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GRUPO ESPECIAL DE PROTECÇÃO (SÄRSKILDA SKYDDSGRUPPEN – SSG) DAS FORÇAS ARMADAS DA SUÉCIA

bandeira-suecia

PRÓLOGO DO AUTOR

As FORÇAS ARMADAS suecas têm(1) ao serviço da Nação duas unidades aeroterrestres com provas dadas de grande dedicação e profissionalismo.

Falamos da mais antiga unidade especial (activada em 1952): a FALLSKÄRMSJÄGARNA (CORPO DE PÁRA-QUEDISTAS) e da FALLSKÄRJÄGARSKOLAN (ESCOLA DE PÁRA-QUEDISMO), vulgarmente conhecida pela sigla “FJS” e sedeada em Karlsborg.

Nas últimas duas décadas, estas duas unidades pára-quedistas sofreram alterações orgânicas, administrativas e operacionais fruto de reestruturações operadas nas Forças Armadas, mas também impostas pelas novas e melhores tecnologias que servem para lutar contra ameaças cada vez mais sofisticadas.

Neste âmbito, mas tendo sempre presente a sua extensão territorial e o contexto político na qual opera, e que impõe certas limitações ao modelo de forças especiais que pode ser desenvolvido e usado, as Forças Armadas suecas activaram uma unidade com características de forças especiais : O GRUPO ESPECIAL DE PROTECÇÃO (SÄRSKILDA SKYDDSGRUPPEN), cuja abreviatura no idioma sueco é “SSG“.

É sobre a origem e evolução histórica desta nova unidade pára-quedista, cujas principais tarefas são a recolha de informações e reconhecimento nas missões humanitárias (HUMINT), e a protecção de pessoal e instalações militares suecas, tanto em território nacional, como no estrangeiro que iremos elaborar este breve apontamento, fazendo emergir um pouco da história de uma das duas únicas unidades especiais suecas que tiveram (e têm) um claro e apreciado papel decisivo nos conflitos de baixa intensidade em cuja participação a Suécia e as suas FORÇAS ARMADAS foram envolvidas.

Tendo presente o carácter reservado desta unidade especial, os documentos fotográficos cedidos pelo Ministério da Defesa sueco são escassos, optando-se por fazer a ilustração com fotografias alusivas à formação aeroterrestre, condição mínima exigida para integrar todos os seus quadros.

A formação aeroterrestre é uma das três comuns e obrigatórias para todos os futuros operacionais do «SSG». (Foto da FJS) [1]

A formação aeroterrestre é uma das três comuns e obrigatórias para todos os futuros operacionais do «SSG». (Foto da FJS)

ORIGENS DO SSG

Desenhada organicamente nos anos noventa, o «SSG» é a mais nova unidade de forças especiais ao serviço das Forças Armadas suecas.

Localizada na cidade de Karlsborg, junto da Escola de Pára-quedismo (FJS) tem, nos seus quadros, cerca de 100 militares em permanente actividade operacional.

Recrutados nos três ramos das Forças Armadas, a média de idades cronológica não ultrapassa os 35 anos, e as suas características operacionais têm algumas semelhanças com outras congéneres europeias e norte-americanas ( SAS – Inglaterra e  Força DELTA – EUA ), muito embora o contexto político sueco e a sua participação muito específica na arena internacional, imponham algumas restrições doutrinárias.

Em alerta nacional permanente, e dependente organicamente e operacionalmente do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (Överbefälhavaren, ÖB), o «SSG» já teve participação activa em missões extra-nacionais junto da União Europeia (UE) e Organização das Nações Unidas – ONU.

As mais conhecidas foram na Bósnia-Herzegovina (KFOR), no Afeganistão (ONU/ISAF) e na República Democrática do Congo (UE) em 2006, sob o comando francês(2). Nesta nação africana empenharam um efectivo de 50 militares na segurança e supervisão do conturbado processo eleitoral. Mais recentemente (2008) alguns efectivos da unidade de reconhecimento (SIG) foram empenhados no Chade.

O competente e generoso empenhamento operacional do «SSG» já produziu as primeiras baixas: em 25 de Novembro de 2005, no Teatro de Operações do Afeganistão, numa acção de reconhecimento, morreu em combate, o Sargento JESPER LINDBLOM. Mais tarde, e ainda em consequência desta acção, um dos três feridos (TOMAS BERGKVIST) viria, também, a falecer em 9 de Dezembro de 2005.

Embarque pela rampa numa aeronave C-130 HÉRCULES da Força Aérea com todo o equipamento orgânico. (Foto da FJS) [2]

Embarque pela rampa numa aeronave C-130 HÉRCULES da Força Aérea com todo o equipamento orgânico. (Foto da FJS)

RECRUTAMENTO

Considerando as condições de prestação do serviço militar na Suécia, o recrutamento para integrar os efectivos desta unidade é feito, periodicamente, no seio de todas as unidades dos três ramos da Forças Armadas.

Depois da declaração voluntária (oficiais e sargentos do quadro permanente), a selecção preliminar tem uma duração de duas semanas.

Os testes incluem provas para avaliar a condição física (corrida de 10 km; marcha em estrada de 10 a 25 km; pista de obstáculos; prova de natação com uniforme completo; prova de salvamento em ambiente aquático; prova de força e resistência; prova de orientação diurna e nocturna) e, uma entrevista com o psicólogo. A finalizar, e depois de ultrapassadas todas estas fases, os candidatos têm, ainda, uma entrevista com o Comandante do «SSG».

Excluindo o tempo de preparação especial, os futuros operacionais comprometem-se a uma prestação de serviço no «SSG» de 6 a 12 meses. Poderão permanecer em regime voluntário, sempre que as condições físicas e psíquicas pessoais o permitam.

Instruendos do Curso de Pára-quedismo Militar momentos antes da execução de um salto de abertura automática. (Foto da FJS) [3]

Instruendos do Curso de Pára-quedismo Militar momentos antes da execução de um salto de abertura automática. (Foto da FJS)

INSTRUÇÃO ESPECÍFICA E ESPECIAL

Embora maioritariamente recrutados nas unidades da FJS, ao longo dos 18 meses de instrução consecutiva, os candidatos oriundos dos três ramos das Forças Armadas recebem toda uma instrução comum:

– CURSO DE PÁRA-QUEDISMO MILITAR (ministrado na FJS);

– CURSO DE MERGULHO;

– CURSO DE PROTEÇÃO “VIP”.

Posteriormente são seleccionados para áreas específicas que abrangem as técnicas de infiltração HALO/HAHO; manuseamento de explosivos; auxilio médico-sanitário; atirador especial (sniper); luta antiterrorista.

Com este complexo e variado tipos de instrução, desenvolvidos em diversas partes do território nacional, os operacionais do «SSG» têm, no final do curso, de ficar habilitados a infiltrarem-se (e exfiltrarem-se) por vários meios, tais como: pára-quedismo, mergulho com circuito fechado, diversificados veículos motorizados e embarcações especiais.

À porta da aeronave aguardando a voz de "JÁ". (Foto da FJS) [4]

À porta da aeronave aguardando a voz de "JÁ". (Foto da FJS)

DESENVOLVIMENTO E FUTURO DO SSG

As Forças Especiais suecas, sobretudo devido ao posicionamento político do país, irão (sempre) apresentar algumas restrições nas suas características doutrinárias, administrativas e operacionais.

Uma das limitações operacionais visível, é a frágil capacidade para serem inseridas rapidamente no Teatro de Operações designado, bem como as limitações em pessoal e material. Assim, a sua capacidade de combate é muito limitada no tempo quando empenhadas de forma independente.

Para suprir estas limitações, as Forças Especiais suecas têm dado grande ênfase a acções de reconhecimento (desde 2003 que se aguardava autorização para activar e preparar uma pequena unidade especial de reconhecimento), ajuda humanitária e acções de combate indirecta.

Finalmente, em 2006, foi activada uma pequena unidade especial de reconhecimento: o GRUPO ESPECIAL DE RECONHECIMENTO (SÄRSKILDA INHÄMTNINGSGRUPPEN – SIG).

Uma patrulha de reconhecimento durante um exercício de treino e manutenção. (Foto da FJS) [5]

Uma patrulha de reconhecimento durante um exercício de treino e manutenção. (Foto da FJS)

UNIFORMES E DISTINTIVO DE QUALIFICAÇÃO «SSG»

Os operacionais do «SSG» utilizam todos os uniformes em vigor nas Forças Armadas suecas. Porém, a unidade dispõe de outros muito específicos e para os mais variados tipos de Teatros de Operações, desde climas muito frios até áreas desérticas, sem esquecer os equipamentos para os mais variados tipos de infiltração (pára-quedismo e mergulho).

Podem, dependendo do tipo de missões, operar também em traje civil.

Contudo o elemento aglutinador e que identifica de forma singular os elementos desta unidade especial é o distintivo(3) de qualificação exclusivo do «SSG» (ver texto específico).

Um pequeno alto durante uma marcha de longa distância. (Foto da FJS) [6]

Um pequeno alto durante uma marcha de longa distância. (Foto da FJS)

Um militar do «SSG» no Teatro de Operações do Afeganistão. (Foto cedida por "militarphotos.net") [7]

Um militar do «SSG» no Teatro de Operações do Afeganistão. (Foto cedida por "militarphotos.net")

DISTINTIVO DE QUALIFICAÇÃO

DO

GRUPO ESPECIAL DE PROTECÇÃO

( SÄRSKILDA SKYDDSGRUPPEN – SSG)

Distintivo metálico de qualificação «SSG». [8]

Distintivo metálico de qualificação «SSG».(Foto cedida por J. Wiberg - coleccionador sueco)

O distintivo de qualificação exclusivo do GRUPO ESPECIAL DE PROTEÇÃO (SÄRSKILDA SKYDDSGRUPPEN – SSG) é atribuído pelas Forças Armadas da Suécia aos militares oriundos dos três ramos que concluem, com aproveitamento,  todas as fases do curso, cuja duração total atinge os quinze meses, e cujo denominador comum é o Curso de Pára-quedismo Militar.

Este distintivo corresponde, assim, à qualificação militar específica, e a sua ostentação é um dos actos pelo qual se reconhece que o militar está habilitado a desempenhar funções nesta pequena e muito reservada unidade militar.

A primeira versão do raríssimo distintivo metálico em apreço foi fabricado pela prestigiada firma “AB SPORRONG”, em Solna – Suécia. Esta firma tem filiais, com o mesmo nome, na Finlândia, Estónia e Noruega.

Distintivo em pano, bordado, de qualificação «SSG».(Foto cedida por J.Wiberg - coleccionador sueco) [9]

Distintivo em pano, bordado, de qualificação «SSG».(Foto cedida por J.Wiberg - coleccionador sueco)

NOTAS

(1) – Em 2006 foi activada uma unidade especial de reconhecimento com a designação oficial de SÄRSKILDA INHÄMTNINGSGRUPPEN – SIG (GRUPO ESPECIAL DE RECONHECIMENTO).

(2) – Publicado em www.thelocal.se/3508/ [10] em 8 de Abril de 2006.

(3) – O distintivo de qualificação pára-quedista das Forças Armadas suecas é a tradicional “águia dourada”. É um dos poucos distintivos que não possui “asas” no seu desenho heráldico. Oportunamente será objecto de estudo histórico na rúbrica “INSÍGNIAS E DISTINTIVOS”.

N.A.: O autor agradece a colaboração possível e oficiosa enviada por militares do «SSG» que conhece de contactos profissionais e do mundo do coleccionismo de insígnias militares. Igualmente agradece ao Ministério da Defesa da Suécia, a autorização do uso de fotografias alusivas à formação aeroterrestre (FJS) e que constitui o principal material de ilustração, devido ao carácter reservado das actividades do «SSG». Acresce que a formação aeroterrestre é uma das três comuns a todos os operacionais do «SSG».


SUPORTE DOCUMENTAL

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS:

– MAGNUS, Novell and Karin Stroberg, SPECIAL FORCES IN INTERNATIONAL OPERATIONS,  CHALLENGE FOR THE FUTURE, 18 páginas.

PUBLICAÇÕES ELECTRÓNICAS:

(O leitor poderá encontrar nos sítios electrónicos abaixo referenciados, alguma informação oficial sobre o SSG no idioma sueco, e em inglês)

http://www. [11]mil.se

http://www.fallskarmsjagarna.org [12]

http://www.k3.mil.se/article.php?id=16436 [13]

http://www.mil.se/article.php?id=10142 [14]

http://www.mil.se/en/Organisation/Special-forces-units/ [15]

http://www.mil.se/attachments/uttagningstest_ssg07_v1.pdf [16]

http://www.mil.se/sv/Nyheter/centralanyheter/Artemis-utreds-igen/Operation-Artemis/ [17]

http://www.mil.se/sv/Nyheter/centralanyheter/Konteramiral-Ericsson-och-overste-Alm-aterinsatts/ [18]

http://www.mil.se/sv/I-Sverige/Specialforband/ [19]

http://www.mil.se/upload/Rekrytering/Ansokan_FMSF.pdf [20]