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OPERAÇÕES ESPECIAIS PORTUGUESAS E DOS E.U.A. TREINAM EM TERRITÓRIO NACIONAL

Enquanto ao largo de Lisboa altas entidades nacionais embarcavam “no maior porta-aviões do mundo”, segundo a comunicação social que acompanhou a visita, noutros pontos do país, discretamente, militares de elite portugueses e americanos realizaram um importante exercício de forças especiais. O que fizeram enquadra-se bem no treino necessário para combater as ameaças do momento, nomeadamente o terrorismo.

Tancos, Janeiro de 2011, o JCET 2011 está em curso. Um SOGA da Companhia de Precursores, 1SAR PARAQ Costa vai embarcar para mais um salto operacional de abertura manual. À direita o Sargento-Chefe Pára-quedista Lopes, instrutor de queda-livre, ao fundo (fatos negros) uma patrulha de salto das Operações Especiais de Lamego. [1]

Tancos, Janeiro de 2011, o JCET 2011 está em curso. Um SOGA da Companhia de Precursores, o Primeiro-Sargento Costa, vai embarcar para mais um salto operacional de abertura manual. À direita o Sargento-Chefe António Lopes, instrutor de queda-livre, ao fundo (fatos negros) uma patrulha de salto das Operações Especiais de Lamego.

Este exercício “Joint & Combined Exercise Training” (JCET) permitiu a realização de diversas actividades de treino operacional na qual estiveram envolvidas forças e meios dos três ramos das Forças Armadas Portuguesas e dos EUA. Aqui apresentamos imagens apenas da sua fase aeroterreste, mas outras e bem importantes tiveram lugar longe do nosso alcance!
Foi uma oportunidade pouco vulgar – que já não se realizava há vários anos – para colocar lado a lado: militares portugueses do Destacamento de Acções Especiais do Corpo de Fuzileiros da Marinha; da Companhia de Precursores da Escola de Tropas Pára-quedistas e Elementos de Operações Especiais do Centro de Tropas de Operações Especiais, ambos da Brigada de Reacção Rápida do Exército; meios aéreos e navais da Marinha e meios aéreos da Força Aérea. A Marinha dos EUA enviou SEALs (Sea Air Land) e SWCC (Special Warfare Combat Crew) e um MC-130H Combat Talon II do 352º Esquadrão de Operações Especiais da Força Aérea dos EUA.
A coordenação deste JCET 2011 foi uma responsabilidade, pela parte portuguesa, do Quartel-General de Operações Especiais (QGOE do Estado-Maior General das Forças Armadas) e pelos americanos do Special Operations Command Europe (SOCEUR) comandado pelo Maj. Gen Michael Repass.

O destacamento das Operações Especiais de Lamego, efectuou saltos automáticos com pára-quedas idênticos aos manuais (SOV3). [2]

O destacamento das Operações Especiais de Lamego, efectuou saltos automáticos com pára-quedas idênticos aos manuais (SOV3).

Bela imagem de um salto sobre Tancos.  Os militares das operações especiais (CTOE) saltaram a 5.000 pés - 1.500m - com os SOV 3 preparados para abertura automática (note-se a tira extractora vermelha ligada à aeronave). [3]

Bela imagem de um salto sobre Tancos. Os militares das operações especiais (CTOE) saltaram a 5.000 pés - 1.500m - com os SOV 3 preparados para abertura automática (note-se a tira extractora encarnada ligada à aeronave).

Como se pode ver bem nesta imagem a "asa" deste SOV3 automático é idêntica às dos manuais. [4]

Como se pode ver bem nesta imagem a "asa" deste SOV3 automático é idêntica às dos manuais.

Patrulha de salto do Destacamento de Acções Especias embarca para um salto de treino operacional com pára-quedas SOV 3 de abertura manual. Os Sargentos-Chefes Pára-quedistas Luis Pina e Lopes acompanham o destacamento. [5]

O Destacamento de Acções Especiais da Marinha embarca para um salto de treino operacional com pára-quedas SOV 3 de abertura manual. Os Sargentos-Chefes Luís Pina e António Lopes, instrutores de queda-livre, acompanham o destacamento.

Elementos do DAE lançam-se no espaço em queda-livre a partir do C-130 da USAF. [6]

Elementos do DAE lançam-se no espaço em queda-livre a partir do C-130 da USAF.

Antes do embraque, últimos ajustes no equipamento para os militares americanos. [7]

Antes do embarque, últimos ajustes no equipamento para os militares americanos.

Sargento dos SWWC da Marinha dos EUA. [8]

Sargento dos "Special Warfare Combat Crew" da Marinha dos EUA.

O momento é de concentração, dentro de segundos, em instantes, estes militares estarão no espaço, em queda-livre sobre Tancos. [9]

O momento é de concentração dentro do MC-130 Combat Talon II. Dentro de segundos, estes militares estarão ...

...no espaço em queda-livre sobre Tancos. [10]

...no espaço em queda-livre sobre Tancos.

Após o salto os militares americanos dobram os sesu pára-quedas junto à placa de embarque da antiga Esquadra 502. [11]

Após o salto os militares americanos dobram os seus pára-quedas junto à placa de embarque da antiga Esquadra 502.

O exercício destinou-se a “melhorar o relacionamento entre as forças de operações especiais portuguesas e americanas e aperfeiçoar a interoperbilidade entre ambos“, declarou ao “Operacional” o major Gregory do SOCEUR. Isto foi feito através de uma série de actividades nomeadamente os saltos em pára-quedas de abertura manual em Tancos, pelas diferentes forças especiais americanas presentes, por Saltadores Operacionais a Grande Altitude da Companhia de Precursores do Exército e do Destacamento de Acções Especiais da Marinha, e de saltos de abertura automática (embora com pára-quedas idênticos aos manuais) pelos militares do Centro de Tropas de Operações Especiais.
Questionado sobre o motivo pelo qual o JCET voltou a Portugal depois de um interregno tão grande, Gregory declarou “…o treino actual ocorreu porque surgiu essa oportunidade, mas o desafio para um compromisso mais regular acontece porque estamos a expandir bastante os nossos esforços no sentido de efectuar estes treinos com um maior número de países. Não nos é possível contudo efectuar tantos exercícios com os nossos aliados como gostaríamos…“.

Dois SOGAs portugueses verificam o equipamento para mais um salto. À esquerda o Primeiro-Sargento Pára-quedista Rodrigues e à direita o Primeiro-Sargento Pára-quedista Costa.

Dois SOGAs portugueses verificam o equipamento para mais um salto. À esquerda o Primeiro-Sargento Rodrigues e à direita o Primeiro-Sargento Costa.

Os Primeiros-Sargentos Pára-quedistas Lopes, Basílio e Ramalho, equipados com o SOV-3, kit de oxigénio, carga e espingarda Galil. [12]

Os SOGAs, Primeiros-Sargentos Lopes, Basílio e Ramalho, equipados com o SOV3, kit de oxigénio, carga e espingarda Galil.

Já com o "Talon II" pronto a descolar o Instrutor de Queda-Livre, Sargento-Ajudante Hermes Mateus, equipado com um pára-quedas Stilletto 150, ajusta o equipamento do Primeiro-Sargento Costa. [13]

Já com o "Talon II" pronto a descolar o Instrutor de Queda-Livre, Sargento-Ajudante Hermes Mateus, equipado com um pára-quedas Stiletto 150, ajusta o equipamento do Primeiro-Sargento Costa.

Dois SOGAs portugueses abandonam a aeronave. No tempo que vão passar em queda-livre, devem voar de modo manter o corpo estabilizado, equilibrando a carga que transportam, permitindo a abertura do pára-quedas em boas condições. [14]

Dois SOGAs portugueses abandonam a aeronave. No tempo que vão passar em queda-livre, devem voar de modo manter o corpo estabilizado, equilibrando a carga que transportam, permitindo a abertura do pára-quedas em boas condições.

Após a aterragem os SOGAs, desejavelmente perto uns dos outros, desiquipam o pára-quedas, e podem iniciar a sua missão no terreno. [15]

Após a aterragem os SOGAs, desejavelmente perto uns dos outros, podem iniciar a sua missão no terreno.

Instrutores de queda-livre portugueses no momento exacto em que saltam pela rampa da aeronave. [16]

Instrutores de queda-livre portugueses no momento exacto em que saltam pela rampa da aeronave...

E escaço um par de segundos depois de se encontrarem em queda-livre [17]

...e um escasso par de segundos depois de se encontrarem em queda-livre.

Além da componente aeroterrestre que Alfredo Serrano Rosa acompanhou em Tancos e cujas imagens aqui apresentamos, o JCET 2011, desenrolou-se também em ambiente aquático e terrestre noutras regiões de Portugal, havendo partes do exercício levadas a cabo apenas pelo DAE, SEALs e SWCC e outras em que os elementos de operações especiais de Lamego, do CTOE, também participaram.
Segundo o mesmo porta-voz do SOCEUR, além do treino de procedimentos de comando e controlo, realizaram-se diversos tipos de temas tácticos, operações anfíbias e acções mais “técnicas” com clara predominância para as que têm aplicação no meio aquático e nas zonas de costa com utilização de helicópteros e lanchas de assalto. Tiro “sniper”, infiltrações e extracções sob pressão do”inimigo”, tiro de combate também foram executados.
Não é difícil deduzir que nesta parte do exercício que decorreu na região a Sul de Lisboa e costa Vicentina, o combate ao terrorismo em meio aquático e nas zonas costeiras foi o “prato forte” deste JCET 2011.

O MC-130 Talon II do   que esteve em Tancos a apoiar o JCET 2011. [18]

O "MC-130H Combat Talon II" do 352º Esquadrão de Operações Especiais da Força Aérea dos EUA que esteve em Tancos a apoiar o JCET 2011...

...trata-se de uma das mais evoluídas versões do "velho" C-130, especialmente equipado para missões especiais. [19]

...trata-se de uma das mais evoluídas versões do "velho" C-130, especialmente equipado para missões especiais.

Allan J. Katz, embaixador americano no nosso país, esteve em Tancos onde foi recebido pelo Major-General Raúl Cunha Comandante da BrigRR e visitou o exercicio. [20]

Allan J. Katz, embaixador americano no nosso país, esteve em Tancos onde foi recebido pelo Major-General Raúl Cunha Comandante da BrigRR e visitou o exercício.

As condições que estão a ser criadas em Tancos no âmbito do projecto do Exército Português "Centro de Excelência Aeroterrestre" não terão passado despercebidas aos seus últimos utilizadores: o SOCEUR

As condições que estão a ser criadas em Tancos no âmbito do projecto do Exército Português ,"Centro de Excelência Aeroterrestre", não terão passado despercebidas aos seus últimos utilizadores: o SOCEUR

Nunca será demais recordar que Portugal não só tem uma extensa costa no Continente, como dois Arquipélagos no Atlântico com mais de uma dezena de ilhas e, potencialmente, cada vez mais interesses económicos “no Mar”. O treino de acções especiais nas ilhas tem aliás sido praticado ao longo dos anos de modo autónomo pelas forças portuguesas envolvidas neste JCET. Acresce que na enorme extensão de Oceano à nossa responsabilidade navegam diariamente numerosos navios, a generalidade em actividades comerciais, mas alguns outros em práticas criminosas e que a Marinha e Força Aérea Portuguesas têm participado em muitas operações “anti-droga” no Atlântico e nos esforços da comunidade internacional para conter a pirataria nas águas do Índico.


"Poucos tantos guiam" é o lema do QGOE.

"Poucos tantos guiam" é o lema do QGOE.

Quartel-General de Operações Especiais
O QGOE por vontade própria tem passado relativamente despercebido no contexto do sistema de forças nacional, e mesmo no meio militar permanece algo ignorado. Como em tudo o mais nesta vida, isto tem vantagens e inconvenientes. Quer para as missões que se espera venha a cumprir quer para a noção que a opinião pública (portuguesa e mesmo internacional) tem das capacidades nacionais. Não será agora o momento para aprofundar a temática mas sendo esta a entidade com especiais responsabilidades neste JCET, não podia o “Operacional” deixar de dar a conhecer aos nossos leitores alguma coisa do QGOE.
Sobre os comandos estrangeiros empenhados no exercício os links que abaixo indicamos são bem esclarecedores, quanto ao QGOE, aqui fica a nossa informação.
O Ministro da Defesa Nacional, Paulo Portas, no decurso de uma reunião informal com os seus congéneres da União Europeia, ofereceu a disponibilidade portuguesa para contribuir com um “Combine Joint Special Operations Task Force Head Quarters“. Tratava-se de colmatar uma das lacunas que a UE então apresentava, e a intenção foi formalizada depois em Novembro de 2002, na reunião do Conselho de Assuntos Gerais da União Europeia, para estar operacional no final do ano seguinte. Não existindo nada disto entre nós havia que o “levantar”. Foi constituído um grupo de trabalho conjunto para estudar o assunto e o Almirante Mendes Cabeçadas, CEMGFA, determinou assim no primeiro quadrimestre de 2003 a constituição do “Núcleo Permanente do Combine Joint Special Operations Task Force Head Quarters“, para ser instalado em Oeiras, no interior da unidade do Exército ali aquartelada. Seguiu-se nova orientação do mesmo CEMGFA para estudar como inserir esta capacidade no Conceito Estratégico Militar então em elaboração, e que abordava já de modo claro as novas ameaças e as necessidades de acção conjunta. Assim em 2004 esta capacidade  passou a constar neste documento que pela primeira em Portugal definiu o chamado “nível de ambição” para as forças navais, terrestres e aéreas, o que podemos traduzir sem grande preocupação de rigor doutrinário por, “o conjunto máximo de capacidades militares que deveríamos ter”, tendo em conta a realidade nacional.
Detalhes deste processo e as capacidades previstas para o QGOE podem ser lidos aqui: Projecto para o Levantamento do Quartel General de Operações Especiais – Combined Joint Special Operations Task Force HQ (CJSOTF HQ). [21]
Como tudo o que é conjunto em Portugal não é nada fácil de concretizar e as verbas para este órgão não estavam previstas – foi necessário esperar pela Lei de Programação Militar – as coisas foram andando devagar. Mas alguma coisa se fez e como é também bem típico nosso, as pessoas envolvidas empenharam-se nesta nova capacidade nacional. Lutaram por ela. Previsto inicialmente para 2004 só em 2005 o Núcleo Permanente arrancou e foi sendo dotado com pessoal e algum equipamento de comando e controlo. O QGOE e/ou os seus quadros participaram em vários exercícios  nacionais “Lusíada” e em alguns internacionais como o “Stedfast Jaguar” e também em operações como a missão da União Europeia na RD Congo.
Finalmente a Lei Orgânica do EMGFA, Decreto-Lei n.º 234/2009 de 15 de Setembro, insere o QGOE na dependência do Comando Operacional Conjunto (COC/EMGFA). Mantém-se aquartelado em Oeiras, está comandado actualmente pelo coronel do Exército, Martins Veloso, oriundo do CTOE (Lamego) e ali trabalham elementos dos três ramos.

O QGOE teve um nascimento e desenvolvimento nada fácil. Pessoas e equipamentos (de comando e controlo) foram chegando e alguma experiência foi sendo acumulada. Mas não haja grandes ilusões, nesta como em outras capacidades nacionais, só a cooperação internacional e acima de tudo a intervenção real conduz ao "estado da arte".

O QGOE teve um nascimento e desenvolvimento nada fácil. Pessoas e equipamentos (de comando e controlo) foram chegando e alguma experiência foi sendo acumulada. Mas não haja grandes ilusões, nesta como em outras capacidades nacionais, só a cooperação internacional regular e, acima de tudo, a intervenção real, conduz ao "estado da arte".

Quer ler a legislação sobre o Quartel-General de Operações Especiais? Veja o site do EMGFA, aqui! [22]

Quer saber mais sobre “Comando e Controlo no Emprego das Forças de Operações Especiais”? Veja aqui! [23]

Quer saber mais sobre os US NavY SEALS e os US Special Warfare Combat Crew? Veja o seu site oficial aqui! [24]

Quer saber mais sobre o Comando (americano) de Operações Especiais na Europa? Veja aqui o seu site oficial! [25]