Aérea depois de 1977 até 1993, com os tímidos empenhamentos iniciais no exterior do território nacional; desde 1 de Janeiro de 1994, com a transferência das Tropas Pára-quedistas da Força Aérea para o Exército, juntamente com todo o seu património – pessoal, instalações, armamento e equipamento, logo tudo o que estava em S. Jacinto também “mudou de farda” – a componente “ar” mantém-se em S. Jacinto pela presença frequente das aeronaves para uso dos pára-quedistas, intensifica-se exponencialmente a participação dos seus militares em missões internacionais, as Forças Nacionais Destacadas, sendo que daqui saiu a primeira de vulto para uma destas missões, em Janeiro de 1996 (Bósnia) e, finalmente, como que a juntar estas duas “asas” da história, em 2006, a unidade de S. Jacinto passa designar-se por proposta do Exército e decisão ministerial, Regimento de Infantaria n.º 10, assumindo assim esta fantástica história de dois séculos.

Como é habitual deixamos aqui o índice da obra para que se possa avaliar melhor o seu conteúdo, a ficha técnica e algumas das suas páginas.

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Estamos perante mais um excelente contributo para a divulgação da história militar portuguesa, o que interessará aos estudiosos e entusiasta da temática, mas também para um álbum de recordação para aqueles que passaram por alguma das unidades aqui tratadas, e são muitas, como as suas localizações antes de S. Jacinto.

O livro tem formato 30,5X21cm, capa dura, 245 páginas profusamente ilustradas. A sua aquisição só é possível na unidade, em S. Jacinto, não está disponivel no circuito comercial.

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Leia também no Operacional, sobre a história militar de S. Jacinto: ESPAÇO MEMÓRIA, EM SÃO JACINTO [31]