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FALKLANDS 30

Por • 8 Out , 2012 • Categoria: 08. JÁ LEMOS E... Print Print

No ano em que se assinalam 30 anos sobre o conflito entre o Reino Unido e a Argentina, apresentamos hoje “FALKLANDS, UNTOLD STORIES OF THE WAR IN THE SOUTH ATLANTIC, 30TH ANNIVERSARY SOUVENIR ISSUE”.

30 anos depois, uma edição comemorativa do conflito nas Falklands.

30 anos depois, uma edição comemorativa do conflito nas Falklands.

Trata-se de uma revista profusamente ilustrada, com 17 artigos sobre a guerra, parte importante das quais são sobre factos raramente abordados em público, baseados em declarações de quem ali combateu. Este é desde logo o primeiro aspecto de interesse, mas também o será esta edição incluir não só fotografias já conhecidas (explicadas), com muitas outras de arquivos pessoais que só agora são divulgadas.

A revista é ainda valorizada com a inclusão de várias ilustrações da autoria de Daniel Bechennec, reconstituindo combates que tiveram lugar mas dos quais não há fotografias. Mapas dos locais em causa são também incluídos permitindo uma melhor compreensão as acções em causa.
De todos os artigos destacamos alguns, apenas porque nos despertaram mais a atenção, não querendo com isto menorizar os restantes.

Desde logo o inicial (17 páginas), com uma CRONOLOGIA muito detalhada do período entre 1 de Março de 1982, com uma escalada da tensão politica e 20 de Junho do mesmo ano, data em que o Reino Unido declarou o fim das hostilidades depois de ter desembarcado e ocupado as Ilhas Sandwich do Sul, que ainda tinham uma pequena guarnição argentina. Recorda-se que após incidentes na Geórgia do Sul, as forças especiais argentinas atacaram as Falklands em 2 de Abril de 1982 dando inicio à operação “Rosario”, a ocupação pela força do arquipélago; em 21 de Abril elementos dos SAS britânicos são infiltrados na Geórgia do Sul e a 26 esta pequena ilha rende-se; nos primeiros dias de Maio iniciam-se vários combates aeronavais com baixas de ambos os lados nas “zona de exclusão” das Falklands; em 21 de Maio tem lugar o primeiro desembarque das forças britânicas na ilha principal (na Baía de São Carlos); a 14 de Junho a guarnição argentina rende-se em Port Stanley, a capital do arquipélago.

Depois dois artigos sobre operações clandestinas uma por parte dos argentinos outra dos britânicos. TARGET GIBRALTAR: OPERATION ALGECIRAS, relata a tentativa argentina de neutralizar navios britânicos na Europa, impedindo assim que se juntassem à força que rumaria a Sul. Depois de abandonada a ideia de atacar mesmo no Reino Unido, a atenção dos argentinos virou-se para Gibraltar, onde se deveriam sabotar – com mergulhadores – navios e mesmo destruir depósitos de munições e combustível em terra, naquele que foi um dos grandes pontos de apoio das forças britânicas. A operação clandestina iniciou-se a 23 de Abril de 1982 com a chegada a Paris dos sabotadores, seguindo depois Espanha. Acabou com os agentes argentinos detidos – com todo o equipamento de mergulho e explosivos – e repatriados deste país, depois da intervenção dos serviços de informações franceses, britânicos e forças de segurança de Espanha, tendo no entanto estado muito perto de executar ataques à colónia britânica, onde, segundo disseram, chegaram a fazer reconhecimentos.

Em OPERATION CERTAIN DEATH relata-se, sobretudo com base em declarações de um dos intervenientes (piloto helicóptero Sea King HU.4), uma operação levada a cabo na Argentina e no Chile pelos britânicos. Um Sea King descolou do HMS Invencible transportando um destacamento SAS que deveria reconhecer alvos numa base aérea no Sul da argentina onde se supunha estarem os temíveis Super Étendards/Exocet. De acordo com o plano o helicóptero, por impossibilidade de regressar – falta autonomia – seguiria viagem para o Chile onde seria destruído e os tripulantes entregar-se-iam às autoridades deste país neutral. O destacamento SAS não desembarcou na Argentina por duvidar do local e seguiu para o Chile. Aí seguiu a sua missão e o heli, como previsto, rumou à costa alegando falha técnica. Foi destruído pelos tripulantes e estes entregaram-se, sendo repatriados depois de interrogados. Em boa verdade os Super Étendards já não estavam onde se julgava e a região sul da Argentina tinha milhares de soldados em alerta. Além de outras peripécias com o voo, em condições de tempo muito adversas mas que acabou em bem, se os SAS têm desembarcado, certamente caminhavam para…morte certa ou cativeiro.

THE BLACK BUCK RAIDS refere-se às missões de ataque a alvos nas Falklands por bombardeiros Avro Vulcan B.2, voando a partir das Ilhas Ascensão. Estes aviões, assim como meios navais empregues neste conflito, estavam destinados a ser retirados do serviço em…1982! Acresce que, por exemplo, o reabastecimento em voo não era treinado há anos. Os Vulcan estavam vocacionados para efectuar ataques a baixa altitude contra alvos “soviéticos” de alto valor com uma única bomba nuclear, relativamente perto das suas bases, e nunca tinham feito missões de muitas horas sobre o mar. Acresce que agora, para atacar radares móveis, foram instalados, em dias, mísseis nunca usados nem nos Vulcan nem no Reino Unido, o Shrike AGM-45 ARM, discretamente fornecidos pelos EUA. Partiram para a primeira missão sem nunca os ter testado. Entre 30 de Abril e 12 de Junho 14 Vulcan cumpriram 7 missões, atingindo vários objectivos nas ilhas com bombas e misseis, falhando outros, e uma das missões acabou com um Vulcan a aterrar, em emergência…no Brasil.

Todos os artigos são interessantes e recheados quer de fotos da época quer de visitas posteriores ao terreno – por exemplo por antigos militares que ali combaterem e foram homenagear os seus camaradas mortos – quer por fotos actuais dos antigos campos de batalha. Curiosos também os artigos que relatam, por exemplo, o destino de todos os navios britânicos que ali serviram – e lá está com foto actual e tudo o NRP” Bérrio” da Marinha Portuguesa (que em 1982 era o RFA Blue Rover) – e outro sobre os muitos meios aéreos capturados aos argentinos e sua posterior utilização pelos ingleses.

Sem dúvida uma importante obra sobre este conflito nas Falklands – Malvinas para os argentinos – sob o ponto de vista dos britânicos, e com muita informação actual, seja sobre o que realmente aconteceu em muitas acções durante a guerra seja sobre o que hoje se passa no arquipélago, em termos de memoriais, mas também nos efeitos do conflito – por exemplo minas – que ainda se fazem sentir.

A revista tem o formato 21X29,5cm, com 130 páginas, publicada pela “Key Publishing ltd” em 2012. Tem o preço de £6,99 no Reino Unido.

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Em cima à direita o NRP Bérrio" (ex-RFA "Blue Rover") na Base Naval de Lisboa.

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