- - https://www.operacional.pt -

FUZILEIROS BLINDADOS (II)

Segunda e última parte do artigo de Mário Roberto Vaz Carneiro, director da revista brasileira “Segurança & Defesa [1]“, sobre os Blindados no Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil.

A "Piranha IIIC" foi adquirida à empresa suiça Mowag para emprego na missão de paz das Nações Unidas no Haiti [2]

A "Piranha IIIC" foi adquirida à empresa suiça Mowag para emprego na missão de paz das Nações Unidas no Haiti

(Nota prévia: No texto optamos por manter a ortografia original usada pelo autor)

Piranha III
A aquisição da Viatura Blindada Especial Sobre Rodas Piranha IIIC 8×8 está intimamente ligada à participação dos Fuzileiros Navais na Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH). Para o melhor entendimento desse contexto, destacam-se dois aspectos centrais que merecem ser relembrados: 1) com o intuito de não degradar ainda mais a precária malha viária existente no país, foi decidido que não seriam levadas viaturas sobre lagartas para a Área de Operações; 2) não existiam, naquele momento, viaturas blindadas sobre rodas com sistema de tração 8×8 e dotadas de tecnologia atual, para que fossem comercializadas e fornecidas por qualquer fabricante nacional.
Como os engajamentos na missão ainda eram bastante frequentes, foi identificada a premente necessidade de aquisição de viaturas que proporcionassem segurança à integridade física de nossos combatentes. Dentro desse quadro, em novembro de 2005, teve início o de obtenção de uma Viatura Blindada Sobre Rodas para o CFN, que fosse moderna tecnologicamente, com disponibilidade de rápida entrega, cujo emprego fosse reconhecidamente aprovado por outros países e, principalmente, fosse capaz de atender àquela iminente demanda operacional. Destaca-se que uma obtenção desse porte envolve um minucioso detalhamento dos requisitos operacionais, a observância a dispositivos legais que regem as normas para realização de uma licitação internacional.
Um dos aspectos positivos do CFN poder contar com suas próprias viaturas reside no fato de se terem ampliadas as possibilidades de realização de adestramentos pré-operacionais ainda no Brasil – permitindo a familiarização dos procedimentos tanto da guarnição quanto da tropa embarcada. Anteriormente, recebia-se o apoio de blindados não pertencentes ao inventário do CFN, inclusive de outros países, existindo, muitas vezes, dificuldades para comunicação e adoção de procedimentos padronizados. Tal condição obrigava a freqüente realização de briefings para instruir a tropa como proceder com aquele determinado meio em apoio e também a respectiva guarnição, dispendendo precioso tempo para algumas ações.
Em 2006 foi adquirido à empresa suíça MOWAG, para o CFN, o primeiro lote de viaturas sobre rodas 8×8 Piranha IIIC (quatro VBTP, de transporte de pessoal, e uma de socorro, a um custo de US$8.512.240,00), objetivando seu emprego no Haiti, daí a razão de terem sido entregues com a pintura branca característica dos veículos da ONU. Os primeiros quatro Piranha IIIC foram incorporadas ao BtlBldFuzNav em 20 de agosto de 2007, passando à subordinação temporária da CiaVtrBld. No início do ano de 2008, chegou ao Brasil uma viatura Socorro. Em fevereiro de 2008, as cinco viaturas foram embarcadas para o Haiti, com a finalidade de apoiar o GptOpFuzNav-Haiti na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH).
No fechamento dessa matéria, as primeiras 12 viaturas já haviam sido recebidas. As dezoito restantes serão entregues a partir de 2010 (3 a 4 unidades por ano), até 2014. O total final será de 30, que eventualmente comporão a Companhia de Reconhecimento Blindado (CiaReconBld). Esse total será subdividido em 25 da versão TP, duas da versão Socorro, duas da versão Comando e uma da versão Ambulância.
A VtrBldEsp SR Piranha IIIC certamente tem muito mais a oferecer aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais perante o amplo espectro de operações em que podem ser empregadas e, possivelmente, quanto mais hostil for o ambiente, mais evidente será o reconhecimento da importância de podermos contar com esse importante meio para a guerra moderna.
Elevar a mobilidade de nossas forças, proporcionar proteção blindada às nossas tropas, ter capacidade para deslocar efetivos rapidamente no interior da Zona de Ação, ter capacidade de transpor cursos d’água, reduzindo as limitações de trafegabilidade, e realizar tarefas de reconhecimento, de segurança e com economia de forças, são valiosas capacidades que tanto contribuem com a aceleração dos ciclos de decisão dos GptOpFuzNav, quanto geram a incerteza nos oponentes, privilegiando vários fundamentos da Guerra de Manobra.
Ratificando a versatilidade das novas viaturas, é digno de destaque o registro de seu emprego também no cenário interno durante o ano de 2008, quando foram utilizadas na Operação Voto Livre, no Rio de Janeiro. As viaturas integraram um GptOpFuzNav que recebeu a tarefa de prover segurança nas áreas designadas pela Justiça Eleitoral (Vila do João, Comunidade do Salgueiro, São Gonçalo e Complexo do Alemão), para garantir a regularidade do processo eleitoral.
Além da guarnição de dois homens (comandante e motorista), a versão de transporte de pessoal pode carregar onze militares armados e equipados. O Piranha IIIC é uma viatura de conceito moderno, e os dos fuzileiros possuem capacidade de utilização noturna, graças ao sistema de visão noturna NAP5-11. Dispõe de recursos como detector de emissões laser (LIRD, Laser Irradiation Detector and Warner); possui um potente sistema de ar condicionado, proporcionando maior conforto à tropa; e seu motor de 400hp proporciona autonomia de 800km e velocidades de até 100km/h em terra e 10 km/h em travessia de pequenos cursos d’água; além de outras possibilidades operacionais. É também equipada com sistema de alerta laser e proteção NBQ (Nuclear, Biológica, Química).
O casco é resistente a tiros de até 12,7mm, desde que disparados a distâncias médias; o carro, entretanto, aceita a aplicação de blindagem adicional nas laterais. O armamento está instalado numa torre aberta, na parte superior da viatura, com escudo blindado contra munição de 7,62mm. Nessa torre é normalmente instalada uma metralhadora M2 de 12,7mm, embora outras armas possam também ser utilizadas. Os leitores podem encontrar informações adicionais nem S&D nº 90, págs. 8-11.
As dimensões, peso, armamento e equipamento de comunicações da variante de Socorro são iguais às da versão de Transporte de Pessoal (inclusive possui também o NAP5-11 e o LIRD). Ela é guarnecida por dois operadores e dois mecânicos. Seu guincho tem tração máxima de 8t, capacidade máxima à frente de 16t capacidade máxima à retaguarda de 7t. Seu guindaste tem capacidade máxima de 3,75t.

Chegadas ao Brasil em Agosto de 2007, logo em Fevereiro de 2008, as 5 viaturas disponiveis foram enviadas para o Haiti [3]

Chegadas ao Brasil em Agosto de 2007, logo em Fevereiro de 2008, as 5 viaturas disponiveis foram enviadas para o Haiti

"Piranhas" brasileiras no Haiti. Por esta altura o Brasil já recebeu quase metade da encomenda feita em 2006. [4]

"Piranhas" brasileiras no Haiti. Por esta altura o Brasil já recebeu quase metade da encomenda feita em 2006.

Modernização dos M113
Nas Operações Anfíbias, os M113A1 imprimem impulsão ao ataque e, quando operando em conjunto com outras viaturas blindadas, facilitam o deslocamento da tropa no interior da Área de Operações, além de desempenharem importantes tarefas nas Operações de Assalto, Reconhecimento, Retardamento e Segurança.
Desde o início de seu uso, os M113 do CFN ainda não tinham sido submetidos a nenhum processo de modernização. Com o objetivo de melhor adequar a viatura ao cumprimento desses requisitos na guerra moderna, surgiu a motivação de modernizá-los através da substituição de seus sistemas por outros novos, no estado da arte, objetivando ampliar sua capacidade e melhorar seu desempenho.
Em janeiro de 2008, após aprovar os requisitos técnicos elaborados pelo Comando do Material de Fuzileiros Navais, o Comando Geral do CFN determinou que fosse elaborado o processo licitatório internacional de modernização, conduzido pela Comissão Naval Brasileira na Europa. O programa prevê a modernização das trinta VtrBldEsp SL M113.
A Israel Military Industries (IMI) sagrou-se vencedora do certame licitatório. O contrato previa o fornecimento de um pacote de Apoio Logístico Integrado (ALI) para assistir à operação e manutenção dos veículos após o processamento do programa. O ALI engloba as ferramentas especiais e as orgânicas das viaturas, o material de modernização (kits de modificação) para todos os sistemas, sobressalentes, óleos lubrificantes, material de pintura, equipamentos e acessórios, documentação técnica que inclua manuais de operação e de manutenção até 3º escalão e catálogos de sobressalentes.
Inclui, ainda, a substituição da estação de armamento original por outra semelhante à usada pelo Piranha IIIC (PLATT MR555 Mod2), a substituição do antigo gerador a gasolina da Viatura Comando por um novo gerador, a diesel, e a inclusão de um sistema de ar condicionado. A modernização será realizada ao longo de cinco anos a contar da assinatura do contrato, com previsão de término em dezembro de 2013.
Além dos kits e partes necessárias para a execução, a IMI fornecerá também how e a supervisão necessários à implementação do programa. A execução caberá à IMI, responsável tecnicamente pela modernização, e à MB, e será realizada no Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais (CRepSupEspCFN).
Até dezembro de 2010 deverão ser entregues as primeiras 12 viaturas (os trabalhos nas primeiras seis já foram iniciados em 3 de novembro de 2009, no CRepSupEspCFN), e seis a cada ano subseqüente, até 2013. O M113A1odernizado será designado M113B1, e deverá permanecer em serviço ativo no CFN por mais 20 anos.

Haiti
Os meios do BtlBld são empregados como parte integrante do GptOpFuzNav-Haiti, que atua em proveito da Missão da ONU para estabilização daquele país, realizando ações em prol da segurança da população e da ordem pública, propiciando condições para o restabelecimento das instituições do Estado Haitiano. Como já foi dito, o Batalhão tem naquele país um destacamento de viaturas Piranha IIIC, composto por sete unidades. Esse destacamento faz parte do Componente de Combate Terrestre (CCT), responsável pelas ações operativas do GptOpFN-Haiti. As viaturas são empregadas em patrulhas mecanizadas em regiões que requeiram proteção blindada à tropa e em apoio a outras ações em que a ação de presença e a dissuasão sejam essenciais para o êxito da missão, particularmente no apoio a ações de vasculhamento e no controle de distúrbios civis. A introdução das Vtr Piranha confere agilidade, capacidade de observação, conforto e a proteção à tropa responsável pela condução do patrulhamento das ruas no Haiti.
Durante as manifestações populares de abril de 2008, ocasião em houve uma série de distúrbios civis, o Piranha IIIC provou ser um meio de alta confiabilidade, capaz de propiciar à tropa condições de reagir com rapidez e segurança. A incorporação das novas viaturas blindadas ao GptOpFuzNav-Haiti aumentou significativamente a visibilidade de nossas forças na área de responsabilidade, que é um aspecto muito positivo em uma missão dessa natureza.
A estação de armamento PLATT conferiu a capacidade de substituir o armamento da viatura graças à presença de um reparo multifuncional, que permite a fixação de uma metralhadora de 5,56mm (Minimi), uma metralhadora de 7,62 mm (MAG), uma metralhadora de 12,7mm (Browning M2HB QCB Mk.2) ou de um lançador de granadas de 40mm (LAG-SB-40 mm), viabilizando o emprego gradual da força, fundamento básico das Regras de Engajamento em uma Missão de Paz.
Em áreas de maior adensamento de moradias, em bairros carentes e dominados por “gangues”, como Bel Air e Cité Soleil, é comum a colocação de obstáculos (portões, carcaças, escoras ou fossos) no perímetro, para dificultar a entrada de tropas da MINUSTAH, deixando-as em uma situação extremamente desfavorável para desencadear suas ações com rapidez. Já com a disponibilidade das novas viaturas blindadas, os GptOpFuzNav receberam importante contribuição para a aproximação da tropa com rapidez e segurança para assumir o dispositivo de isolamento (cerco) que antecede as ações de vasculhamento.
Cabe destacar aquela que, talvez, tenha sido a principal lição de todo esse processo. Houve um caso exemplar que ilustrou muito bem como o aprestamento das Forças Armadas não admite improviso e que a situação de estabilidade social e de paz não deve, de forma alguma, induzir a Nação à lassidão. Em menos de um mês após a chegada ao Haiti, as novas viaturas tiveram relevante participação para que o controle da situação tivesse um desfecho bem sucedido após os protestos de 8 de abril de 2008. A prontificação de uma Força, em todo o seu espectro – recrutamento, formação e treinamento dos recursos humanos; obtenção dos novos meios e ativação de estruturas necessárias à sua manutenção – demanda valioso tempo.
A maior lição aprendida foi quanto à potencialidade e à relevância do emprego de meios blindados em operações de paz, para o controle de distúrbios civis e para dissuasão das forças adversas. Para o aproveitamento desta potencialidade, faz-se necessário, entretanto, o emprego de armamento com munição não letal por parte dos militares que fazem a segurança da viatura e da tropa que está atuando apoiada pelos blindados. As tropas empregam espingarda militar com munição de borracha, cassetete elétrico, granada de luz e som, granada de lacrimogêneo e spray de pimenta.
Comentários
Observe-se que o CFN opera quatro tipos de blindados – um deles é um CC e os três outros são destinados basicamente a transporte de pessoal. Cabem, então, alguns comentários sobre os diferentes usos de cada um desses últimos.
Ao planejar o emprego de blindados em uma Operação Anfíbia, devem ser exploradas ao máximo as características de cada meio, assegurando uma aplicação eficiente em busca do cumprimento da missão. Os Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf), os M113 e os Piranha podem ser empregados no apoio ao combate ou no apoio de serviços ao combate, dependendo da tarefa que lhes for atribuída. Elas possuem algumas capacidades em comum: transportam pessoal/carga; ampliam a capacidade C3 da tropa apoiada; fornecem apoio de fogo; fornecem maior mobilidade e proteção blindada à tropa de infantaria apoiada; e transpõem cursos d’água.
Os CLAnf são essenciais para a capacidade anfíbia do CFN. Sua principal utilização acontece durante o Assalto Anfíbio, na execução do Movimento Navio para Terra (MNT), que consiste em desembarcar por superfície os elementos de assalto da Força de Desembarque e seus equipamentos, num único movimento, desde o navio até a conquista dos objetivos em terra que materializam a posse da Cabeça de Praia. Seu sistema de propulsão na água funciona por jatos d’água, proporcionando uma velocidade de até 13,1km/h.
O M113 é capaz de operar em qualquer terreno e em cursos d’água com velocidade de corrente moderada. O movimento das lagartas o propele e o dirige na terra e na água. Seu peso reduzido e seu tamanho permitem extrema versatilidade, podendo ser transportado por Embarcações de Desembarque (ED), aviões de carga e até ser lançado de paraquedas.
O Piranha IIIC, como já dito, foi adquirido devido à necessidade de viaturas que proporcionassem segurança a tropa brasileira que compõe a Força de Paz no Haiti. O M113 e o Piranha possuem destinação de emprego semelhante: ambos foram incorporados como VBTP. Os primeiros são viaturas mais leves e de dimensões reduzidas, e portanto se adaptam melhor às estradas e pontes existentes no território nacional. Além disto, por serem viaturas sobre lagartas apresentam maior mobilidade e maior capacidade de emprego em qualquer terreno (QT) ou fora de estrada que os Piranha. Essa flexibilidade de emprego confere ao M113 aptidão para emprego em um amplo espectro de operações militares; desde operações anfíbias – nas quais o seu desembarque é normalmente realizado por meio do emprego de embarcações de desembarque -, passando por operações terrestres convencionais, até o seu emprego em operações de garantia da lei e da ordem.
No período que se seguiu ao recente terremoto no Haiti, os Piranha foram basicamente utilizados para: patrulhas mecanizadas, principalmente no período noturno; apoio durante a ACISO (Ação Cívico-Social) realizada em frente ao palácio presidencial; segurança de instalação (galpão da WFP e entrada militar do aeroporto Toussant Louverture); e operação em conjunto com a UNPOL.
Os Piranha podem ser empregados de modo semelhante aos M113, também requerendo o apoio de embarcações de desembarque quando em Operações Anfíbias. Apesar de possuírem mobilidade QT inferior, conferem ao CFN grande flexibilidade, por serem viaturas sobre rodas, possuindo maior agilidade e desenvolvendo maior velocidade quando empregadas ao longo de eixos. Além disto, são viaturas aptas a serem empregadas em missões de reconhecimento mecanizado, proporcionando à FFE uma capacidade até então inexistente. Outro ponto fundamental é que estas viaturas conferem capacidade apropriada ao CFN, para emprego de blindados em áreas urbanas, tendo se revelado extremamente úteis às missões atribuídas ao GptOpFN-Haiti no desenvolvimento da MINUSTAH.

Adestramento
Além do adestramento normal de bordo (sede), o batalhão realiza adestramentos em várias regiões. O ciclo de adestramento inicia-se com o treinamento individual e das guarnições das viaturas, realizados nas instalações do Campo de Instrução da Ilha do Governador. Ao longo do primeiro semestre são enfatizados os procedimentos das guarnições, das seções e dos pelotões até o nível do emprego de uma subunidade, por meio de exercícios planejados e conduzidos pelos Batalhões de Infantaria de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) nas regiões de Valença-(RJ), Ilha da Marambaia (CADIM, RJ) e Resende-(RJ).
Como o BtlBldFuzNav normalmente opera integrando GptOpFuzNav em apoio à unidade de infantaria que o nucleia, participa ainda ao longo do segundo semestre de adestramentos conduzidos pelos BtlInfFuzNav e pelo Comando da Divisão Anfíbia. Esses adestramentos são voltados para realização de Operações Anfíbias ou para a preparação dos contingentes empregados no Haiti. Em todos os adestramentos são abordados aspectos técnicos e táticos. A ênfase é no conhecimento das possibilidades e limitações dos meios, da prática de navegação com carta e bússola (e em alguns casos com o emprego de equipamento GPS), técnicas de ação imediata contra diversas ameaças aéreas e terrestres, procedimentos em operações terrestres ofensivas e defensivas, deslocamentos em coluna de blindados, embarque e desembarque de navios anfíbios, transporte, embarque e desembarque das viaturas nas embarcações de desembarque, bem como procedimentos durante assalto a posições defensivas e em zonas de reunião. Os tiros com as armas orgânicas das viaturas são realizados na Marambaia, com ênfase na preparação dos atiradores e das guarnições; e em Formosa (GO), no segundo semestre (quando o enfoque é o emprego dos pelotões e das subunidades como um todo). O tiro real com o canhão de 105mm é realizado, em média, duas vezes por ano.

O Lança Granadas Automático SB 40mm, bem conhecido do Exército português também é usado pelos Fuzleiros Navais do Brasil [5]

O Lança Granadas Automático SB 40mm, bem conhecido do Exército português também é usado pelos Fuzleiros Navais do Brasil

Uma das missões do BtlBld é reforçar as acções da infantaria com carros de combate. [6]

Uma das missões do BtlBld é reforçar as acções da infantaria com carros de combate.

Futuro
O BtlBld é atualmente a mais poderosa unidade blindada de Fuzileiros Navais da América do Sul. A Infantería de Marina da Argentina (IMARA) possui um Batallón de Vehículos Anfíbios equipado o CLAnf. São 19 LVTP-7 (designado local mente VAOP, ou Viatura Anfíbia de Orugas – Personal), uma LVTC-7 (VAOC, de Comando) e uma LVTR-7 (VAOR, de Socorro).Os CLAnf argentinos estão sendo modernizados e remotorizados pela empresa local Mecatrol. Além disso, a IMARA conta ainda com viaturas blindadas Panhard em seu inventário: 12 ERC90, 17 VRC-TT (Transporte de Tropa, sendo cinco artilhadas com canhão de 20mm e as restantes com metralhadora M2HB de 12,7mm), cinco VRC-PC (Comando) e duas VRC-AT (Socorro).
A Infantaria da Marinha da Venezuela dispõe de um Batallón de Vehículos Anfíbios, mobiliado com o CLAnf (AAV7): são onze viaturas, sendo uma AAVTC7, de Comando, um AAVTR7, de Socorro, e nove AAVTP7, de Transporte de Pessoal. A Venezuela está negociando sua modernização com a empresa Mecatrol. Os fuzileiros navais venezuelanos utilizam também 30 Engesa EE-11 Urutu, em diversas versões.
O Batalhão de Blindados completa sete anos de criação no próximo dia 26 de março de 2010. Nesse período, foi inconteste sua contribuição para consolidação da doutrina, bem como para elevar a capacidade operacional do CFN, ao dotar a FFE de meios modernos e compatíveis com as exigências das Operações Anfíbias e de emprego de força em cenários que impliquem na realização de operações convencionais de alta intensidade e em conflitos de baixa intensidade. Isso ampliou significativamente as potencialidades de emprego do CFN. Acrescente-se que o acervo de blindados atual do CFN lhe confere ainda a capacidade apropriada para atuar em operações de paz e de garantia da lei e da ordem.
Não é segredo que a Marinha tenciona formar uma segunda Divisão Anfíbia. Numa apresentação feita na ABIMDE em agosto de 2009, o Comando da Marinha revelou que, segundo previsto no Programa de Equipamento e Articulação da Marinha do Brasil (PEAMB), na moldura temporal de 2013-2019 está prevista a aquisição de 26 Carros de Combate, enquanto que em 2010-2022 devem ser adquiridas 72 VBTP SR e, em 2010-2029, 72 VBTP SL.

CLAnf
Embora o BtlBldFuz Navais não utilize o CLAnf (Carros Lagarta Anfíbios, que mobíliam o Batalhão de Viaturas Anfíbias, BtlVtrAnf), não se pode falar em blindados do CFN sem mencionar essa viatura.
Com o propósito de dotar o CFN tropa de um moderno vetor que permitisse o desembarque de forma rápida, com proteção blindada e razoável poder de fogo, foram adquiridos os CLAnf. Em julho de 1986, foram desembarcados no píer da Praça Mauá doze exemplares do CLAnf, conhecidos como de 1ª geração (LVTP7). Na época, foi conduzido um programa de cursos de operação e manutenção e, logo após sua conclusão, foi oficialmente montada a Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf).
Em junho de 1997, desembarcaram na Ilha das Flores, provenientes do NDCC Mattoso Maia, 14 CLAnf de 2ª geração (AAV7A1), que foram incorporados ao acervo da CiaCLAnf, no Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf). Os dois lotes diferem em alguns detalhes, como por exemplo a alteração da especificação de diversos parafusos de fixação de componentes.
O CFN possui três versões de CLAnf: 22 unidades do CLAnf-P (de Transporte de Pessoal); duas unidades do CLAnf-C (de Comando); e duas unidades do CLAnf-S (de Socorro).
Além do transporte de pessoal, o CLAnf-P também pode ser utilizado como viatura de apoio logístico, quando os meios alocados à tropa apoiada não forem adequados às tarefas atribuídas, em função do terreno a ser vencido. Para isso, tem a capacidade de transporte máximo de 25 militares (incluídos os três componentes da guarnição) equipados para combate, ou 4.536 Kg de carga geral, preferencialmente paletizada.
O CLAnf-S possui equipamentos específicos para manutenção e reparo de outras viaturas. Os equipamentos de recuperação são: fonte elétrica de energia, fonte hidráulica de energia, compressor de ar, fonte de energia para solda, guindaste hidráulico (lança com capacidade de carga de 2.721kg, ângulo de trabalho de 0º a 65º; guincho de reboque (cabo simples, capacidade de 2.721kg); guincho de carga (13.607kg de capacidade em baixa velocidade e com tambor vazio, 8.255kg em alta velocidade e tambor cheio).
Por meio do Comando do Material de Fuzileiros Navais (CMatFN), a MB tem acesso às propostas de mudança de projeto de engenharia (Engineering Change Proposal, ECP) utilizadas pelo United States Marine Corps (USMC). Dessa forma, a partir de uma análise da relação custo/benefício, implementa aquelas julgadas de interesse pela Administração Naval. As modificações de maior grau de complexidade, realizadas – total ou parcialmente – nos CLAnf foram:
– substituição da estação de armamento dos CLAnf adquiridos em 1985 pela estação aperfeiçoada dos CLAnf de 1997, que são as mesmas ainda utilizadas pelo USMC, cujos CLAnf encontram-se na configuração RAM/RS (Reliability, Availability, Maintainability/Rebuild-to-Standard, ou Reconstrução Padrão Baseada em Confiabilidade, Disponibilidade e Mantenabilidade);
– substituição do sistema manual de extinção de incêndio, que utilizava o gás halon, por outro de projeto nacional, que utiliza o gás FM 200, que não provoca danos à camada de ozônio; e
– duplicação, a partir de projeto nacional, do comprimento da tubulação rígida de 90º do resfriador de contato do casco dos CLAnf adquiridos em 1985, a fim de prevenir modo de falha que ocasionava o superaquecimento do motor.
A modernização dos CLAnf para a configuração RAM/RS (já implementada pelo USMC com o objetivo de obter redução de custos logísticos, entre outros benefícios) está aguardando a disponibilidade de recursos para ser implementada.
Os CLAnf estão alocados ao Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf), que por sua vez, diferentemente do BtlBldFuzNav, é subordinado à Tropa de Reforço, conforme mostra o Organograma nº 2.

Organograma 2 [7]

Organograma 2

Veja aqui a primeira parte deste artigo: FUZILEIROS BLINDADOS (I) [8]