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VISITA AO “DE RUYTER”

O Porto de Lisboa recebe frequentemente navios de guerra estrangeiros e raras são as vezes que estes não estão disponíveis para receber visitas. Em 7 e 8 de Abril de 2012 dois navios do “Standing NATO Maritime Group One” (SNMG1), estiveram abertos ao público e nós também aproveitamos para uma curta visita. Começamos pelo “De Ruyter”.

O HNLMS De Ruyter, navio almirante do Standing NATO Maritime Group One esteve em Lisboa e o Operacional foi um dos muitos visitantes que o quiseram ver. [1]

O HNLMS De Ruyter, navio almirante do Standing NATO Maritime Group One esteve em Lisboa e o Operacional foi um dos muitos visitantes que o quiseram ver.

O “De Ruyter” é uma das 4 Fragatas de Comando e Defesa Aérea da “Koninklijke Marine”, a Real Marinha Holandesa, pertencente à classe “De Zeven Provinciën”. Entraram ao serviço entre 2001 e 2005 (a “De Ruyter” em 2004) e são as mais modernas desta marinha a qual ainda mantém 2 “M, “Multipurpose”, (ou “Karel Doorman”), as que restaram das 8 originais desta classe.
Só a título de curiosidade aqui fica um pouco da história destas “M” uma vez que a Marinha Portuguesa também tem duas no seu efectivo: em 2005 e 2007 a Holanda vendeu duas ao Chile (“Abraham Van Der Hulst”, agora “Almirante Blanco Encalada” e “Tjerk Hiddes”, agora “Almirante Riveros”) em 2007 e 2008 duas à Bélgica (“Karel Doorman”, agora “Leopold I” e “Willem van der Zaan”, agora “Louise-Marie) e em 2009 e 2010, duas a Portugal (“Van Nes”, agora “Bartolomeu Dias” e “Van Galen”, agora “D. Francisco de Almeida”. Restam assim as “Van Amstel” e “Van Spejk”, estando no entanto a Marinha Holandesa já a estudar os navios que as irão substituir por volta de 2023-2024.

O navio tem 144m de comprimento, um deslocamento de 6.048 toneladas e velocidade máxima de 30 nós. [2]

O navio tem 144 metros de comprimento, um deslocamento de 6.048 toneladas e velocidade máxima de 30 nós.

Para dar uma ideia comparativa com as nossas “Vasco da Gama”, isto são, respectivamente, mais 30 metros de comprimento e mais 2.848 toneladas de deslocamento. [3]

Para dar uma ideia comparativa com as nossas “Vasco da Gama”, as "De Zeven Provinciën" têm, respectivamente, mais 30 metros de comprimento e mais 2.848 toneladas de deslocamento.

Havia alguns cuidados de segurança, nomeadamente a não autorização para transporte de mochilas/sacos, mas podia-se fotografar "à vontade", sendo certo que o circuito da visita era limitado. [4]

Havia alguns cuidados de segurança, nomeadamente a não autorização para transporte de mochilas/sacos, mas podia-se fotografar "à vontade", sendo certo que o circuito da visita era limitado.

Neste tipo de navios com caracteristicas “stealth” há cada vez menos áreas em que se “anda ao ar livre”! [5]

Neste tipo de navios com características “stealth” há cada vez menos áreas em que se “anda ao ar livre”!

O convés de voo apto apto a receber o NH90 (NATO Frigate Helicopter, como é conhecida a sua versão naval), pesa cerca do dobro do Lynx que a Marinha Holandesa também usa. [6]

O convés de voo apto apto a receber o NH90 (NFH - NATO Frigate Helicopter, como é conhecida a sua versão naval), pesa cerca do dobro do Lynx que a Marinha Holandesa também utiliza nestas ou em outras fragatas.

O Goalkeeper, que usa um sistema "gatling" de 30mm (os canos - 7 - estão cobertos na fotografia). O navio tem duas destas armas, esta por cima do hangar do heli e outra por cima da ponte. Trata-se de uma arma de defesa próxima, da Thales, automatizada, com capacidadede de vigilância, detecção e destruição de alvos. [7]

O Thales Goalkeeper, tipo "gatling" de 30mm (os canos - 7 - estão cobertos na fotografia). O navio tem duas destas armas, uma (a da foto) por cima do hangar do heli e outra por cima da ponte. Destina-se a defesa próxima, completamente autónomo e automatizado, com capacidade de vigilância, detecção e destruição de alvos.

Infelizmente o NH-90 não estava embarcado... [8]

Infelizmente o NH-90 não estava embarcado...

Mas voltando à “De Ruyter” (classe “De Zeven Provinciën”), o navio que neste momento comanda a SNMG1 – vem embarcado o comandante da força, o comodoro holandês Ben Bekkering – e passa por Lisboa no âmbito da operação “Active Endeavour” (OAE). Trata-se genericamente de uma operação da NATO, iniciada em 2001, e na qual se desenvolvem acções de combate ao terrorismo e de recolha de informações tendo em vista o seguro uso do mar. Portugal participa (participava?) regularmente na OAE quer com fragatas da Marinha quer com aviões P-3 da Força Aérea.
Este navio holandês, no comando da SNMG1 (composta também pelos “Rheinland Pfalz” da Alemanha, “Charlottetown” do Canadá e “Álvaro de Bazan” de Espanha), escalou Lisboa no regresso do Mediterrâneo onde ainda há poucos dias efectuou exercícios com o porta-aviões USS Enterprise, e antes, levado a cabo outra série de exercícios na região de Creta, onde se simulou o combate contra alvos aéreos e navais em simultâneo, com o emprego de armas ligeiras, lança-granadas, misseis e canhões de tiro rápido.

A visita decorreu com o navio atracado no Terminal de Passageiros de Santa Apolónia, a jusante do Jardim do Tabaco, e havia grande afluência de público: o assunto interessa a muita gente! Como se calcula nestas ocasiões não há possibilidade de ver grandes detalhes do navio, nomeadamente do seu interior. Assim o que fizemos foi um “circuito turístico” onde se tomou contacto com os principais sistemas de armas. É isso que as fotos ilustram como não podia deixar de ser. Mostramos o que vimos, deixamos alguns dados genéricos fornecidos no navio que podem interessar e assinalamos alguns detalhes.

O “HNLMS De Ruyter” (“HNLMS” significa His/Her Netherlands Majesty’s Ship, ou em holandês/dutch “Hr. Ms”. É o equivalente ao nosso NRP – Navio da República Portuguesa), assim como os outros navios da classe, os HNLMS De Zeven Provinciën, HNLMS Evertsen e HNLMS Tromp, são fragatas que têm, segundo a Marinha Holandesa, duas importantes missões: a de “Comando”, no sentido de ter a capacidade de dirigir as operações de outras unidades/forças; a de “Defesa Aérea” porque está equipada com meios que o permitem, garantindo a protecção a uma esquadra. No entanto esta designação “defesa aérea” pode induzir em erro porque, como se verá pelas imagens – e pela curta descrição acima feita de um exercício – o navio dispõe de sistemas de detecção, seguimento e armas, capazes de destruir alvos nas diferentes dimensões.
A tecnologia “stealth” é uma das mais evidentes características destes navios, o formato e ângulos da sua estrutura, havendo cada vez menos áreas em que se “anda ao ar livre”!

O navio visto de estibordo. Podem notar-se  (da direita) o sistema Thales APAR (active phased array) radar multifunções, 4 contentores para lançamento misseis Harpoon, o guincho operar semirigido. [9]

O navio visto de estibordo. Podem notar-se (da direita) o sistema Thales APAR (active phased array) radar multifunções, 4 contentores para lançamento misseis Harpoon,a grua para operar semi-rigido.

4 dos 8 contentores para lançamento misseis anti-navio "Harpoon". [10]

Detalhe dos reparos para lançamento misseis anti-navio "Harpoon". Pode ver-se ainda o "terminal PROBE" (coberto por lona) para reabastecimento no mar.

Em primeiro plano a peça de 127mm e ao fundo a ponte de comando e o sistema APAR que é caracteristicos destes navios e de outros semelhantes que adoptaram o mesmo sistema radar. [11]

Em primeiro plano a peça de 127mm e ao fundo a ponte de comando e o APAR que é característico destes navios mas também de outros (alemães - classe Sachsen - por exemplo) que adoptaram o mesmo sistema radar.

A peça é uma "Oto Breda" 127/54 para alvos terrestres e navais, calibre 127mm, cadência de tiro máxima de 40 tiros por minuto e que pode atingir alvos até 30 quilómetros de distância. [12]

A peça é uma "Oto Breda" 127/54 para alvos terrestres e navais, calibre 127mm, cadência de tiro máxima de 40 tiros por minuto e que pode atingir alvos até 30 quilómetros de distância.

VLS Vertical Launch System (VLS) para mísseis composto por 5 módulos de 8 células de lançamento. Cada célula pode alojar 1 ou 8 misseis, consoante este for "Standart" ou "Seasparrow". No total o VLS pode alojar 40 "Standart" ou 160 "Evolved Seasparrows" ou uma mistura de ambos. [13]

O VLS Vertical Launch System (VLS) para mísseis composto por 5 módulos de 8 células de lançamento. No total o VLS pode alojar 40 "Standard" ou 160 "Sea Sparrows" ou uma mistura de ambos.

A; B; C [14]

A - O APAR capaz de detectar e seguir automaticamente alvos a baixa altitude e aéreos e guiar mísseis para vários alvos em simultâneo; B - MIRADOR, sistema electro-óptico de vigilância, seguimento e controlo de tiro, com design "steath"; C - Radar multi-banda de longo alcance SMART- L 3D para vigilância e aquisição de objectivos.

D - Os sistemas de lançamento de torpedos Mk. 46. [15]

D - Os sistemas de lançamento de torpedos Mk. 46.

Algumas características
Os navios desta classe foram construídos na Holanda pelo “Koninklijke Schelde Groep” de Vlissingen. Alemanha e Espanha também participaram no projecto na fase de design.
Sendo um navio com elevado grau de automação tem uma guarnição relativamente reduzida para as suas dimensões, 204 dos quais 22 pertencem ao Estado-Maior da força e 10 à tripulação e apoio ao helicóptero NH90.
O navio tem 144m de comprimento, um deslocamento de 6.048 toneladas (para dar uma ideia comparativa com as nossas “Vasco da Gama”, isto são, respectivamente, mais 30 metros e mais 2.848 toneladas) e velocidade máxima de 30 nós (60Km/h).
Tem três sistemas de propulsão: 2 Turbinas a gás Rolls Royce; 2 motores diesel Stork Wärtsilä ; 4 Geradores Diesel Alsthom Paxman

Armamento
Dispõe de um VLS Vertical Launch System (VLS) para mísseis composto por 5 módulos de 8 células de lançamento. Cada célula pode alojar 1 ou 8 misseis, consoante este for “Standard” ou “Sea Sparrow”. No total o VLS pode alojar 40 “Standard” ou 160 “Envolved Sea Sparrows” ou uma mistura de ambos.
A peça é uma “Oto Breda” 127/54 para alvos terrestres e navais, calibre 127mm, um peso de 38 toneladas e cadência de tiro máxima 40 tiros por minuto. Pode atingir alvos até 30 quilómetros de distância.

O semi-rigido junto à grua (de bombordo) que o coloca no mar. [16]

O semi-rigido junto à grua (de bombordo) que o coloca no mar.

A divulgação da Marinha Holandesa e do navio em especial não foi descurada. [17]

A divulgação da Marinha Holandesa e do navio em especial não foi descurada.

A industria naval holandesa está em permanente actividade para equipar a sua marinmha e tem muitos clientes estrangeiros. Neste momento já decorrem os estudos para substituir as fragatas da classe "M", o que deverá ter lugar com navios revolucionários por volta de 2024. [18]

A industria naval holandesa está em permanente actividade para equipar a sua marinha e tem muitos clientes estrangeiros. Neste momento já decorrem os estudos para substituir as fragatas da classe "M", o que deverá ter lugar por volta de 2024.

Detalhe do "quadro de presenças a bordo"! [19]

Detalhe do "quadro de presenças a bordo"

Ao serviço das NATO o "De Ruyter" embarca o comandante da SNGM 1, comodoro . Apesar de fortes cortes na Defesa (anunciados já em Abril), a Marinha Holandesa [20]

Ao serviço das NATO o "De Ruyter" embarca o comandante da SNGM 1, comodoro Ben Bekkering.

Brasão o "De Ruyter" [21]

Heráldica do "De Ruyter". Este nome de um almirante holandês do século XVII (MICHIEL ADRIAENSZOON DE RUYTER) tem sido utilizado em muitos navios desta Marinha desde o século XIX. Na Holanda é designado como o seu maior almirante de sempre e quem construiu uma marinha verdadeiramente moderna e nacional. Este símbolo é o seu pessoal, conseguido por De Ruyter que provinha de famílias humildes e não tinha "brasão", mas conquistou-o pelos seus feitos em combate em 1660 no auxilio à Dinamarca em guerra com a Suécia.