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MORREU O PÁRA-QUEDISTA MILITAR Nº1 BRASILEIRO: GENERAL-DE-DIVISÃO ROBERTO DE PESSÔA

Cerca das 02:00 horas do dia 17 de Setembro, pp., faleceu no Hospital do Amparo, cidade do Rio de Janeiro, o pára-quedista militar nº1 brasileiro, General-de-Divisão ROBERTO DE PESSÔA.

Com 100 anos de idade, esta figura militar ficará para sempre na história como o pioneiro, e/ou o “introdutor do pára-quedismo militar na República Federativa do Brasil”.

ROBERTO DE PESSÔA: general, pára-quedista nº1 e introdutor do pára-quedismo militar no Brasil. (Foto General Roberto De Pessôa via autor/1992) [1]

ROBERTO DE PESSÔA: general, pára-quedista nº1 e introdutor do pára-quedismo militar no Brasil. (Foto General Roberto de Pessôa via autor/1992)

Nascido a 25 de Fevereiro de 1910 na capital paraibana, e depois de terminar os estudos liceais, frequenta a Escola Militar do Realengo onde é declarado, a 22DEC1932,  Aspirante-A-Oficial da Arma de Infantaria.

Promovido a 1ºTenente em 24AGO1934, frequenta no ano seguinte a Escola de Educação Física do Exército, curso que lhe permitiu em 1936, viajar para Berlim como membro do Comité Olímpico Brasileiro, na condição de Subchefe da Delegação de Estudantes de Educação Física no Congresso Internacional de Educação Física que se desenrolou paralelamente aos Jogos Olímpicos de 1936.

É durante esta viagem que nele despontam os primeiros sintomas de paixão pelas actividades aeronáuticas que resultou num pedido apresentado ao Ministro dos Desportos da Alemanha, General Von Tschammer, para visitar um aquartelamento de tropas pára-quedistas.

A resposta resultou, com aprovação do Ministro da Guerra brasileiro, General Eurico Dutra, na frequência de um Curso de Pilotos de Planadores, ministrado na Ilha de Sylt (mar do Norte da Alemanha).

Após este primeiro contacto prático com a “vida aeronáutica”, regressou ao Brasil (1937) onde foi prestar serviço no 14º Regimento de Infantaria (S.Gonçalo-RJ), e onde permaneceu em diversos serviços e actividades com passagem, também, pela cidade do Recife.

Em 2 de Julho de 1944 parte para Fort Benning (EUA) onde frequenta um Curso de Pára-quedismo, entre outros de cariz aeroterrestre. De regresso ao Brasil (22MAR1945), é colocado no Estado-Maior do Exército para cooperar nos estudos sobre UNIDADES AEROTERRESTRES, complementando copioso relatório sobre uma proposta de criação de uma ESCOLA DE PÁRA-QUEDISTAS nas Forças Armadas do Brasil.

Em 20NOV1945 comanda um grupo de 15 oficiais e 7 sargentos – mais tarde apelidados de PIONEIROS – que integrados na Comissão Militar Brasileira nos EUA, frequentam um Curso Básico Pára-quedista na «PARACHUTE SCHOOL – Fort Benning».

De 19JUN1946 a 29AGO1946 comanda o Corpo de Alunos do NÚCLEO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO DE PÁRA-QUEDISTAS, função que reassume em 25JAN1947. Deixa o comando do NÚCLEO para desempenhar as funções de Oficial do Gabinete do Ministro da Guerra.

Em 1957 regressa ao seio dos seus “pára-quedistas”, tendo sido nomeado (12JUN1958) Comandante do Batalhão Pára-quedista «Santos Dumont», actualmente designado por 26º Batalhão de Infantaria Pára-quedista.

É promovido ao posto de Coronel em 28 de Dezembro de 1959.

Em 1966 passou à situação de reserva, e como consequência dessa situação é promovido ao posto de General-de-Brigada. Decorrente da sua inactividade profissional é promovido ao posto de General-de-Divisão.

Nos anos sessenta e por imperativos inerentes ao seu posto, sempre na qualidade de convidado, desempenha inúmeros cargos e tarefas de cariz público, tendo merecido os mais rasgados elogios que se traduziram em inúmeras condecorações nacionais e estrangeiras.

Figura muito respeitada na Brigada de Infantaria Pára-quedista do Exército Brasileiro foi sempre alvo de uma atenção muito especial e que importa assinalar: sempre que respondia afirmativamente aos convites para participar nas cerimónias da Brigada, antes do inicio das mesmas, era anunciado às forças em parada e demais convidados que «…ESTÁ PRESENTE O GENERAL ROBERTO DE PESSÔA, PÁRA-QUEDISTA Nº1 E INTRODUTOR DO PÁRA-QUEDISMO MILITAR NO BRASIL.»

2010: o General ROBERTO DE PESSÔA numa das suas últimas aparições públicas na Brigada de Infantaria Pára-quedista. (Foto da Bda Inf Pqdt) [2]

2010: o General ROBERTO DE PESSÔA numa das suas últimas aparições públicas na Brigada de Infantaria Pára-quedista. (Foto da Bda Inf Pqdt)

UM ENCONTRO PARA A HISTÓRIA

Em 1992 tive a rara oportunidade de conhecer pessoalmente o General-de-Divisão ROBERTO DE PESSÔA, na sua residência privada situada na Avenida Rui Barbosa, cidade do Rio de Janeiro.

Neste encontro pessoal, prova de uma incomensurável gratidão histórica, tomei conhecimento de alguns factos vividos por este HOMEM e PÁRA-QUEDISTA MILITAR que o ligarão, também, e para sempre, à história dos pára-quedistas militares portugueses: o General-de-Divisão ROBERTO DE PESSÔA foi o primeiro militar estrangeiro a quem o nosso recém-criado Batalhão de Caçadores Pára-quedistas (BCP) concedeu o primeiro distintivo de pára-quedista militar honorário português com o diploma número 303.

O primeiro distintivo de pára-quedista militar honorário português (nº 303) foi outorgado ao General ROBERTO DE PESSÔA. (Col. António E.S. Carmo) [3]

O primeiro distintivo de pára-quedista militar honorário português (diploma nº 303) foi outorgado ao General ROBERTO DE PESSÔA. (Col. António E.S. Carmo)

Igualmente, honrou-nos com uma visita a Tancos, onde efectuou um salto do “velho e romântico” JUNKER JU-52, e onde proferiu, perante numerosa plateia composta por oficiais pára-quedistas, uma eloquente palestra subordinada ao tema «TROPAS PÁRA-QUEDISTAS – ESTUDO E PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO».

É imperioso recordar que foi esta passagem pelo BCP que, mais tarde, permitiu a Portugal enviar oficiais e sargentos para frequentarem cursos aeroterrestres em terras brasileiras.

Para terminar este dia histórico de convívio pessoal, o General-de-Divisão ROBERTO DE PESSÔA, não esqueceu os seus camaradas pára-quedistas lusitanos, e aproveitou o momento para redigir “uma mensagem” que orgulhosamente transportei, e registei em artigo pessoal publicado no órgão oficial das Tropas Pára-quedistas Portuguesas – a revista “BOINA VERDE” – e que se reproduz na íntegra como uma última homenagem a este pára-quedista militar que ficará eternamente na memória das tropas pára-quedistas brasileiras.

Um dos últimos contactos do General ROBERTO DE PESSÔA com os pára-quedistas portugueses foi expresso na Revista «BOINA VERDE» em 1992. [4]

Um dos últimos contactos do General ROBERTO DE PESSÔA com os pára-quedistas portugueses foi expresso na Revista «BOINA VERDE» em 1992.

Mais informação sobre o pára-quedismo militar brasileiro pode ser lida em:

O PRIMEIRO DISTINTIVO DE QUALIFICAÇÃO PÁRA-QUEDISTA MILITAR BRASILEIRO