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INVASÃO DE PLAYA GIRÓN (CUBA): O 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS DA BRIGADA DE ASSALTO 2506 (2ª PARTE)

Por • 15 Jul , 2009 • Categoria: 09. ONTEM FOI NOTÍCIA - HOJE É HISTÓRIA Print Print

O DIA “D+1” (18ABRIL)

Com o BATALHÃO 339 das MNR de Cienfuegos(10) a suportarem as primeiras investidas dos “brigadistas”, Fidel Castro (depois de estabelecer o seu QG em Palpite) manda em seu auxílio e reforço, uma unidade mais profissional: o BATALHÃO DA ESCOLA DE RESPONSÁVEIS DE MILÍCIAS, comandados pelo capitão José R. Fernández. Paralelamente, ordena à sua Força Aérea Rebelde (composta por 10 aviões e 7 pilotos) que ataque as forças invasoras.

Com esta unidade em marcha, e outras em preparação para entrarem em combate (BATALHÃO DA POLÍCIA NACIONAL REVOLUCIONÁRIA; COLUNA ESPECIAL Nº1 e Nº2 DO EXÉRCITO REBELDE;  BATALHÕES Nº 117; 119; 120; 123; 144; 180; 223 (reforçado); 225; 227; 326 e 327) inicia-se a contra-ofensiva, e os “brigadistas” que controlavam as estradas de acesso a Playa Girón são obrigadas a retroceder até à zona de San Blas, apesar de terem infligido pesadas baixas.

Em Playa Larga, os “brigadistas” são, também, obrigadas a abandonar as posições ocupadas e iniciam um movimento retrógrado até Playa Girón para reforçarem outros grupos ali entrincheirados, deixando (pelas 10H30)  Playa Larga sob o controlo das forças das Milícias Nacionais Revolucionárias.

O mítico guerrilheiro Ernesto "CHE" Guevara de la Serna também participou nos combates contra a Brigada de Assalto 2506. (Foto cedida Biblioteca José Martí/Havana)

O mítico guerrilheiro Ernesto "CHE" Guevara de la Serna também participou nos combates contra a Brigada de Assalto 2506. (Foto cedida Biblioteca José Martí/Havana)

O DIA “D+2” (19ABRIL)

Sem cobertura aérea e sem reabastecimentos de qualquer classe, as unidades regulares da Brigada de Assalto 2506 começam a debandar. Geram-se os primeiros conflitos entre os “brigadistas pára-quedistas” e os “brigadistas” das unidades típicas de infantaria (o 3º Batalhão desorienta-se e são os pára-quedistas que têm de assumir o comando, evitando a debandada).

É iniciado um retrocesso em San Blas, e os pára-quedistas de Alejandro del Valle Martí reagrupam-se num cruzamento de estradas de nome Bermeja. E aqui dá-se um encontro inopinado que vale a pena relatar, pois ilustra de forma categórica a diferença, entre “os militares que têm o privilégio de escutar o ruído do silêncio” e os outros:

– Quando preparavam uma posição defensiva, os pára-quedistas deparam com a aproximação de um veículo tipo “jeep” em direcção das suas linhas de tiro. No interior da viatura, em missão de reconhecimento vindos de Cayo Ramona, viajavam o Comandante Félix Duque  (um dos mais importantes e aguerridos militares castristas na zona de operações) e o capitão Bouza. Não se apercebendo da presença dos pára-quedistas, caíram prisioneiros de forma inesperada. De imediato estabelece-se um diálogo, e o Comandante Félix Duque afirma: « Rapazes, vocês não fazem ideia do que vem aí. Tenho cinco mil homens e catorze carros de combate. É melhor renderem-se. Vocês sabem que vão perder esta guerra

Estupefacto com a audácia do militar de Fidel Castro e perante o silêncio que as suas palavras provocaram, o arrojado Comandante do 1º Batalhão de Pára-quedistas, Alejandro del Valle Martí, ripostou: « Pois você não sabe o que del Valle pode fazer com uma centena de pára-quedistas. »

Findo o diálogo, os dois oficiais prisioneiros das Forças Armadas Revolucionárias foram escoltados para o QG da Brigada de Assalto 2506 em Playa Girón.

Com o avanço das unidades “castristas” em direcção a Playa Girón, acabaram por perder o seu estatuto de prisioneiros, negociando a sua libertação com os seus próprios guardas.

Entretanto a situação no terreno continua a evoluir desfavoravelmente para os “brigadistas”, e pelas 14H40, as únicas saídas para romper o cerco a que tinham sido sujeitos, eram por mar ou pelos tenebrosos pântanos de Ciénaga de Zapata.

Cerca das 18H30, dois navios de guerra da US NAVY que tinham escoltado a frota expedicionária, penetram na Bahía dos Cochinos e enviam botes e lanchas para resgatar (11) o que restava da destroçada Brigada de Assalto 2506. Porém sem grande êxito, pois foram atingidos pelos disparos da artilharia e dos carros de combate (T-34 e SAU 100) de Fidel Castro.

A partir deste episódio, começa a captura de prisioneiros que se tinham escondido e protegido no interior dos pântanos de Ciénaga de Zapata, pois formalmente a Brigada de Assalto 2506 nunca se rendeu.

Prisioneiros da Brigada de Assalto 2506: o primeiro homem da direita é um pára-quedista do 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS. (Foto extraída DVD Playa Girón/Ed. Capitán San Luis-Havana)

Prisioneiros da Brigada de Assalto 2506: o primeiro homem da direita é um pára-quedista do 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS. (Foto extraída DVD Playa Girón/Ed. Capitán San Luis-Cuba)

Ao tomar conhecimento das últimas escaramuças, Fidel Castro emite o «COMUNICADO Nº4» que afirma:

«Forças do Exército Rebelde e das Milícias Nacionais Revolucionárias tomaram de assalto as últimas posições que as forças mercenárias invasoras haviam ocupado em território nacional. Playa Girón que foi o último reduto dos mercenários, caiu às 5 e 30 da tarde.

A Revolução saiu vitoriosa  (…)  destruindo assim em menos de 72 horas o exército que organizou durante muitos meses o governo imperialista dos Estados Unidos. O inimigo sofreu uma esmagadora derrota. (…) Nas próximas horas o Governo Revolucionário brindará o povo com uma informação completa de todos os acontecimentos.

Fidel Castro Ruz, Comandante em Chefe das Forças Armadas Revolucionárias


ACONTECIMENTOS PÓS-DERROTA

Terminados os combates, o número de mortos entre os “brigadistas” ultrapassou a centena e os capturados tiveram a impressionante cifra de 1.197 homens.

Cansados, esgotados fisicamente e ansiosos quanto ao futuro, os prisioneiros foram transportados para o Palácio dos Desportos, no centro de Havana. Separados por grupos e/ou batalhões, ali foram identificados e interrogados individualmente, sendo os seus depoimentos gravados e publicitados na televisão. Esta angustiante parada prolongou-se por quatro noites.

Havana/Palácio dos Desportos: os prisioneiros foram separados por grupos e unidades e interrogados individualmente. (Foto arquivo Latinamerica Studies)

Havana/Palácio dos Desportos: os prisioneiros foram separados por grupos e unidades e interrogados individualmente. (Foto arquivo Latinamerica Studies)

No dia 17MAI61 Fidel Castro deixa,  num discurso perante a Associação Nacional dos Pequenos Agricultores, brilhar uma pequena luz de esperança de liberdade para estes homens, quando afirmou: «…A história conta que em certa ocasião os espanhóis trocaram os soldados de Napoleão por porcos. Nós, neste momento, estamos a ser um pouco mais delicados: trocaremos com o imperialismo soldados por tractores

Desde logo começa um processo de negociações que contou com avanços e recuos, propostas e contra-propostas no que concerne aos produtos a trocar: tractores, alimentos, medicamentos e respectivas formas de pagamento.

Finalmente, a 22 de Dezembro de 1962, depois de terem sido trocados por alimentos, medicamentos e compotas, num valor aproximado de 62 milhões de dólares, os integrantes da Brigada de Assalto 2506 começam a ser libertados, desde a Base Aérea de Santo António de Los Baños, partindo em voos directos para os EUA (Base Aérea de Homestead na Florida).

29DEZ1962: o Presidente John F. Kennedy recebe a histórica bandeira da Brigada de Assalto 2506. (Foto C. Stoughton/JFK Presidential Library and Museum)

29DEZ1962: o Presidente John F. Kennedy recebe a histórica bandeira da Brigada de Assalto 2506. (Foto C. Stoughton/JFK Presidential Library and Museum)

Uma vez transferidos os sobreviventes na totalidade para os EUA (alguns “brigadistas” foram fuzilados e outros morreram asfixiados no transporte dos campos de batalha para Havana), o Presidente John F. Kennedy foi propositadamente a Miami (Estádio Orange Bowl) no dia 29 de Dezembro de 1962, para passar uma revista à Brigada de Assalto 2506 recém-chegada do cativeiro.

Depois de inflamados discursos de ambas as partes, e para encerrar as cerimónias de boas-vindas, José Pérez San Roman, Comandante militar da Brigada, voltou-se para o Presidente dos EUA e disse: « Sr. Presidente, nós, os homens da BRIGADA DE ASSALTO 2506, oferecemos-lhe a nossa bandeira, depositamo-la temporariamente nas suas mãos para que a guarde em segurança.» O presidente, emocionado, desdobrou a bandeira e declarou: « Comandante, asseguro-vos que esta bandeira será devolvida a esta Brigada numa Havana livre

Quarenta e oito anos depois, a histórica bandeira continua depositada em território norte-americano!

A GESTA DO 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS

Os combatentes do 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS da Brigada de Assalto 2506 foram os primeiros a entrar em combate e os últimos a baixarem as armas, depois de terem ficado sem munições, alimentos e água.

«Água para um pára-quedista prisioneiro»: os milicianos ao serviço de Fidel Castro souberam reconhecer quem lutou com bravura e galhardia até ao fim da batalha. (Foto arquivo cubano)

«Água para um pára-quedista prisioneiro»: os milicianos ao serviço de Fidel Castro souberam reconhecer quem lutou com bravura e galhardia até ao fim da batalha. (Foto extraída do DVD PLAYA GIRÓN/Ed. Capitán San Luís/Cuba)

Combateram com galhardia e audácia em lugares como Central Austrália, Palpite, San Blas, Soplillar, Cayo Ramona, Central Covadonga, Bermeja e Yaguaramas, fazendo jus à sua condição de tropas de escol, independentemente da causa que serviram “fundamentada” pela escória que geralmente se instala no mundo da política.

Tiveram a mais alta taxa de mortos, feridos e prisioneiros comparativamente com os outros batalhões de infantaria.

Para ilustrar a sua bravura nos campos de batalha, nada mais significativo do que citar as palavras de Fidel Alejandro Castro Ruz, na qualidade de Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Revolucionárias, quando perante o seu próprio povo, jornalistas observadores e funcionários do governo, analisou pessoalmente as principais acções de combate, identificando os seus mais temidos inimigos:

«…No que respeita a baixas, as nossas forças sofreram algumas. Estas foram devidas em primeiro lugar ao facto de eles terem largado pára-quedistas, no primeiro dia de ataque, na retaguarda das nossas forças que defendiam as praias, as quais tiveram de lutar para evitarem o cerco e a sua aniquilação total. (…) Igualmente, o ataque a Playa Larga causou fortes baixas porque teve de ser conduzido numa estrada completamente batida pelo fogo dos morteiros e canhões S/R do inimigo (leia-se pára-quedistas). (…) E também na área de San Blas (defendida por pára-quedistas). Onde quer que atacássemos, eles (leia-se pára-quedistas) ripostavam com fogo cerrado de armas automáticas, morteiros e canhões anti-tanques…» (12).

Placa do interior do Museu Playa Girón. (Foto do autor)

Placa do interior do Museu Playa Girón. (Foto do autor)


NOTAS:

(*) Para a elaboração deste trabalho foram consultadas obras de referência editadas em Cuba, nos EUA (Miami) e em outros países europeus, assim como bibliotecas cubanas (Bilioteca José Martí) e visitas a alguns locais onde se desenrolaram combates na República de Cuba. O cruzamento dos principais acontecimentos, datas, nomes e outras referências na totalidade das obras consultadas, foi determinante para a selecção dos principais factos aqui narrados.

A alteração dos adjectivos “apátridas”, “mercenários”, “traidores”, “esbirros comunistas”, “ditadores”, “ditadura fidelista”, etc., etc., frequentemente usado nos escritos dos beligerantes em causa, por outros menos insultuosos, mas mais identificadores sob o ponto de vista histórico, é da total responsabilidade do autor.

Para uma correcta identificação das localidades, optou-se por manter a grafia original, evitando “traduções” inoportunas.

As fotos, quase sempre feitas por “brigadistas” amadores em condições difíceis, apresentam uma qualidade sofrível. Porém, foram seleccionadas as mais representativas (possíveis) das actividades do 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS da Brigada de Assalto 2506, o leit-motiv deste artigo.

Registo aqui, também, o meu agradecimento a todos aqueles que com a sua colaboração directa ou indirectamente, tornaram possível a concretização deste artigo, e aos veteranos combatentes “fidelistas” de Playa Girón (que numa feliz coincidência encontrei em 17ABR04 no Museu do Ar, em Havana) que me mostraram a linha ténue que separa ideal e intolerância, tornando possível a análise, sem comprometimento, de duas visões sobre um mesmo acontecimento histórico.

  1. A opção por esta designação parece-me ser a mais fiel, pois é o nome dado ao local pelos cubanos. A tradução de “Cochinos” para o inglês “Pigs” é, no caso vertente, incorrecta. “Cochinos” é o nome de um peixe, existente nesta baía. Daí o nome de “Bahía dos Cochinos”. Nada tem a haver com “porcos”.
  2. Acrónimo de Central Intelligence Agency (Agência Central de Inteligência): agência governamental dos EUA fundada em 1947 pelo Presidente Harry S. Truman. Tem como missão principal a recolha e análise de informações além-fronteiras para preservar a segurança nacional do país. Em alguns momentos históricos (período da Guerra Fria), ultrapassou as suas competências de espionagem, envolvendo-se no treino de guerrilheiros e grupos terroristas, para promover golpes de estado em países que não prestavam vassalagem às suas políticas. Após os atentados terroristas de 11SET01, reorientou o seu esforço de pesquisa para combater o terrorismo internacional.
  3. O nome «Garrapatenango» foi dado pelos futuros pára-quedistas ao local onde iniciaram a instrução. Para além de toda a espécie de bicharada, os ácaros do gado tornou-se um problema de difícil solução, pelo que a base passou a ser conhecida por « Garrapatenango», ou « Base dos Carrapatos ».
  4. O número “2506” é adoptado pela seguinte razão: em 16 de Maio de 1960, um grupo de jovens exilados cubanos (o primeiro núcleo da futura brigada) são transportados para a Ilha Useppa – Forte Gullick (Zona do Canal do Panamá) para iniciarem o seu treino militar. Os primeiros dez a chegarem são submetidos a exames médicos, sendo-lhes atribuído um número de inscrição que começaria por “2501”. O número “2506” foi atribuído ao “brigadista” CARLOS RODRIGUEZ SANTANA (Carlay) – o 6º homem a ser inspeccionado – que sofreu um acidente mortal durante a instrução. Por ter sido o primeiro acidentando é atribuído o número “2506”, em sua homenagem, por proposta do Comandante militar José Pérez San Román, para identificar e designar oficialmente a Brigada de Assalto.
  5. Tomás Cruz, brigadista nº 2548 e comandante da Companhia de Pára-quedistas “A” foi um dos primeiros negros a incorporar-se na Brigada de Assalto 2506. Tornou-se muito conhecido pela resposta que deu a Fidel Castro quando este, num diálogo directo que manteve com os prisioneiros de guerra, lhe disse: «Porque estás tu com eles? Não sabias que antes não deixavam os negros banharem-se nas praias?» Em resposta, e na condição de prisioneiro, Tomás Cruz retorquiu: «Comandante, eu não vim aqui para banhar-me na praia.» Depois de libertado tornou a protagonizar outro momento histórico, quando abraçou de forma inesperada o Presidente dos EUA, John F. Kennedy, num encontro que este manteve com os recém-libertados “Brigadistas”.
  6. Nestor Pino Marina, comandante da Companhia de Pára-quedistas “C” ingressou, depois de ser libertado, no Corpo de Marines dos EUA onde passou à reserva com o posto de Coronel.
  7. Florêncio de Peña Flores, comandante da Secção de Canhões S/R 57mm do 1º Batalhão de Pára-quedistas ingressou no Exército dos EUA, depois de libertado, e reformou-se com o posto de Major.
  8. Este oficial desempenhou as funções de Chefe do FDC (Fire Direction Center) do 1º Batalhão de Pára-quedistas. Informações contraditórias afirmam que também ficou responsável pela coordenação de todo o apoio de fogos do 1º Batalhão de Pára-quedistas.
  9. Este grupo de «Comandos» que formaram o Batalhão Especial não chegaram a entrar em combate.
  10. Esta unidade de Cienfuegos teve inicialmente o número 319. Uma vez desmobilizados em 2 de Abril de 1961, foram posteriormente chamados no dia 11, para se apresentarem com urgência no aeroporto de Cienfuegos. Outra vez juntos e mobilizados receberam novo número: 339.
  11. As semelhanças deste episódio fazem lembrar o que se passou em Dunquerque – 2ª Guerra Mundial, embora sem qualquer êxito para a esmagadora maioria dos “brigadistas”. Ali não foi possível reeditar-se Dunquerque.
  12. In Playa Girón – Derrota del Imperialismo, Vol. I, II ,II ,IV – Habana, 1962.


SUPORTE DOCUMENTAL

– ROS, ENRIQUE. Girón: la verdadera historia. Ediciones Universal, Miami, Florida, 1998.

– JOHNSON, HAYNES. A Baía dos Porcos. Editora Meridiano, Lisboa, 1964

– CARRÉ LASCANO, ELIO. Girón: una estocada a fondo. Editado por el Depto. de Orientación Revolucionaria del CC del PCC, La Habana, 1975.

– VALDÉS-DAPENA, JACINTO. Operación Mangosta: Preludio de la invasión a Cuba. Editoral Capitán San Luís, La Habana, 2002.

– Revista “EL OFICIAL”, Março-Abril, La Habana, 1971. (consultada pelo autor, em 2004, na Biblioteca José Martí em Havana-Cuba)

– CORRALES, RAÚL. Girón – memorias de una victoria. Percorsi Immaginari Edizioni, Roma, 2001.

– ESCALANTE FONT, FABIÁN. La guerra secreta – 1963: el complot. Editorial de Ciências Sociales, Ciudad de La Habana, 2004.

– DEL PINO, RAFAEL. Amanecer en Girón. Dirección Politica de la FAR, La Habana, 1969.

– Cedisac-Prensa Latina. “Todo de Cuba”. CD-Room, 2000.

http://www.cuba.cu/gobierno/discurso

– http://www.autentico.org

– http//www.aguadadepasajeros.bravepages.com

– http//www.canf.org

– http//www.nnc.cubaweb.cu

– http//www.escambray.islagrande.cu/banditismo/índex.htm

alexandre11

ALEJANDRO E. DEL VALLE MARTI

Comandante do 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS

da

Brigada de Assalto 2506

Militar formado nos estabelecimentos de ensino militar das Forças Armadas da República de Cuba, durante o consulado de Fulgêncio Batista y Zaldívar, parte para o exílio nos EUA no último trimestre de 1959, tendo-se integrado desde logo, no mesclado movimento anti-castrista que ali se organizava e desenvolvia com o indiscutível apoio técnico, material e ideológico da Agência Central de Inteligência – CIA.

Em 1960 oferece-se, como voluntário, para integrar o projecto militar que viria, mais tarde, a ser baptizado de « BRIGADA DE ASSALTO 2506 », tendo obtido como “brigadista” o nº 2546.

Escolhido para preparar e comandar o 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS (o único elemento de manobra da Brigada de Assalto 2506 habilitado a fazer uso do “envolvimento vertical”), lança-se nos céus de Cuba, à frente dos seus 178 comandados, ao amanhecer de 17 de Abril de 1961, depois de suportar, aproximadamente, seis horas de voo a bordo dos veteranos aviões de transporte DOUGLAS C-54 SKYMASTER e CURTISS C-46 COMMANDO.

Enfrentando, ainda no ar, as primeiras acções de resistência dos milicianos de Fidel Castro Ruz, os seus pára-quedistas aterram bastante dispersos, ficando privados de recuperar parte dos equipamentos pesados (morteiros e munições) que se perdem nos pântanos que circundam uma grande área de Ciénaga de Zapata, a controversa Zona de Lançamento (ZL).

Apesar dos imprevistos cumprem a missão atribuída e combatem até ficarem sem munições. Perante a impossibilidade de serem reabastecidos, e confrontados com uma feroz e organizada resistência levada a efeito por forças das Milícias Nacionais Revolucionárias (MNR) e do Exército Rebelde sob o comando de Fidel Castro, ordena um movimento retrógrado ao que restava do seu batalhão.

Em retirada desordenada (19ABR61) consegue alcançar (com mais 22 “brigadistas”) um barco à vela (com 6,5 metros de comprimento) usado na pesca local, de nome “Célia”, para sair de Playa Girón e, enfrenta o mar, na esperança de que os meios de salvamento das unidades da Marinha dos EUA presentes na área de operações, o localizasse. Porém, ao fim de muitas noites à deriva nas traiçoeiras águas do Golfo do México, exausto, sem água potável e alimentos, acaba por morrer (30MAI61) de fome e desidratação.

N.A.: Os dados que compõem este breve apontamento biográfico são da total responsabilidade do autor. Perante a inexistência de qualquer obra publicada, (é a primeira vez que se publica algo consistente sobre a biografia deste pára-quedista) e confrontado com profundas contradições nos depoimentos dos “brigadistas”, optou-se por transcrever os traços que eram coincidentes na  maioria dos textos que vieram a público.

INVASÃO DE PLAYA GIRÓN (CUBA): O 1º BATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS DA BRIGADA DE ASSALTO 2506 (1ª PARTE )

 

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