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100 ANOS DE TRANSPORTES NO EXÉRCITO

Está lançada a comemoração do centenário do nascimento dos “transportes automóveis” no Exército, com a abertura do público de uma Exposição de Viaturas Militares de carácter histórico, no Regimento de Transportes, em Lisboa. Com entrada livre, tem como principal atracção um conjunto de viaturas que serviram nas unidades de “transportes” do Exército Português, a maioria pertença de sócios da Associação Portuguesa de Veículos Militares [1], mas também do Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros, Bombeiros Voluntários do Dafundo, Marinha Portuguesa, Museu Militar de Elvas [2] e Regimento de Transportes.

A entrada é livre, basta dirigir-se à Porta-de-Armas do Regimento de Transportes, na Encarnação em Lisboa [3]

A entrada é livre, basta dirigir-se à Porta-de-Armas do Regimento de Transportes, na Encarnação em Lisboa

Além das mais de duas dezenas de viaturas históricas, a maioria em muito bom estado de conservação, parte delas a funcionar, pode também ser visitada uma exposição fotográfica retrospectiva dos “transportes do Exército” desde o tempo dos veículos de tracção animal, a criação da “Comissão de Automobilismo Militar” do ramo, participação na Grande Guerra, Guerra do Ultramar, Missões de Paz e Humanitárias e a actualidade do Regimento de Transportes do Exército. No espaço desta mostra fotográfica está também patente uma exposição de modelismo realizada pela Associação de Modelismo do Montijo e Hobbykit, e ainda um grande conjunto de pequenos modelos, propriedade do Regimento, que mostram viaturas militares que serviram no Exército Português, muitas delas pouco vistas nestes eventos pois são as viaturas do dia-a-dia, administrativas e de transportes gerais, que não sendo “operacionais” tendem a ser esquecidas pelos aficionados da temática militar, mas…muita falta fazem no funcionamento da instituição militar e a toda uma série de entidades públicas e até privadas que o Exército apoia, através da sua unidade de transportes.

O presente centenário inclui uma série de eventos, vários apoiados por entidades civis, que decorrem até 16 de Dezembro, Dia do Regimento de Transportes. Nesse dia em 1915 o General Norton de Matos, Ministro da Guerra, através de Portaria nº 536-A, criou junto do Estado-Maior do Exército uma Comissão de Automobilismo Militar, embrião do actual Serviço de Transportes, com a finalidade de proceder a estudos e trabalhos que servissem de base à organização do Serviço Automóvel Militar, com a seguinte fundamentação:

São da mais palpitante actualidade os serviços que as viaturas automóveis prestam aos Exércitos em operações, e verificada está a necessidade impreterível de as utilizar, já para levarem até junto das tropas os víveres, as munições e o material de toda a ordem transportado pelas vias férreas, já para evacuarem rapidamente, para as estações de caminho de ferro, os feridos e doentes, já finalmente para prestarem outros serviços de guerra ou de paz. Urgente se torna, portanto, dotar o Exército Português com um serviço automóvel, tanto mais que raros são os Exércitos estrangeiros onde a necessidade impreterível de tal não está ainda montado.

O Regimento de Transportes, criado com esta designação em 2006 no âmbito do processo da chamada “Transformação do Exército”, recorda-se, é o herdeiro dos símbolos e tradições das Unidades de Transportes que o antecederam e tem como padroeiro “São Cristóvão”, santo padroeiro dos viajantes e motoristas.

Para quem queira visitar as exposições aqui descritas, tem até ao dia 21 de Junho, o quartel localiza-se na Encarnação, Av. Dr. Alfredo Bensaúde, 1849-010 LISBOA e os contactos da unidade para alguma informação adicional são: E-mail: rtransp@mail.exercito.pt; telefone: 219449600.

Uma nota que julgamos se impõe sobre as viaturas expostas, quer as reais quer as da mostra fotográfica, elas são – maioritariamente meios auto que serviram nas “unidades de transportes do Exército”, ou seja, muitas viaturas do Exército, por exemplo as blindadas, não fazem naturalmente parte deste acervo, embora um par delas integrem a exposição (Ferret e Weasel). Esta nossa reportagem fotográfica não pretende mostrar tudo, mas dar uma ideia geral da exposição e mostram um ou outro detalhe que nos pareceu curioso.

E exposição das viaturas está numa área coberta , com algumas viaturas ainda em uso no Regimento, fora deste perímetro. [4]

E exposição das viaturas está numa área coberta , com algumas viaturas ainda em uso no Regimento, fora deste perímetro.

A viatura mais antiga exposta e certamente a mais valiosa em termos de colecção. Esta auto-bomba tanque de água, fabricada nos EUA por Kelly Springfield, foi adquirida pelo Ministério da Guerra para participar na 1.ª Guerra Mundial, onde esteve, e no regresso, já em 1924, foi oferecida aos Bombeiros de Lisboa, que, felizmente, o mantiveram até hoje, numa excelente condição. [5]

A viatura mais antiga exposta e certamente a mais valiosa em termos de colecção. Esta auto-bomba tanque de água, fabricada nos EUA por Kelly Springfield, foi adquirida pelo Ministério da Guerra para participar na 1.ª Guerra Mundial, onde esteve, e no regresso, já em 1924, foi oferecida aos Bombeiros de Lisboa, que, felizmente, o mantiveram até hoje, numa excelente condição.

Detalhe do rodado e tracção traseira. [6]

Detalhe do rodado e tracção traseira.

Um "OM" de fabrico italiano introduzido no Exército Português em 1940. [7]

Um “OM” de fabrico italiano introduzido no Exército Português em 1940.

O anfíbio "Weasel" M29C de fabrico USA, introduzido em Portugal em 1947. [8]

O anfíbio “Weasel” M29C de fabrico USA, introduzido em Portugal em 1947.

O posto de condução do "Weasel", sem dúvida curioso. [9]

O posto de condução do “Weasel”, sem dúvida curioso.

Parece um "Jeep" mas é um Ford GPW dos EUA, que o Exército Português recebeu em 1952. Em segundo plano um Dodge WC51, da Marinha Portuguesa, onde foi introduzido em 1951. [10]

Parece um “Jeep” mas é um Ford GPW dos EUA, que o Exército Português recebeu em 1952. Em segundo plano um Dodge WC51, da Marinha Portuguesa, onde foi introduzido em 1951.

No seu interior não faltam logótipos da Ford. [11]

No seu interior não faltam logótipos da Ford.

O Mercedes Unimog 411, que entrou ao serviço em 1957 e foi exaustivamente utilizado na Guerra do Ultramar (1961-1975) e mesmo muitos anos depois. [12]

O Mercedes Unimog 411, que entrou ao serviço em 1957 e foi exaustivamente utilizado na Guerra do Ultramar (1961-1975) e mesmo muitos anos depois.

Detalhe do interior do posto de condução do 411, notando-se a placa de homologação de viaturas de colecção. [13]

Detalhe do interior do posto de condução do 411, notando-se a placa de homologação de viaturas de colecção.

Outro Mercedes Unimog muito usado em Portugal depois de 1961, o S404. [14]

Outro Mercedes Unimog muito usado em Portugal depois de 1961, o S404.

Um Land Rover SIII que serve o Exército desde 1977, tendo este a particularidade do seu proprietário lhe ter pintado um logo usado pelas Tropas Pára-quedistas da Força A érea nos anos 80 e 90. [15]

Um Land Rover SIII que serve o Exército desde 1977, tendo este a particularidade do seu proprietário lhe ter pintado um logo semelhante ao usado pelas Tropas Pára-quedistas da Força Aérea nos anos 80 e 90.

Um Auto Union (Mungo) introduzido em Portugal em 1980 proveniente da República Federal da Alemanha. [16]

Um Auto Union (Mungo) introduzido em Portugal em 1980 proveniente da República Federal da Alemanha.

Algumas viaturas expostas têm equipamento adicional como emissores/receptores ou componentes de sistemas de armas. Este Ford MUTT 151A2, é a versão lançador de míssil TOW e entrou ao serviço em 1982. [17]

Algumas viaturas expostas têm equipamento adicional como emissores/receptores ou componentes de sistemas de armas. Este Ford MUTT 151A2, é a versão lançador de míssil TOW e entrou ao serviço em 1982.

Os Bombeiros Voluntários do Dafundo  ainda mantém esta Bedford OYC de 1945 proveniente do Reino Unido. [18]

Os Bombeiros Voluntários do Dafundo ainda mantêm esta Bedford OYC que o Exército usou a partir de 1945.

Esta Chevrolet que o Exército recebeu em 1953 veio do Canadá. [19]

Esta Chevrolet que o Exército recebeu em 1953 veio do Canadá.

Esta Berliet-Tranagal, um ícone da fabricação de viaturas militares em Portugal, com uso intenso na Guerra do Ultramar e durante muitos mais anos, pertence ao acervo do Museu Militar de Elvas e foi reparada pela Associação Portuguesa de Viaturas Militares, chegando aqui "pelo seu pé". [20]

Esta Berliet-Tramagal, um ícone da fabricação de viaturas militares em Portugal, com uso intenso na Guerra do Ultramar e durante muitos mais anos, pertence ao acervo do Museu Militar de Elvas e foi reparada pela Associação Portuguesa de Viaturas Militares, chegando aqui “pelo seu pé”.

Nos anos 80 do século XX as Forças Armadas Portuguesas receberam muitas viaturas da chamada "ajuda Alemã", entre as quais estes motociclos "Hércules - Sach K125" [21]

Nos anos 80 do século XX as Forças Armadas Portuguesas receberam muitas viaturas da chamada “ajuda Alemã”, entre as quais estes motociclos “Hércules – Sach K125”.

No âmbito da exposição fotográfica a memória do nascimento dos Transportes. [22]

No âmbito da exposição fotográfica, a memória do nascimento dos Transportes.

Deu trabalho mas a missão está quase cumprida e bem! Da esquerda, José António Alves, João Freitas e José Manuel Alves, elementos da Associação Portuguesa de Veículos Militares, pousam frente a uma Ferret Mk.II 4,5 ton. 4x4 (m/1979 em Portugal) na Porta-de-Armas do Regimento de Transportes. [23]

Deu trabalho mas a missão está quase cumprida e bem! Da esquerda, José António Alves, João Freitas e José Manuel Alves, da Associação Portuguesa de Veículos Militares, pousam frente a uma Ferret Mk.II 4,5 ton. 4×4 (m/1979 em Portugal) na Porta-de-Armas do Regimento de Transportes.

No canto superior direito o logótipo que vai marcar as comemorações, concebido no Regimento de Transportes com "a prata da casa"! No final da exposição, em 20 de Junho, tem inicio o IX Encontro de veículos Militares Antigos, que sai do Regimento e vai até ao Centro de Tropas Comandos e depois para a antiga Bateria da Lage (Oeiras), onde termina. [24]

No canto superior direito o logótipo que vai marcar as comemorações, concebido no Regimento de Transportes com “a prata da casa”! No final da exposição, em 20 de Junho, tem inicio o IX Encontro de veículos Militares Antigos, que sai do Regimento e vai até ao Centro de Tropas Comandos e depois para a antiga Bateria da Lage (Oeiras), onde termina.

Simbologia usada pelos militares do Regimento de Transportes do Exercito, constituído por Comando e Estado-Maior; Companhia de Comando e Serviços, Batalhão de Transportes com duas Companhias, a de Transportes de Pessoal e a de Transportes. Poucos, como é hoje comum em todas as unidades militares, cumprem com "Prontidão e Prudência" (o lema da unidade), missões discretas mas de grande importância para muitos departamentos do Exército e de outras entidades oficiais que ali recorrem bem assim como entidades civis. Actualmente no Regimento funciona ainda o "Dia da Defesa Nacional" por onde irão passar este ano mais de 6.000 jovens. [25]

Simbologia usada pelos militares do Regimento de Transportes do Exército, constituído por Comando e Estado-Maior; Companhia de Comando e Serviços, Batalhão de Transportes com duas Companhias, a de Transportes de Pessoal e a de Transportes. Poucos, como é hoje comum em todas as unidades militares que visitamos, cumprem com “Prontidão e Prudência”, missões discretas mas de grande importância para muitos departamentos do Exército e de outras entidades oficiais que ali recorrem frequentemente, bem assim como entidades civis. Actualmente no Regimento funciona ainda o “Dia da Defesa Nacional” por onde irão passar este ano mais de 6.000 jovens.

As "Armas" do Regimento. Simbologia e Alusão das Peças     A RODA, cujo invento há mais de 5000 anos provocou a eclosão de um surto explosivo na capacidade do deslocamento de pessoas e bens e que ainda hoje, em plena era da tecnologia avançada, continua a ser a componente básica de todo o sistema, simboliza a possibilidade de transporte essencial à vivência logística dos exércitos contemporâneos.     A FORMIGA, exemplo carismático da conjugação dos esforços individuais dos seres de uma sociedade, representa o trabalho, a disciplina e o método postos na organização racional dos meios com vista à optimização da resultante da função transporte.     A Divisa "PRONTIDÃO E PRUDÊNCIA" reflecte as características basilares da actuação da Unidade: disponibilidade para responder com oportunidade e segurança na utilização dos meios empenhados. [26]

As “Armas” do Regimento
Simbologia e Alusão das Peças
A RODA, cujo invento há mais de 5000 anos provocou a eclosão de um surto explosivo na capacidade do deslocamento de pessoas e bens e que ainda hoje, em plena era da tecnologia avançada, continua a ser a componente básica de todo o sistema, simboliza a possibilidade de transporte essencial à vivência logística dos exércitos contemporâneos.
A FORMIGA, exemplo carismático da conjugação dos esforços individuais dos seres de uma sociedade, representa o trabalho, a disciplina e o método postos na organização racional dos meios com vista à optimização da resultante da função transporte.
A Divisa “PRONTIDÃO E PRUDÊNCIA” reflecte as características basilares da actuação da Unidade: disponibilidade para responder com oportunidade e segurança na utilização dos meios empenhados.