THE UNSEEN ENEMY, Improvised Explosive Devices and their impact: First-hand accounts from Afghanistan, foi o tema de uma interessante exposição que esteve patente no National Army Museum, em Londres. O assunto tem características dramáticas, bem o sabem muitos militares portugueses que foram vítimas deste tipo de artefactos sobretudo na guerra do antigo Ultramar mas também nas missões de apoio à paz, e esta abordagem ao tema, especialmente na parte respeitante ao impacto nas pessoas, é no mínimo, inovadora.
[1]Interessante do ponto de vista técnico e operacional, mas também muito tocante pela sua componente relativa aos efeitos destes artefactos explosivos, no fundo os da guerra em geral.
A exposição toca um assunto que não sendo novo, muito menos para os militares britânicos, os quais só para falar no século XX e XXI têm estado quase permanentemente envolvidos em conflitos onde minas e armadilhas são uma constante, basta pensar na Irlanda do Norte e mais recentemente nas Falklands, Balcãs, guerra do Golfo e Iraque, teve especial impacto no Afeganistão. E é exactamente neste conflito que envolveu os militares britânicos durante mais de uma década, que a exposição está centrada.
A exposição, temporária, que o National Army Museum acolheu, estava dividida em três blocos.
Uma introdução aos conceitos de IED, Explosivos Improvisados, aqueles que sendo muitas vezes únicos no mundo, obra do seu criador, dificultam a sistematização do modo como com eles lidar, muito mais perigosos em regra, segundo este ângulo, do que por exemplo, as minas fabricadas em série e que são estudadas por sapadores e mesmo militares em geral, conhecendo-se em detalhe as suas características.
Seguia-se a abordagem ao teatro de operações do Afeganistão e o modo como os militares britânicos ali lidaram com esta ameaça que se tornou uma das principais armas dos insurgentes. Que equipamentos foram sendo introduzidos – uma enorme panóplia de tecnologia foi testada e colocada ao serviço para salvar gente – e as técnicas mais usadas para tentar evitar ou neutralizar este tipo de explosivos particularmente perigosos e causadores de bastantes mortos e estropiados.
Terminava a exposição com a parte mais sensível e certamente das menos vistas em museus militares e exposições. Muito “terra-a-terra”, não escondendo os dramas humanos que a guerra em geral e muito em especial esta faceta dos IED provoca, designada o Impacto dos IED. Aqui, com uma forte componente médica, podíamos ver não só relatos filmados do campo de batalha, dos efeitos dos IED, como todo o longo e doloroso caminho para a recuperação do ferido, quer em termos “técnicos” quer emocionais, desde o ferimento provocado pela explosão do IED no Afeganistão até meses e anos depois no Reino Unido, nas instituições de apoio, passando pelos momentos iniciais de apoio médico, evacuação e os diferentes tratamentos médicos.
[2]Os militares ingleses tem uma longa e continuada actividade operacional ligada aos artefactos explosivos.
[3]Juntamente com os IED outros dos principais símbolos da guerra no Afeganistão.
[4]O conflito no Afeganistão originou em alguns países, como no Reino Unido, um desenvolvimento exponencial das capacidade tecnológicas em termos de muitos equipamentos e também nesta faceta. Na imagem, à direita, o Honeywell T-Hawk Unmanned Aircraft, usado para voar à frente das coluna e inspeccionar com os seus sensores a existência de IED. No extremo esquerdo da foto uma protecção pélvica (calções negros) para uso habitual do homem que ía na frente de uma coluna ou empregava um detector.
[5]Os cães foram empregues em muitas funções no Afeganistão e também para detectar explosivos e armadilhas. Neste caso especifico o cão usa um arnês onde transporta os seus próprios medicamentos.
[6]A panóplia tecnológica dedicada a esta actividade é enorme assenta, em protecções, robots e equipamentos electrónicos que permitem aos operadores actuar em cada vez maior segurança.
[7]Em determinadas situações os equipamentos ajudam e muito mas não substituem o homem, o sapador, aquele que tem que correr os riscos inerentes a esta especialização.
[8]A exposição incluía um curioso cenário, uma rua no Afeganistão, onde estavam espalhados diversos “artigos” que o visitante era convidado a identificar se sim ou não seria perigoso.
[9]E, no final, a solução!
[10]Diagrama que mostra o conjunto de procedimentos que os serviços de saúde do Exército Britânico executavam perante uma explosão com feridos. Desde o militar que assiste o ferido através de cuidados de emergência médica e respectivos itens de equipamento, até ao hospital no Reino Unido.
[11]Desde o militar que assiste o ferido através de cuidados de emergência médica e respectivos itens de equipamento, até ao hospital no Reino Unido. Seguia-se outro quadro seguia-se outro, com os cuidados até 5 anos depois, e…para o resto da vida. Muitas lesões, nunca abandonam a vitima.
[12]A contagem decrescente da emergência médica em combate (9-liner é no Reino Unido o formato da mensagem que pede evacuação aeromédica).
[13]Um posto de socorros regimental em operações.
[14]Passavam vários vídeos de evacuações reais, alguns com imagens vem duras de ver.
[15]O que a tecnologia hoje já consegue fazer em termos de próteses.
[16]
[17]E esta?
[18]Um diagrama que ilustra bem o impacto dos IED quer nos civis afegão quer nos militares ingleses e como instâncias nacionais e internacionais lidam com o problema.
[19]O “preço humano” a pagar é tremendo e no Afeganistão atinge números bem expressivos, que vão continuar a marcar esse país e os seus habitantes.
[20]No Reino Unido apesar do empenho do Estado, mesmo assim, parte do apoio de longo prazo aos militares feridos (e vitimas de stress de guerra) cabe a organizações da sociedade civil.
[21]Relembrando o Sacrifício e a Bravura! À esquerda, os condecorados por acção contra-IED e por actos médicos em campanha.A direita, os caídos em acção de contra-IED ou em acção de socorro médico.