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GIOE/GNR – 2019: NOVO EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL E ARMAMENTO

Por • 8 Out , 2019 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 07. TECNOLOGIA Print Print

O Grupo de Intervenção de Operações Especiais da Guarda Nacional Republicana acabou de introduzir novo equipamento de protecção individual (EPI) e armamento. Estivemos de visita a esta força especial da Unidade de Intervenção da GNR, assistimos a dois exercícios, apresentamos estas e ainda outras novidades. Depois de em 2016 termos estado no GIOE voltamos agora para fazer este “ponto de situação” sobre aquilo que de novo a GNR colocou à disposição desta unidade e as suas últimas actividades.

O  GIOE/GNR adoptou a cor verde para os novos Equipamentos de Protecção Individual – stone grey olive – e substitui assim o preto e o camuflado das últimas décadas. A HK MP5 Navy 9mm veio substituir anteriores modelos da mesma arma.O capacete é um Mehler Vario.

As alterações são realmente muitas e a evolução, mesmo que não possa ser apenas atestada por estes aspectos materiais que agora vamos abordar, mostram que – como aliás é típico nas unidades de forças especiais um pouco por todo o mundo – a abertura à inovação, a procura de novas e melhores soluções para ultrapassar os problemas reais que vão encontrando, a cooperação internacional, têm produzido resultados. Claro que o facto de a unidade ter um efectivo relativamente reduzido facilita a atribuição dos recursos necessários.

Neste artigo não vamos abordar os aspectos relativos à história e organização do GIOE uma vez que no essencial se mantém o que aqui vimos em 2016 e então publicamos no artigo O GRUPO DE INTERVENÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DA GNR.

Novos EPI e armas. Da esquerda: HK 417 A2 7,62mm x51; HK MP 5 Navy 9mm x19; HK 416 A5 5,56mm x45; Glock 19X 9mm Luger e escudo balístico Paraclete Bellator ; HK G-28 E 7,62mm x51; HK 417 A2 7,62mm x51; HK 417 A2 7,62mm x51.

O novo Equipamento de Protecção Individual

Durante alguns anos a cor preferida para os uniformes de intervenção deste tipo de unidades foi o azul muito escuro ou mesmo o preto e o GIOE também seguiu este modelo. No entanto tendo em consideração que a principal área de intervenção desta força é em ambiente rural – mesmo que depois possam ter que intervir por exemplo num edifício, ou num navio – acabou por se chegar à conclusão que o verde (um tipo de verde em particular, como pode ser visto nas fotos, o “stone grey olive”) é aquele que confere mais “camuflagem” para as várias situações. É bem mais discreto, menos visível que o preto na esmagadora maioria dos casos. O uniforme camuflado que estava destinado às missões exteriores (fora do país) também apresentava algumas limitações e, salvo alguma missão muito em especial, o verde cumpre bem essa função e assim, acabou por substituir ambos os uniformes operacionais em uso no GIOE. Para as intervenções tácticas em terra também se abandonou o conceito do fato de uma única peça (tipo fato de voo dos pilotos) e optou-se por duas, calças e dólman/ou camisa de combate. No caso das operações marítimas a opção foi um “fato seco” de uma só peça o que naturalmente se compreende, em caso de acção dentro de água é estanque. 

Este Equipamento de Protecção Individual (EPI) inclui o fardamento para emprego táctico. Parte substancial foi fornecido por uma conceituada marca norueguesa, o NFM Group, artigos usados em muitas forças especiais. Sem ser exaustivo em características referimos que por exemplo, os coletes balísticos foram desenvolvidos por esta firma para o GIOE e têm por base o modelo Mor Thor, com protecção até 7,62mm na frente e lateral e 9 mm ombros. Já os “fatos secos” para operações marítimas provêem da Mustang Survival, marca também de referência nesta área. Mas houve outras opções na procura dos materiais mais adequados à realidade nacional e com melhor relação qualidade/preço. Por exemplo, os capacetes balísticos por exemplo são da Team Wendy e da Mehler, as botas da Salomon e as luvas tácticas Kinetixx. Novidade ainda na área das comunicações que assentam nos rádios Motorola, os periféricos para uso individual Silynx Clarus, que permitem, entre outros aspectos, a ligação a um “radio de secção” e a um telemóvel ao mesmo tempo, ligação à internet e Bluetooth, controlo do ruído auscultadores, permitindo uma grande flexibilidade de configurações. Para quem gosta de detalhes, basta procurar na internet por estas designações e os catálogos de todos estes equipamentos estão disponíveis!

A Glock 19X, em destaque a comparação com o carregador da Glock 19. A lanterna é uma Stream Light TLR 1 HL. Com o uniforme está ser usado o equipamento da NFM e os porta-placas balísticas com as “SA NIJ IV”

Novas armas

A pistola Glock 19X 9mm, com mais munições no carregador e detalhes melhorados na forma já começa a substituir a Glock 19, também 9mm;

A pistola-metralhadora HK MP 5 9mm Navy com diferenças em relação a outras versões desta arma que também existem no GIOE, como no selector de tiro e apoio de ombro também já está ao serviço, substituindo várias versões desta mesma MP5 que estavam em uso;

Nas espingardas a opção foi substituir as HK G-36 5,56mm por espingardas HK 416 5,56mm e HK 417 7,62mm e ainda introduzir uma nova arma para uso dos snipers, a HK G-28 7,62mm para substituir a HK MSG 90 7,62mm, mantendo-se em uso a B&T (Brügger & Thomet AG) calibre 7,62mm e a Accuracy International AW.50.

A escolha destas armas decorreu depois de testes realizados em Portugal por militares do GIOE, da observação das experiências e dos relatos de forças congéneres com as quais o GIOE actua e tem estreita cooperação. Em Portugal algumas destas espingardas HK estão ao serviço, como no Grupo de Acções Tácticas da Policia Marítima / Autoridade Marítima Nacional, no Núcleo de Operações Tácticas de Projeção / Força Aérea Portuguesa e mas sobretudo na Força de Operações Especiais / Exército Português que apesar da aquisição da “família de armas FN” as irá manter ao serviço.

Estas novas armas como se pode verificar nas imagens usam diferentes miras ópticas, Trijicom ACOG, Aimpoint e Schmidt and Bender, além de sistemas de pontaria laser Steiner e lanternas Surefire e Streamlight.

No chamado “pack” Missões Exteriores, leia-se, para uso em missões internacionais, como as que já realizaram no Iraque ou em Timor-Leste, estão incluídas, além naturalmente destas novas armas, as metralhadoras Browning .50,  FN Mag 7,62mm e HK MG 4 5,56mm e ainda os lança granadas automáticos 40mm HK GMG.

Duas HK 417 A2 7,62mm x51, estando a que está em primeiro plano equipada com bolsa para recolha de invólucros, necessária por exemplo nas operações em que se faz fogo a partir de helicópteros. O GIOE já tem efectuado treino deste tipo de tiro com a Força Aérea Portuguesa. Ambas as armas estão equipadas com miras ópticas Trijicom ACOG e visores RMR (Ruggedized Miniature Reflex). Ambas têm também adaptados os designadores laser DBAL – D2 da Steiner, ambas com silenciador

HK MP 5 Navy 9mm x19 com mira óptica Aimpoint e silenciador.

HK G-28 E 7,62mm x51 com mira óptica Schmidt & Bender (especifica para a HK) 3-20X50 PM II e Aimpoint Micro T-1 MOA e silenciador. Note-se ainda na foto em destaque o sistema Sylinx (ver texto).

HK 416 A5 5,56mm x45, aqui com mira óptica Aimpoint, designador laser DBAL – D2 da Steiner e lanterna Surefire. Esta espingarda, a HK MP 5 Navy e a Glock 19X passarão a ser as “armas padrão” do GIOE. Aqui sem silenciador, mas também o usam como veremos no exercício de operações marítimas.

HK 417 A2 7,62mm x51 com mira óptica Schmidt & Bender, designador laser DBAL – D2 da Steiner e lanterna Surefire. Nesta apresentação e no exercício táctico os militares usavam os capacetes balísticos da Mehler Vario.

As malas de transporte são muito úteis no tipo de deslocações / intervenção que o GIOE faz e poupam o material!

Pontinha/Lisboa. O Centro de Treino do GIOE no quartel da Unidade de Intervenção na Pontinha é modular, tem “geometria variável” em minutos pode ser alterada a disposição das divisões, e permite fazer fogo real. Assistimos a um treino executado por uma equipa da 1.ª Companhia de Operações Especiais.

Treino de Intervenção Táctica no SOF – TC da Pontinha

Este espaço no quartel da Unidade de Intervenção da GNR na Pontinha, dedicado a instrução e exercícios é bastante versátil e seguro, sendo rudimentar mas prático! Trata-se de um hangar muito simples no interior do qual, através de “paredes móveis” e algum mobiliário se pode configurar o interior de uma habitação, quer para instrução e treino quer, quem sabe, como modelo para planear uma intervenção real. É usado um sistema muito simples de amortecimento dos impactos das munições reais nos alvos, também amovível (podem-se colocar onde bem se entender e variar a cada exercício) e, por cima de todo o conjunto, uma plataforma metálica permite aos instrutores fazer o acompanhamento das acções. Há ainda uma área na qual, mesmo de dia, fechando as entradas de luz, é possível treinar operações nocturnas. Simples, versátil, barato, eficaz.

Aqui assistimos a um treino de intervenção táctica, com fogo real, em que a equipa do GIOE interveio para deter, neutralizar, “indivíduos perigosos que dispõem de armas de fogo e já as tinham usado em assaltos”, barricado em várias divisões de uma casa em espaço rural. Fracassada a fase de negociação, a entrada no edifício obrigou ao rebentamento da porta com explosivos e depois, divisão a divisão, escudo balístico na frente e uso de granadas Flash Bang (atordoamento), os três criminosos foram abatidos a tiro de MP 5.

O explosivo é colocado fica agarrado à porta através de um potente adesivo

Dentro de instantes será detonado por accionamento eléctrico, a equipa protege-se.

O escudo balístico é imprescindível nestas acções. Curiosamente era um tipo de equipamento típico das forças policiais mas que agora também tem sido usado por militares. As forças portuguesas na RCA têm feito uso deles em acções reais e vários foram alvejados!

O SOF – TC, bem visível como está organizado o “apartamento” e também a plataforma superior para uso dos instrutores.

Um após outro todos os “bandidos” são abatidos a tiro de 9mm.

Mais um treino realizado é tempo de balanço. A actividade operacional anula do GIOE mantém-se relativamente estável nos últimos anos, cerca de 100 acções / ano dos mais diversos tipos. O tempo tem que ser bem gerido para permitir conciliar a actividade operacional com treino regular, aperfeiçoamento, evolução.

Mitrena – Setúbal: Equipa da 1.ª Companhia de Operações Especiais que participou no treino de operações marítimas. Todos estão armados com a HK 416 A5 5,56mm. No solo a “escada em espinha” (Escada Táctica Ultraleve da Henriksen) e na bobine a “escada francesa” em cabo de aço. A equipa fazia uso dos novos “fatos secos” referidos no texto.

Abordagem não permissiva na Mitrena-Setúbal

O GIOE em cooperação estreita com a Unidade de Controlo Costeiro da GNR tem desenvolvido nos últimos anos esta capacidade para realizar operações marítimas. É aliás uma das fases do Curso de Contra-Terrorismo que todos os militares candidatos ao GIOE têm que ultrapassar(1). Este tipo de formação destina-se a responder à necessidade de cumprir mandatos judiciais em ambiente marítimo, por exemplo em navios atracados em portos nacionais ou que se localizem a navegar até às 12 milhas da costa. Como órgão de polícia criminal uma unidade da GNR pode estar a investigar um processo (por exemplo, tráfico de droga) e deparar-se com a necessidade de efectuar uma busca num navio, ou até cumprir um mandato de detenção de um suspeito que se encontre ou se refugie a bordo de um navio, e aí, o GIOE e a UCC, habituados a treinar em conjunto e sendo forças da mesma instituição, podem quase instantaneamente e com segurança dar “seguimento ao assunto”. 

A escada táctica é leve, robusta e de fácil transporte.

Outra unidade da GNR que coopera bastante com o GIOE é o Grupo de Intervenção Cinotécnico, valência cada vez mais é usada quer em forças policiais quer militares um pouco por todo o mundo.

Mesmo que já nos tivessem falado operações marítimas em 2016, agora tivemos oportunidade de assistir a um treino. Na realidade com a chegada dos novos equipamentos especialmente dedicados a esta área, como os “fatos secos “ Mustang Survival e as escadas de abordagem (vimos dois tipos, uma rígida – “em espinha” – e outra flexível – “francesa”), o GIOE está mais capacitado para este tipo de operações.

A Cooperação estreita com a Unidade de Controlo Costeiro da GNR é fundamental para o sucesso destas operações marítimas que o GIOE desenvolve. Só com muito treino conjunto num meio adverso como é este em que actuam, se podem conseguir bons resultados operacionais.

No rio Sado, Mitrena/Setúbal, assistimos a um treino de “abordagem não permissiva” efectuada por uma equipa de Operações Especiais da 1.ª Companhia de Operações Especiais do  GIOE, com o apoio de uma Embarcação de Alta Velocidade da UCC, a “Albaroada” (2).  Supostamente o navio estava a navegar e era necessário entrar a bordo com urgência antes que o navio deixasse território nacional. Este tipo de operações podem naturalmente ser executadas de dia como de noite e embora na realidade, neste caso a que assistimos, o navio estivesse parado, quando está a navegar a dificuldade aumenta consideravelmente e a coordenação com o tripulação da lancha (patrão, piloto e mecânico) é essencial. Naturalmente que uma abordagem sem cooperação do navio, ou pior se houver resistência, as coisas são bem complexas. Para isso servem os treinos!

O tipo de embarcações da UCC que o GIOE usa depende naturalmente da missão, mas a Lancha Albaroada com os seus três potentes motores é uma das mais utilizadas.

E nesta área, mesmo que isso seja desconhecido de muitos, o GIOE já tem alguma experiência acumulada quer através da realização de exercícios com forças congéneres no estrangeiro no âmbito da Rede Altas (ver O GRUPO DE INTERVENÇÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DA GNR), quer em território nacional. Aqui mesmo na Mitrena por exemplo, o GIOE já organizou um exercício de “abordagem permissiva e não permissiva” e outro semelhante em Glória do Ribatejo com forças de países como Alemanha,  França, Holanda, Espanha, Itália, Noruega e Finlândia. Todos estes países fazem parte do Grupo Naval da rede Atlas onde estes temas são trabalhados e onde muitos dos equipamentos são testados. Neste momento está mesmo em avaliação a criação de um Grupo Naval do Sul na Rede Atlas, uma vez que os problemas que surgem por exemplo no Báltico, no Canal da Mancha ou no Mar do Norte, são naturalmente diferentes daqueles que afligem o Mediterrâneo, Canárias, Açores ou Madeira, mesmo com muitos pontos em comum. O GIOE também tem participado em exercícios neste âmbito no estrangeiro, quer no Báltico quer no Sul de Espanha, e também participou recentemente no SOFEC / EMGFA (3) na Madeira. 

Uma das provas do reconhecimento internacional que já granjeou está na nomeação de um dos seus oficiais – o major comandante da 1.ª COE – para dar formação em França no âmbito do AQUAPOL (4), e exactamente em “abordagens permissivas e não permissivas, como 1.ª resposta a ataques terroristas em navios mercantes”.

Identificado o navio que vai ser abordado a aproximação é cuidadosa

A montagem da “escada em espinha” é rápida e fácil.

Um detalhe interessante, os degraus (em “v”) permitem que no caso da subida ser feita por vários militares, a mão do “de baixo” fica protegida caso o “de cima” tenha a bota nesse mesmo degrau! As “bolsas” castanhas no equipamento são flutuadores de emergência, accionados automaticamente se o militar cair na água.

A subida pela “escada francesa” ou “escada de corda” (embora seja em aço) é mais difícil, embora tenha uns bons metros a mais que a “em espinha”. Em detalhe o “gancho” que agarra ao navio.

A “lança” telescópica em acção aqui para retirar a escada e dar por encerrado este treino.

O “fato seco” recentemente introduzido no GIOE, permite ao militar em caso de queda na água um elevado grau de isolamento térmico.

Foi mais um treino também para a tripulação da “Albaroada” (Patrão, Piloto e Mecânico) elemento essencial nestas operações!

Operações exteriores

Nos últimos anos o GIOE não tem participado em operações exteriores como em tempos fez no Iraque ou em Timor Leste, com forças constituídas, mas militares seus – como outros militares da GNR – têm estado em vários teatros de operações da actualidade. Na realidade tem passado relativamente despercebido do grande público, mas a GNR tem oficiais, uns em permanência outros por períodos de tempo variáveis, nos países do Shael. São missões no âmbito da União Europeia que têm como objectivo reforçar a capacidade das forças da Mauritânia, Mali, Senegal, Níger, Burkina Fasso e Chade. Só por aqui se vê a enormidade da missão, a qual é integralmente paga por fundos europeus. A criação e desenvolvimento dos chamados GAR-SI SAHEL Groupes d’Action Rapides – Surveillance et Intervention au Sahel, tem levado militares da GNR a estes países com grandes áreas em verdadeiro estado de guerra, para ministrar formação e avaliar a evolução do levantamento das forças especiais que estão a ser criadas e equipadas (a EU só não fornece armamento a estas novas forças, tudo o resto, das viaturas às infra-estruturas, ao equipamento e fardamento, tudo é pago pela EU). Um dos militares que têm estado envolvidos nestas missões, por vezes acompanhando forças em operações em alguns destes países, é o Tenente-Coronel comandante do GIOE.  A EU patrocinou a criação em cada um destes países de uma unidade de escalão companhia (duas no Burkina Fasso), as quais têm valências que podemos considerar de forças especiais, havendo já países que desejam aumentar esses efectivos treinados. É um grande esforço da UE no qual Portugal através da GNR e do GIOE também participa.

A prontidão para uma intervenção autónoma fora do território nacional, ou empenhados numa força multinacional mantém-se. Em caso de urgência – e isto é treinado – está pronto um escalão avançado que pode partir em muito pouco tempo a fim de preparar a entrada da restante força.

As duas viaturas (Audi e BMW) de Alerta imediata e a novíssima Viatura Posto de Comando do GIOE. No GIOE estas viaturas – as primeiras a sair e as que primeiro têm que chegar ao local de um Incidente – não estão descaracterizadas propositadamente. A experiência foi mostrando que as viaturas sem qualquer simbologia, mesmo com luzes e sirenes, têm mais dificuldade em alertar os condutores para “abrir passagem”. Mesmo tendo outras viaturas descaracterizadas estas em concreto, diz-lhes a experiência, conseguem penetrar melhor no trânsito.

A equipa de alerta tem todo o seu material – armamento e munições incluídas – nas viaturas. O tempo de reacção a um alerta é mínimo. Em detalhe o sistema de colocação da arma para deslocamento. aqui no Audi. Demora um segundo a ficar na mão do operacional!

Muitas vezes são os militares da Guarda ou os agentes da PSP que andam na rua em patrulha, os primeiros a ter que enfrentar actos de elevada violência. Mas também é verdade que em muitas ocasiões – as mais graves e complexas – só a chegada em minutos das unidades especiais permite neutralizar os atacantes e salvar vidas. Na foto em detalhe o sistema de colocação da arma, aqui uma HK MP 5 no BMW.

Conclusão

De acordo com os Níveis de Emprego Operacional da GNR, o GIOE só intervém quando a situação é extremamente grave. Se o nível do Patrulheiro – aqueles que a toda a hora dão a cara Pela Lei e Pela Grei – não resolve, segue-se o Destacamento de Intervenção territorial uma resposta já mais robusta. Mas pode haver necessidade de fazer intervir mesmo as Companhias de Ordem Pública da Unidade de Intervenção e, por fim, se a situação o exigir, as Operações Especiais. Claro que em várias ocasiões um qualquer Incidente Táctico Policial tem tais características que o GIOE avança de imediato. Para isso tem um Grupo de Alerta com uma equipa de prevenção 24/24horas e duas viaturas onde têm o seu equipamento e armamento já colocado para sair. Depois desta resposta instantânea seguem-se as outras equipas com tempos de resposta um pouco mais alargados, seguindo-se as equipas técnicas e os negociadores.

Além desta Resposta Rápida a situações inopinadas, o GIOE cumpre mandatos de busca e de captura quando há indicações de elevada perigosidade no alvo, garante segurança pessoal a altas entidades e desenvolve investigação criminal, através dessa sua secção, aspecto que também desenvolvemos no anterior artigo. Para dar uma ideia muito geral, em 2018 o GIOE contabilizou 105 missões – uma a cada 3 dias do ano – das quais se destacam 40 buscas domiciliárias, quando no ano anterior tinham sido 32 destas buscas e em 2016, 44. A estas juntam-se reconhecimentos, apoio aos comandos territoriais, segurança pessoal, segurança física e segurança próxima. Compatibilizar esta actividade operacional real com a formação e sobretudo o treino é um dos grandes desafios da unidade.   

No total são pouco mais que uma centena de militares, estando neste momento a decorrer um Curso de Contra-Terrorismo(5) que irá trazer reforço à unidade, mesmo que a taxa de reprovações seja elevada.

No GIOE vive-se um estado de permanente aperfeiçoamento, anos e anos de aprender fazendo desde o Grupo Especial de Intervenção de 1978, mas também de ir buscar conhecimento a quem sabe mais, o que se traduz na melhoria das efectivas capacidades. Naturalmente que o emprego em muitas situações reais, enfrentado criminosos, gente perigosa que não hesita em usar armas de fogo, é uma motivação acrescida. Na maior parte das vezes que o GIOE é empregue, quando as suas duas potentes viaturas de alerta saem da Pontinha em minutos, com a equipa armada e equipada, os militares do GIOE vão prontos para o pior. É para isso que lá estão, é para isso que treinam intensamente e por isso estão devidamente armados e equipados.

 

Veja aqui a vídeo-reportagem: NOVOS FARDAMENTOS, EQUIPAMENTOS E ARMAMENTO NO GIOE/GNR – 2019

Notas: 

(1) O acesso ao GIOE obriga os candidatos a ultrapassarem com sucesso as seguintes fases: Curso de Operações Especiais no Centro de Tropas de Operações Especiais da Brigada de Reacção Rápida do Exército, em Lamego, mas ministrado por quadros da própria GNR, com uma duração de 3 meses para guardas, e 6 meses para oficiais e sargentos; Curso de Contraterrorismo na Unidade de Intervenção da Guarda, com uma duração de 3 meses; o Curso de Segurança Altas Entidades, também na GNR, com uma duração de 2 meses.

(2) Lancha apreendida a traficantes de droga pela UCC/GNR e agora colocada ao seu serviço. O nome vem do curioso modo como foi captura por uma lancha da UCC…

(3)  “Special Operations Forces Exercise Challenge 2019”, foi a primeira competição internacional com Forças de Operações Especiais realizada em Portugal (Maio de 2019) . Envolveu na preparação e participação, 200 militares das Forças de Operações Especiais das Forças Armadas e Forças de Segurança portuguesas e de forças estrangeiras do Brasil, Espanha, França, Roménia e Timor-Leste. Portugal empenhou forças dos: Destacamento de Ações Especiais da Marinha; Força de Operações Especiais do Exército; Núcleo de Operações Táticas de Projeção da Força Aérea; Grupo de Intervenção de Operações Especiais da Guarda Nacional Republicana; Polícia Marítima da Autoridade Marítima Nacional.

(4) AQUAPOL é uma Agência da União Europeia cooperação policial em ambiente marítimo. Foi criada em 2002, reorganizada em 2015, e integra 19 organizações/forças de segurança de 11 Estados-Membros da UE e suíços.

(5) Este curso está a ser frequentado também por 3 polícias brasileiros do BOP e 2 gendarmes argentinos das operações especiais.

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